Capítulo Oito

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Parece-me que a luz do fim do túnel havia chegado. Minha colega me falou de um restaurante de beira de estrada, que estava fechado e me convidou para nós duas irmos morar lá. Era um posto de gasolina com pouco movimento e bastaria que pagássemos a conta de água e luz. Fiquei muito interessada.

Porém não era permitido que nos envolvêssemos com homens e a estrada era muito mais importante para a minha amiga. Então, ela desistiu. Eu não. Em uma única vez que eu fui, eu gostara do local. Era calmo aparentemente, e ao mesmo tempo, eu poderia conhecer mais pessoas. Então, fomos eu, um casal vizinho e outra pessoa. Eu fizera dois empréstimos e tinha necessidade de recuperar o dinheiro investido. Deixei meus filhos à sorte e fui...

Logo na primeira semana, uma das pessoas que foi comigo adquiriu um parceiro, deu um show de baixaria e voltou para casa. Ficamos eu e o casal.

Na época me envolvi num relacionamento bizarro. Talvez tenha sido o primeiro de uma série de relacionamentos doentios. Ela era tudo o que eu não gostava... Muito mais velho, para ter uma relação sexual precisava de medicamentos. Era magro e feio, com a barriga saliente, dizia ele que por causa da bebida.

E mesmo sendo tão feio, ele não queria que ninguém soubesse que tínhamos um relacionamento. Eu havia deixado de ir para o CAPS AD e comecei a beber também.

Descobri que ele gostava de ser chifrado. Certa noite chegou um caminhoneiro paulista e jantamos juntos. O nosso porre  foi consequência e fomos dormir no caminhão. O outro amante presenciou a tudo. Pela manhã, voltei para os afazeres. Eu não tinha um sinal de ressaca.

A parte de compras era de minha responsabilidade e o transporte que eu tinha era minha moto. E nela, eu me aventurava por sessenta quilômetros de distância, duas vezes por dia para minha cidade. Muitas vezes enfrentei a BR 116 à noite, sem gasolina.

Dormir em caminhão transformou-se em rotina e sempre depois de cada chifre, o amante voltava mais amoroso. Lembro-me de uma vez em que o casal foi passar um fim de semana fora e eu tomei um porre do qual acordei roxa, espancada e mordida... Como isso aconteceu, eu nunca soube.

Que ser humano é sem confiança, descobri também. O homem que morava no restaurante era tão íntegro, tão fiel à esposa... Que eu nem suspeitaria que fosse estuprada por ele na primeira vez que ela viesse na nossa cidade sozinha.

Eu havia chegado de uma das minhas viagens de moto e com muita dor de cabeça fui me deitar. Surpresa, senti uma presença junto a mim. Era ele, que havia trancado as portas e disse que eu teria que mostrar a ele se eu "sabia fazer direito" como os amigos dele diziam. Eu não tive alternativa a não ser ceder, com nojo, sem vontade... Mas não adiantaria gritar. E nunca disse a ninguém.

O dinheiro estava acabando e eles viram que não ficariam ricos as minhas custas. E me deixaram sozinha. Ainda tentei ficar, mas sozinha não conseguia administrar tudo... Voltei para casa e para a estrada.

ROAD WOMAN A Vida de Uma ProstitutaOnde histórias criam vida. Descubra agora