Nova rotina

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Mariah

Se me perguntassem o que eu esperaria ao chegar na casa do Luca, com certeza não era isso.
A mãe dele me levou para um enorme quarto, eu estava esperando um calabouço, ou ainda, sendo otimista, um pequeno quarto com um colchão no sótão. Mas definitivamente, não esperava esse quarto dos sonhos de todas as meninas.
- Espero que goste, não tive tempo de arrumá-lo completamente. Amanhã sairemos e vamos comprar o que você achar necessário para terminar a decoração. - ela diz sorrindo. -deixar ele mais com sua cara.
- É perfeito. - Olho em volta- mas não precisa de tanto. Nem sei quanto tempo ficarei aqui, não tem necessidade de gastar.
Ela me olha com receio.
- Querida, não sei o que você e Luca conversaram, mas pelo que sei, vocês só saíram daqui para o apartamento de vocês na faculdade ano que vem, e logo depois, voltarão pra cá.
Apartamento? Faculdade? Como se eu nem mesmo tinha me candidatado a uma?
- Não entendo. - falo seria e perdida.
- Luca está te deixando no escuro né? - me olha com compaixão - bem a cara dele fazer isso. Puxou ao pai em tudo.
- Não sei o que está acontecendo senhora Rizzo, mas eu não pretendo ficar aqui por muito tempo. Eu e Luca nem mesmo somos amigos, ele me odeia, transformou minha vida em um inferno nos últimos anos, não sei o que ele tem planejado, mas vindo dele, aprendi a não espera coisas boas.
- Não se preocupe, irei conversar com ele, mas não se engane meu bem, essa é sua casa permanentemente. Luca não a deixará se afastar nem que tenha que por o mundo abaixo.
Ela me abraça e se afasta, me deixando sem palavras. - ele não te fará mal e nem permitirá que ninguém faça. Confia nele, confia em nossa família.
- Não sei se consigo - falo com a voz baixa.
- Confia em mim então, jamais permitirei que te façam mal. Quero que sejamos melhores amigas. - ela fala e eu não sei por que, mas acredito nela. Confio com todo meu ser que ela está falando a verdade.
- Vou dar o meu máximo para que isso aconteça.
- Vai tomar seu banho querida, papa não irá querer que a massa dele esfrie.- ela fala me abraçando e limpando uma lágrima que corre discretamente em meu rosto - vou buscar algo pra você vestir, amanhã vamos às compras, quero que você seja a garota mais bem vestida da cidade. Eu até que poderia pagar, mas vamos usar os cartões do Luca, como forma de punição por todas as vezes que ele foi idiota com você.
- Acho que ele não será capaz de arcar com os custos - falo rindo.
- ele dará sim, infelizmente. - o riso dela me deixa tão relaxada. - mas vamos fazer o nosso melhor para que ele sinta um pequeno arranhão na conta bancária dele.
- Não acredito que ele concordará com isso.- Falo rindo.
- veremos querida. Vou te deixar tomar banho.
Entro em um banheiro que é maior que meu quarto, meu antigo quarto, não esse quarto temporário que é maior que minha antiga casa.
A enorme banheira chama por mim, mesmo com muita vontade de entrar nela e esquecer da vida em um banho relaxante, vou para o chuveiro igualmente enorme. Encontro todos os itens de higiene necessários, e muitas coisas que eu nem sei pra que servem.
Começo a tomar o melhor banho da minha vida, enquanto penso na mudança que está acontecendo, e em tudo que aconteceu hoje. Sinceramente, estou mais perdida que tudo, e completamente cética. Não entendo o motivo da mudança repentina do Luca, e nem sei se quero descobrir.
Termino meu banho, e entro no quarto ainda me secando, a quanto tempo não sentia meus cabelos tão macios. Na cama está um vestido florido, pego e sinto o tecido fino, nunca vesti algo tão agradável ao toque. Deus abençoe Luna, encontro roupas íntimas aparentemente intocáveis. Não acredito que fossem dela, não consigo imaginar ela com algo tão conservador.
Visto o vestido que fica um pouco largo, mesmo assim me sinto bonita, pela primeira vez na vida, me sinto bonita.
Escuto uma batida leve na porta, antes que eu responda Luca entra com uma sandália rasteira nas mãos.
- ficou bom o vestido, apesar de ser grande pra você.
- Obrigada. - respondo, e tenho certeza que corei.
ele ri e me estende a sandália.
