Inquietudes de Outrem

Homem Solitário

E na sensatez vertente de um sentimento arraigado,
Anseios volúveis,
Bom, este sou eu perdendo você,
Algo transitório, não era, eu sei que não,
Era latente o desejo, a culpa é de quem omite.

E na chegada, uma casa, um lar que se fez ímpar,
A busca pelos olhos negros e cabelos tão mais, um sorriso esbranquiçado,
E não os vi, apenas um espelho refletindo os olhos tão soturnos
De um homem solitário e um semblante sentimentalmente fúnebre,
Mas ainda há algo veemente cintilante aqui,
Um "Eu te amo" entalado na garganta.

Eu te amo para sempre, até o sempre chegar
E nem sempre dura, no final de cada dia essa é a dúvida que perdura:
Quanto tempo levará?
E já se foi,
Porém, desta vez abandonou, o lobo em pele de cordeiro,
E solitário eu caminho.

Pela penumbra de uma estrada vazia eu dou espaço a chuva que cai
E sobre meu corpo ela desliza e isso não me incomoda,
Pois solitário eu caminho e as gotas de chuva e solidão
Se somam e amontoam-se neste corpo
E alma, ambos medíocres.

A chuva teve inicio com a sua despedida,
Parecia contemplar-te, ou de mim zombar,
Ou lamentar-se por mim, pois assemelhava-se ao meu interior
Tais águas me arrastam agora, e não sei onde hei de parar.

Segure-me, querida!
Não há nada de mais valência para mim,
Nada mais extraordinário do que sentir sua pele sedosa
De encontro a minha e no deleite da paixão acariciar seus cabelos,
Mas enquanto saia por aquela porta levava toda a luz que havia
Depositado em meu peito
A luz se torna escuridão e o sorriso angelical se vai,
O lobo em pele de cordeiro retorna.

Agora que a luz se esvaiu eu torno a caminhar, trocando os passos em
Desatino com a solidão,
E eu vou sofrer, andar de mãos dadas com o luto
Da paixão e com a ferida de um coração caduco,
E enquanto o luto vai morrendo eu te procuro.

A melodia da noite soa melancólica e desacompanhada,
O relógio bate dez
E sou um homem solitário a caminhar pela chuva,
Um peito a espera de seu réquiem sentimental,
E eu te amarei para sempre, até o sempre se acabar,
E estarei de mãos dadas com a solidão de um amor unilateral,
Pois eu caminho solitário,
Um homem solitário.