IX

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Atualmente; Cela da bruxa de circo; não sei que horas são

Xinguei Hécate com todos os palavrões que conhecia. Tanto em inglês quanto em grego antigo.

- Ela usou a névoa para criar uma ilusão do lugar, nos atacou com um labrador enorme, queria nos transformar em uma tropa de elite e agora fez isso! - falei indignada, tentando parar o tempo. - Só eu estou reclamando?

- Nós já reclamamos mentalmente - Will disse. - Mas é bom ver sua tentativa de parar o tempo.

- Eu sei. Nenhum de nós está conseguindo fazer nada. Nem luz, assobios poderosos, viagem nas sombras ou criando plantas.

- Ou fazendo pegadinhas - Peter completou. - Nós vamos sair daqui.

- Claro que sim, quando Hécate nos pegar para atacar o Olimpo. - Nico diz. - Oba!

Um silêncio se formou, minhas tentativas de controlar o tempo, localizar ou até mesmo a hora não adiantavam de nada! Nem armas funcionaram. NADA!

Nossos poderes sumiram como mágica.

... Ba dum tiss!

- Então, vamos falar de coisas aleatórias - diz Helena, depois de minutos sem falar nada. - De onde vocês vieram? Eu sou do México. É, estranho, mas minha avó era da Angola e meu avô mexicano... É complicado.

- Texas - Peter diz. - Newton, para ser mais exato.

- Itália - Nico disse, já que estava com a cara no chão, pareceu mais um jskdInTalia.

- Miami - Beatriz disse brincando com o cabelo.

- Nova York - levantei a mão em gesto de vitória e abaixei, a preguiça tomou conta do meu corpo. Eu tinha que sair daquele lugar, e logo.

- Não lembro - Will diz dando de ombros.

- Como você não lembra? - Helena pergunta,

- Minha mãe é cantora country. Então devo ser daqui ou do Texas - ele e Peter fizeram um high-five. - Quando eu sair, vou fazer aquela deusa recitar as piores poesias até a língua doer.

- É isso aí, meu amigo... Eu vou dar na cara dela! Helena, o que você disse sobre seus poderes mesmo? Controlar ondas de luz?

- Sim, e me adaptar a qualquer ambiente, como agora. Já estive aqui nesta cela antes.

Fiquei observando a parede. Me deitei e a vi de ângulos diferentes, o que foi uma boa brincadeira por dez minutos.

Fechei os olhos, alguém os abriu e dou de cara com Peter.

- Oi.

- Oi, não durma, a não ser se quer ter pesadelos de novo.

- Tem razão, mas eu não posso resistir. É forte demais - falei e nós rimos. - Estou preocupada com minha mãe, com Helena, com o acampamento...

- Você não tem nada com que se preocupar. Podemos estar sobre o domínio de um feitiço causado por Hecate, mas estamos juntos! Isso é o que importa. - Ele deu de ombros. - Sua mãe já devia saber que você se meteria em encrencas, Beatriz e Helena estão conversando e virando amigas, Beatriz cuidará bem delas, o acampamento está seguro e nós vamos arranjar um jeito de sair daqui.

- Poxa, adorei seu discurso.

- Obrigado - se gabou e rimos. - Se quiser dormir, eu fico aqui do seu lado para garantir que ninguém te acorde.

- Isso seria ótimo.

- Tudo bem.

Peter se deitou e olhou para o teto, igual quando fazemos no acampamento observando as nuvens e conversando, o que me fez sentir mais falta de lá. Fechei os olhos e por um milagre dos deuses, não tive nenhum sonho terrível. Só a escuridão.

***

Acordei, abri os olhos e suspirei. Então era mesmo verdade. Estamos na cela da bruxa de circo. A falta de sonho me fez ter uma ideia de como sair daqui, mas seria muito arriscado e estava com medo.

Me levantei, estiquei os braços e fui até as grades de bronze celestial, duras como... Bronze celestial, né.

- Mas que droga! - gritei batendo nas grades. - Era só o que me faltava.

- Calma, Lydia, você não vai resolver nada assim - Will diz com os braços cruzados, sentado no canto.

- Ah, é mesmo? E como espera que a gente saia daqui? Com poderes? Obrigada, garoto Paz e Amor.

- Ei, não chama ele assim, não - Nico protesta.

Reviro os olhos e bato a cabeça nas grades, pensando em um jeito de sair dali. O que eu faço? Como alguém como eu pude ser presa desse jeito?

Eu quero minha mãe, minha faculdade, o acampamento...

- O que a gente faz? - Beatriz pergunta com o braço na frente dos olhos. - Não vamos cavar um buraco né?

- Se você tiver uma barra de cereal, eu aceito - Peter diz. - Tô com fome.

- Mas você odeia.

- E daí? Meu egoísmo não vence da fome.

Beatriz dá de ombros, tira uma barra de cereal do bolso e entrega a Peter.

- Eu quero minha mãe - falei.

- Eu quero minha harpa, minha flauta... - Will diz.

- Eu quero meu pai - Beatriz resmunga. - Argh, porque eu não fui pro Brasil com ele fazer a droga de pesquisa?!

- Gente, se acalmem, ok? - falei e me afastei das grades. - Nós vamos sair daqui, só preciso de um plano... Eu já tenho uma ideia, mas não sei se vai dar certo.

Me virei para a grade. Eu tinha que pensar em alguma coisa. O feitiço pode acabar com todos nós.

Hécate tirou nossos poderes. Hora de jogar o feitiço contra o feiticeiro.

O Feitiço do Tempo | Livro 3Where stories live. Discover now