Meus olhos perdem-se no vazio. Afinal é a palavra que resta para descrever a minha vida...
O vazio das horas que se vão, sem nexo, cada segundo de contagem regressiva para a morte.
Depois de uma ultrassonografia um médico me informou que provavelmente estou com câncer de mama.Hoje eu quero o alívio das dores que percorrem minha cabeça, o peso do fracasso nos ombros tem que passar.
Quero morrer. Por muitas vezes tentei isso, aos olhos do mundo. Mas não, apenas eu queria chamar a atenção. Durante toda uma vida, o uso de psicotrópicos e antidepressivos aliviou o peso dos traumas, das dores, da mentira, da irresponsabilidade.
Mas eu sei onde está o que vai me levar para o outro lado. Uma corda sintética e um local marcado na minha velha área de serviço. Um salto, o pescoço que se parte.
E as dores passarão. Já frequentei todas as religiões, seitas e doutrinas. Eu não deveria cometer o suicídio.
Dizem que eu levarei o sofrimento para o outro lado e repetirei o momento final por toda a eternidade.
E o que me importa a eternidade? Já senti a presença da morte por muitas vezes. E senti paz.
É essa paz que eu quero e quando eu tiver a certeza que ninguém verá, eu irei para o último ato da tragédia.
Mas antes, quero relembrar o que vivi.Talvez eu procure nesses momentos de lembranças, algo que ainda me faça ter motivos para viver.
–Tão paradoxo!– diria o meu analista...
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ROAD WOMAN A Vida de Uma Prostituta
Non-FictionMeus olhos perdem-se no vazio. Afinal, é a palavra que resta para descrever a minha vida... O vazio das horas que se vão, sem nexo, cada segundo de contagem regressiva para a morte. Hoje eu quero o alívio das dores que perco...