- Minha mãe mandou. Pediu pra eu te avisar que fora o vestido, tudo que ela deixou é novo.
JESUS ME ARREBATA! Será que ele tem idéia de que o "tudo" significa calcinha?
- Si, bella, sei ao que ela se referiu.
- Lê mentes agora? - Quando percebo já perguntei.
ele ri.
- Imaginei que era sobre isso, quando você ficou vermelho Scarlet, você fica adorável quando cora.
Tenho certeza que estou vermelho rubi agora. Finjo que não escutei e calço a sandália.
Serve perfeitamente, mais uma vez me pego sentindo a maciez e textura da sandália contra meus pés.
Divina. Confortável. Maravilhosa.
- Vamos, estou com fome. - Luca fala me olhando.
- Vou passar um batom.- falo apontando pra penteadeira coberta de maquiagens. Ele grunhe e pega minha mão me arrastando do quarto.
- Não precisa.
Ao entramos na cozinha, Giovanni e Luna estão sentados um ao lado do outro, aparentemente em uma conversa descontraída.
- Até que enfim, pensei que teria que subir para pega-los.
Giovanni fala, e todo o sotaque italiano sumiu. Olho pra Luca, que me dá de ombros
- combinamos que até que você esteja habituada, não falaremos italiano na sua frente. - ele fala enquanto puxa uma cadeira na bancada.
-Não se importa de comermos aqui, não é mesmo querida? - Giovanni fala me observando - está linda por sinal. Espero que Luca tenha dito isso pra você. - muda o olhar para o filho.
- Eu disse pai. - ele fala se sentando ao meu lado.
Começamos a comer uma massa maravilhosa, na verdade tudo nessa casa parecia ser maravilhoso, só o que podia não ser tão bom é a presença do Luca, e os planos que ele tem pra mim, planos que eu não tenho a mínima idéia de quais são.
- A comida está boa querida? - Giovanni pergunta.
- Está maravilhosa, senhor Rizzo, é sem dúvida alguma a melhor massa que já comi.
- Obrigada querida, mas me chame de papai, ou até que você se acostume, pode me chamar apenas de Giovanni, capisce?
- Ok, senhor Giovanni. - falo sem graça.
- Apenas Giovanni, bella. - ele fala e escuto Luca sorrir - vai gostar de saber que Luca cozinha tão bem quanto eu, quando estiverem morando sozinhos não passarão fome.
-Morar juntos? - questiono.
- Sim querida, quando forem para a faculdade - Luna responde com um sorriso.
Os três caem em uma conversa enquanto eu analiso o que foi dito.Não entendo por que eles acham que eu e Luca iremos morar juntos. A não ser que achem que temos um relacionamento.
Olho assustada em direção a eles, e percebo os misteriosos olhares que cruzam. Droga! Eles estão me tratando assim por que acham que temos algo.
Resolvo esclarecer.
- Acho que vocês estão enganados, eu e o filho de vocês não somos um casal. - corto o assunto que acho que eles estão.
- Definitivamente, nós estamos seguindo pra isso baby. - Luca responde e vira , me deixando com mais essa bomba.
- Não! Nós não estamos. - falo alarmada. - a gente nem mesmo gosta um do outro. A gente se odeia.
- Fale por você. - ele diz frio.
- Nós nunca nem amigos fomos. Você transformou minha vida em um inferno.
- Acredite querida, você não chegou nem perto da porta do inferno que eu posso te mandar.
- Luca, você a pediu? - Luna questiona o filho.
- Qual a necessidade? - ele rebate - Nós sabemos que não temos escolha.
- Como assim, não temos escolha? - Pergunto olhando entre os três.
- Quer saber? Dane-se. Cansei desse papo. - Luca joga o guardanapo na mesa e começa a se levantar.
- Senta aí. - Giovanni fala com uma voz autoritária.
- Quem está mandando? O pai ou o chefe? - Luca pergunta petulante.
- Qualquer um que seja necessário para que você obedeça. Senta na porra da cadeira.
Luca senta sério e calado.
- Faça direito, é sua responsabilidade como meu sucessor, fazer com que isso dê certo.
- Eu apenas não estou dando opções pra ela rejeitar. E acredite, se eu der essa opção pra ela, ela vai escolher.
Luca fala e solta um sorriso que não chega aos olhos.
- Eu posso saber sobre o que estão falando? - obviamente, tinha mais do que eles estavam me deixando saber.
- Não é o momento querida, na hora certa você saberá de absolutamente tudo. - Giovanni me diz tenso.
Olho para o Luca, buscando uma resposta e ele nada fala, está parado analisando seu prato.
- Posso me retirar chefe?- Luca se dirige a Giovanni, e percebo que ele empregou seu sarcasmo habitual a palavra "chefe", e pelo olhar de seu pai, não passou despercebido.
- Pode sim, seu mimadinho. - Giovanni fala rindo.
-Mas antes - Luna interfere na troca de olhares ostis entre os dois - deixe seu cartão comigo, amanhã iremos a compras.
Luca nem mesmo pisca quando pega a carteira do bolso puxando um Amex Black, e o entregando a sua mãe.
- Compre todo o necessário - ele estreita os olhos em minha direção, e eu sabia que as próximas palavras que seriam lançadas seriam pra machucar - quem sabe bem vestida, ela consiga atrair olhares além do bêbado velho com o qual o pai dela ia troca-la por uma dose de álcool.
Meus olhos encheram d'água, imediatamente engulo o choro. Observo Giovanni espremer o guardanapo com as mãos
- Venha querida, deixe os homens sozinhos, vamos planejar a falência desse babaca do meu filho.
Não tenho a mínima intensão de usar um centavo que seja de Luca.
- Não vou usar o cartão dele. - falo em tom de desafio.
Luca se levanta e fica em minha frente, abaixa os olhos até os meus em uma pose de superioridade.
- Eu já disse meu bem, que você vai aceitar cada coisa que eu esteja disposto a te dar, e agora eu estou disposto a te dar a porra do meu cartão de crédito. - os pais dele nos olham mas não interferem - Só pra esclarecer, entre a gente funciona assim, eu digo pula e você procura o lugar mais alto que esteja a sua vista e pula de lá. Estamos entendidos?
Olho para os pais dele.
- Nem eles podem interferir nisso. - faz um gesto entre a gente. - e só pra retificar, caso você não tenha entendido ainda, você me pertence, e definitivamente estamos em uma espécie de relacionamento.
- Você não pode me obrigar. - falo em um fio de voz, ao mesmo tempo tento entender o motivo do Luca querer estar em um relacionamento comigo. Não tem lógica.
- Não se iluda querida, eu posso te obrigar sim, mas eu prefiro te persuadir. Não me tente, a vontade de ir até aquele moquifo que você vivia, e plantar uma bala no meio da testa daquele lixo do seu pai é tentadora para mim, mas sera que é incentivo suficiente para que você colabore? Ou eu posso ir até a doce Dana, o que você acha?
Fico calada, olho novamente para os pais dele que estão igualmente calados. Sua mãe está com os olhos tristes, já o semblante do seu pai sugere espanto e por incrível que pareça, orgulho.
- Vamos querida, deixe Luca aí. Vamos descansar amanhã temos muito que fazer. - Luna tenta me resgatar.
- Mamãe, não interfira em meus assuntos. - ele fala diretamente pra ela.
- Devia ter te dado mais uns puxões de orelha quando era criança. Tirar um pouco dessa sua arrogância e prepotência.
- Chefe, tem como você controlar a sua mulher? - Giovanni olha para a esposa com advertência.
- Querida, deixa ele lidar com isso da maneira dele, se passar dos limites, eu interfiro.
- Se passar? Ele a insultou e a ameaçou bem na nossa frente, será que isso não é passar da porra dos limites?
- Meu bem, olha a boca, sabe que não é certo que uma dama fale palavrões. - ele espelha o olhar de desafio do filho, que ainda me olha calado, me prendendo em meu lugar.
- Então querido, você deveria ter casado com uma dama. Vai se foder, vão os dois - Luna puxa meu braço me tirando da frente de Luca - se tem uma coisa que eu não sou, é obrigada.
Olho Luca e Giovanni esperando ver em seus rostos ira, mas os dois estão com a maior cara de paisagem. O que me faz crer que ela da esses acessos de fúria sempre.
- Considere-se falido. - Antes de sair ela resmunga para Luca.
- Nem que você tente muito. - ele resmunga de volta.
- Querida! - Giovanni chama. Ela para ainda segurando minha mão, e olha pra ele - Te amo minha principeza.
Ela mostra o dedo do meio e me puxa em direção às escadas. Sabe aquilo sobre coisas ilárias? Essa cena que acabei de presenciar está no meu top 1 agora.

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