Quando fiquei mais calmo, comecei a entender uma coisa importante, pelo menos eu achava que era. Você não valia de nada se não tivesse o que eles queriam, eu não sei exatamente o que eles querem em alguém, mas eu provavelmente estaria morto se não fosse pelo meu pai, e ele também seria morto em casa depois daquele homem me matar com aquela arma.
Apesar do ódio que estava sentindo, tive que me conter, era arriscado demais fazer qualquer coisa, eles não iriam me perdoar, ou perdoar meu pai. Ele agora era um usurpador.
Reparando melhor aquela aeronave por dentro, percebi que eles tinham uma tecnologia muito bem desenvolvida, era coisa de filme de ficção. Como a aeronave era grande, tinham separado em salas, e eu estava em um lugar confortável, cadeiras fofas que inclinavam para trás se eu quisesse me deitar, as paredes possuíam duas listras que iluminavam o ambiente com uma luz esverdeada, haviam uma espécie de esfera prateada com um buraco no centro, eu não sei se estava certo, mas pareciam ser câmeras. Havia também um armário de duas portas, parecidos com os que tinham na escola quando eu ainda frequentava, não pude deixar a curiosidade de lado, então fui ver o que tinha lá, e quando abri, reparei que haviam quatro mochilas e quatro máscara que parecia ser feito de um plástico transparente bem resistente, talvez fosse para proteger de algum incêndio e as mochilas podiam ser paraquedas, eu não as abri, pois bem na hora a porta que nos fechava lá dentro se abriu, correndo para o lado.
Não sabia se era meu pai ou o outro homem, então não podia esboçar reações precipitadas achando que era meu pai. Fiquei quieto, sério e parado no mesmo lugar. Ele se aproximou de mim.
– Filho, sou eu! – disse, com a voz meio robotizada, provavelmente por causa da máscara.
Eu fiquei aliviado, mas não poderia cair na besteira de ir abraça-lo, ainda estava sendo vigiado pelas câmeras.
– Onde é que está a Peni? – Perguntei.
– Não sei, acho que aquela bruxa a levou com ela, não sei como ela está ou o que estão fazendo com ela.
– Temos que encontrá-la! – eu disse, estava preocupado, tinha que fazer alguma cosia.
– Não tão depressa filho, estamos sozinhos aqui, temos que tomar todo cuidado do mundo. Estou tentando não me encontrar com ninguém, e ficar longe do outro soldado.
– Ele é um soldado? – eu não sabia bem o que eles eram.
– Acho que sim, trabalham para o O.N.A! – meu pai respondeu.
Antes que pudéssemos pensar em alguma coisa, alguém apareceu na porta. Era um homem de jaleco branco, alto e careca, de aparência bem cansada, devia ter por volta dos cinquenta anos, e no seu jaleco tinha bordado um nome: Tulio.
– Que bom que o achei aqui, Rick. – disse Tulio, entrando na sala.
Meu pai se virou para ele, sem responder nada.
– Preciso que leve o garoto para mim na sala de exames. Venha!
Os meus olhos se arregalaram imediatamente, e um desespero bateu no peito. Se ele comprovasse que no exame a minha doença, eu iria morrer.
– Eu quero usar o banheiro. – eu tentei dar alguma investida, mas não sei se daria certo.
– Banheiro? Está bem, mas é uma passada rápida, hein! – disse o homem, concordando.
Talvez desse tempo de pensar em alguma coisa, mas no que?
Nós atravessamos um corredor estreito e em seguida entramos em uma porta onde dizia W.C e tinha um bonequinho em baixo. Enquanto eu fingia abrir as calças, meu pai o pegou pelo pescoço e apontou a arma em sua cabeça.
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A Arca
Science FictionDepois de muitas guerras e eventos causadores de uma cadeia de desastres naturais, o mundo está à beira de sua extinção total. Restam menos da metade da civilização, agrupados em comunidades sustentáveis para tentar sobreviver ao caos. Para...