Capítulo 5

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A peça de teatro correu bem e entretanto uma semana se passou. Eu e o Enzo tínhamos mais química do que nunca. Eu descobri mais coisas sobre ele e ele ao mesmo tempo sobre mim.
Contudo, sempre que eu sentia que realmente éramos próximos e que o que tínhamos podia ser mais do que uma amizade, a mesma voz seca e fria dentro da minha cabeça dizia para não confessar os meus sentimentos pois podiam não ser correspondidos, já que tudo o que eu e ele vivemos podia ser uma ilusão fruto da  paixão que eu nutria por ele. E graças a isso um mês se passou e o que talvez fosse algo mais não evoluiu e agora já parecia tarde demais para expressar sentimentos,apenas a amizade permanecia.
Há quem diga "A seguir a um amor, aparece logo outro", no entanto a questão reside em saber " Há amor como o primeiro?".
Certo dia a Rita insistiu que queria ir a praia comigo e com a Matilde, mais ninguém, era dia de raparigas. A início não era para ir pois já tinha planos feitos com as minhas primas mas elas tiveram um imprevisto e não puderam vir, por isso aceitei a proposta da Rita pois em casa é que eu não ia ficar.
Chegadas à praia e estendemos as toalhas, pouco protetor meti
pois apesar de ser muito loira, eu era também bastante morena e portanto era menos propensa a escaldões. Deitei-me de barriga para cima, o sol emitia uma sensação de ar quente que até dava preguiça de voltar a levantar. De repente, muito séria, a Matilde disse :
-Meninas, estão ali os rapazes mais giros do curso de ciências. Será que conseguimos pescar algum?
Levantei-me e observei. Não podia continuar agarrada ao meu sentimento pelo Enzo se não ia dar em nada, além disso, já não estava com ele há algum tempo, o que quer que fosse que eu sentia por ele já tinha desaparecido.
Ao observar o grupo,  o meu olhar ficou-se num rapaz alto de cabelo castanho escuro e olhos da mesma cor. Ele que olhava para o telemóvel, como se sentisse a minha presença, direcionou a cabeça na minha direção e me encarou. Baixei o olhar, estava a ser demasiado descarada, mas não podia evitar ele era muito giro.
A Matilde levanta-se, pegou nas toalhas e arrastando-me pelo braço, juntamente com a Rita foi ao encontro dos "giraços de ciências".
-Olá, tudo bem? Vocês são do curso de ciências não é verdade? Nós somos do curso de artes. Provavelmente já nos viram na escola. Podemos ficar à vossa beira é que ali em cima só as três está aborrecido.- Disse, namoriscando com o ar mais descontraído de sempre.
-Claro que sim, força!- respondeu o da ponta.
Fiquei de frente ao moreno de olhos castanhos, o destino estava a meu favor nesse dia, para variar.
-Sou o Diogo.- disse sorrindo timidamente.
-Jessica.- informei.
-Que nome lindo.- afirmou sorrindo.
Corei, não estava habituada a receber elogios:
-Obrigada.
-Então andas em artes, nunca te vi lá na escola. Tens alguma ideia do que vais seguir?- perguntou procurando saber mais sobre mim.
-Arquitetura, já ando com esse curso na ideia há muito tempo e tu que fazes em ciências?-perguntei ficando interessada.
-Engenharia mecânica talvez, ainda não sei bem.- riu.
Ficamos a falar enquanto ao meu lado esquerdo, a Matilde parecia bufar de tédio durante a conversa com o rapaz de olhos verdes e à direita, a Rita e o rapaz ruivo de pele branca já tinham desaparecido do lugar. Às 18 horas arrumamos as coisas e fomos embora, os rapazes ficaram na praia.
Nenhuma de nós disse uma palavra, no dia a seguir falaríamos do que aconteceu, no momento estávamos demasiado cansadas e pensativas  para contar algo, exceto a Matilde que passou o tempo todo a reclamar da enorme chatice que foi passar 3 horas com um rapaz que só sabe falar de si próprio e que mais valia que ele namorasse com um espelho, enfim ela estava revoltada. Rimos muito com a "desgraça" dela.
Para mim, o dia foi bem sucedido. Seria este o início de um novo romance desta vez com um final feliz?

Silêncio FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora