Capítulo 7

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O caminho até a festa é feito em um silêncio constrangedor, Dante me observa com o canto dos olhos, procuro desviar minha atenção para a janela observando as paisagens que passa.

Voltei a poucos dias e não consegui viver um grama de minha liberdade, a saudade de andar livre pelas ruas me consome roubando todos os meus pensamentos. Foco meus olhos na cidade e lembranças do passado me invade, momentos em que saia para me divertir. Parando para pensar, na maioria das vezes estava rodeada amigos e Dante sempre esteve presente, ele quase nunca me deixava só. Aos quatorze anos estávamos envolvidos e muito apaixonados, então sair com ele era agradável e satisfatório.

As coisas mudaram tanto entre o passado e o presente que hoje a minha única vontade é ver Dante morto.

— Você está linda. — Sua voz rouca me traz de volta a realidade.

Observo Dante e ele fixa seus olhos nos meus, impaciente tamborila os longos dedos sobre o volante do carro esperando uma resposta da minha parte, opto em permanecer em silêncio, pois não quero gerar brigas ainda piores entre nós, então apenas volto minha atenção para a cidade o ignorando.

— Eu não deveria ter lhe ameaçado daquela forma grosseira. — O tom de preocupação em sua voz me surpreende.

Ele está tentando se redimir por ter feito ameaças de uma maneira horrível? Desconheço esse lado sensível de um homem sem sentimentos como ele.

— Você sempre é grosseiro senhor Voyaller — me limito em dizer.

— Pode me chamar apenas de Dante — fala com autoridade.

— Acredito que uma prisioneira não deva lhe tratar tão intimamente. — Solto uma risadinha debochada.

Não consigo manter minha raiva contida e quando vejo já estou provocando-o. Seu olhar confuso e cheio de dor me analisam em silêncio.

Não consigo entender, como ele pode esconder tantos mistérios, tristezas e desespero sempre presentes em seu olhar.

Às vezes surge um estranho sentimento de proteção em meu peito, pois observar aqueles olhos cheios de dor me faz entendê-lo. Dante parece sofrer tanto quanto eu, porém ao me lembrar de tudo o que passamos o ódio domina e mascara todo o sentimento de proteção que ousa surgir.

— Estou tentando me redimir Dana. — Ele soa frio.

— Nunca vi um mafioso tentar se redimir. — Seu olhar surpreso e intrigado faz com que eu junte as sobrancelhas esperando por sua resposta.

— Talvez eu seja diferente daquilo que você acredita e costuma ver. — Limita-se em dizer me deixando pensativa.

— Talvez você realmente seja, mas você provou ser igual a todos. Frio, calculista, arrogante e rude. Até o momento só vi em você um homem que exige que eu siga suas regras e ordens, pois sei além do que você gostaria.

Fixo meus olhos fixos nos seus, mas a única coisa que recebo é um maxilar travado e uma expressão de irritação.

— Tento te tratar melhor, mas você não colabora. Você gosta de me irritar. Não me satisfaz te ver trancada naquele quarto se é isso que está pensando.

Sinto toda a minha irritação dominar meus pensamentos e quando vou lhe responder o frentista abre a porta revelando um imenso tapete vermelho que nos leva até a entrada. Vários fotógrafos e repórteres esperam os convidados com suas câmeras e microfones e me sinto exposta demais sendo alvo de tanta atenção.

Dante desce do carro e estende a mão para me ajudar a sair. Procuro ignorar nossa conversa e por mais que minha vontade seja deixá-lo plantado ali ignorando sua ajuda, controlo meus impulsos, pois prometi a mim mesma que seguiria a suas regras, de acordo com as suas vontades, então a completo contragosto seguro sua mão.

Eva - O Desejo de vingança - Série Voyaller - Livro 1 (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora