A Arca

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Eu passei toda minha vida até aqui tentando decifrar o universo, e até hoje ele segue como uma incógnita para mim. O mundo está destruído e nós somos os últimos sobreviventes desta terra podre e morta, que nós mesmos ajudamos a destruir. Meu pai diz que não é bem assim, e que só aconteceu o que tinha que acontecer, mas eu não vejo isso assim.

Meu nome é Ramon, tenho 21 anos e estou passando meus últimos dias aqui na Terra. A NASA está "recrutando" pessoas para serem salvas e levadas para um exo-planeta onde há uma possibilidade de vida. É como se fosse um mini planeta Terra, com condições climáticas perfeitas para nós, mas ainda assim nem todos nós poderemos embarcar.

Os idosos estão fora da lista, e as crianças e jovens doentes também ficarão para morrer, apenas os mais jovens e com saúde perfeita poderão embarcar no que eles chamam de "Arca", mas não restaram outros animais além de nós para serem salvos, todas as espécies foram liquidadas, se não pelo homem, pela força da própria natureza, e não restou nada.

Vivemos em comunidades, pelo que eu saiba há outras espalhadas, mas não sei onde e nem quantas, mas julgando que a penúltima arca partirá desta região, não sei quantas pessoas não sobreviverão. Não queria ter essa desesperança, poderíamos reconstruir nossa casa e fazer a natureza voltar a crescer, mas não nos resta muito tempo, na verdade um meteoro irá se colidir com a Terra. Ele tem uma proporção gigantesca, maior do qual acabou com os dinossauros segundo a NASA, e talvez não haja esperança para uma nova vida depois disso, porque provavelmente não haverá Terra. Já é possível enxergar a olho nu ele se aproximando.

Os dias estavam se tornando mais pesados gradativamente. Com a falta do ar puro, os doentes iam piorando cada vez mais e os alimentos que cultivávamos não era suficiente e ainda tínhamos que dividir, não que dividir era algo ruim, mas era muito pouco, e ainda tínhamos que fazer durar até que pudéssemos colher novamente, e a cada colheita, as verduras, legumes e frutas cresciam menores e sem sabor algum.

A água também é pouca, mas ainda assim conseguimos controlar.

Por causa do clima instável, de manhã fazia muito calor as vezes, e de noite esfriava bastante. Meio-dia nós não saíamos de casa e de noite era proibido abrir uma janela sequer.

As casas não são grandes, possuem apenas 3 cômodos: um banheiro, um quarto e uma cozinha. Ainda assim parece muito pequena desde que minha mãe morreu. Eu ainda escuto meu pai chorar de noite às vezes, é de apertar o coração.

Até meus dez anos de idade, as coisas estavam indo, mas depois elas desabaram como quando alguém sopra num castelo de cartas de baralho.

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