Capítulo Dez

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Consegui fazer novos exames e fui enviada ao Hospital do Câncer do Ceará. E chegam as famosas mensagens de conforto. Não quero, não faço questão. Uma pessoa chegou a dizer que somos escolhidas, que câncer é uma benção. Para mim, esse é um ato de hipocrisia. Não há o que aprender num câncer.

Na estrada, a rotina continuava. Eu havia feito um concurso para a prefeitura e conseguido passar.. Mas o prefeito era o mesmo que havia me demitido e encontrou um segundo candidato que deveria assumir a vaga, porém não pôde, pois não preencheu uma condição do trabalho. E eu, sozinha  pois nem a Defensoria Pública aceitara minha causa, tentava.

Numa noite de agosto, eu fui para a estrada...Aquela seria uma noite diferente. Passavam das vinte horas e eu pensei em voltar para casa...Deveria ter feito isso. Naquela noite, eu conheceria o divisor de águas da minha vida. O homem que jamais esquecerei.

Eu já me preparava para voltar pra casa, quando numa última tentativa, acenei e um caminhão tanque parou. Era de uma famosa empresa do Sul. E o motorista, com um pesado sotaque sulista, me disse que daria a carona, mas que teria que passar quinze minutos descansando num pátio de posto. O caminhão não tinha poltrona de passageiro, pois era proibido carona. No caminho eu soube que ele era gaúcho. Então, eu estava muito feliz ao conversar com ele...Desde o tempo de escola, que eu amava  a cultura sulista. Aquela voz rápida e cantante era música aos meus ouvidos.

Na parada no posto, ele deitou na cama onde eu estava sentada e fiquei quietinha..Mas pouco tempo depois, ele perguntou se eu queria carinho...Por Deus, era tudo que eu queria... E naquele caminhão, eu fiz o sexo mais prazeroso de minha vida. O nome dele queima meu cérebro e minha pele...Quinze dias depois de estar com ele, eu tatuei D.K no pescoço..As letras iniciais do nome dele. Os filhos perguntaram o porquê e eu disse que quinze dias com aquele homem estavam sendo mais importantes que quinze anos com o pai deles.

E todas as noites ele ligava..Era uma conversa boa, desconhecida ...Eu nunca havia tido atenção de alguém..E eu sentia que ele cuidava de mim. Mais estranho ainda era que ele dizia que tinha um casamento aberto e que contava para a esposa tudo o que ele fazia na estrada. As preferências sexuais também eram desconhecidas para mim..Em setembro, ele ligou dizendo que viria e perguntou se eu o acompanharia em uma viagem...Era tudo o que eu queria...E fui, a pedido dele com um pênis artificial na bolsa..Ele havia pedido para que eu o possuísse. Disse ainda que era uma rotina muito comum entre os caminhoneiros. O sexo entre eles nas estradas.

Eu nunca havia feito isso antes. O papel de macho dominante me encantou e vieram os planos de sexo a três...Eu arranjaria amigas para sair com nós dois e ele traria amigos. Quando estávamos transando ele ligava o celular no viva-voz para que a esposa ouvisse e isso era extremamente excitante. Tudo era novo, as vezes penso que também para ele.. Chego a pensar que era uma fantasia que virou verdade. E a cada dia eu estava mais apaixonada.

ROAD WOMAN A Vida de Uma ProstitutaOnde histórias criam vida. Descubra agora