Lucca já estava cansado daquilo.
Aquela situação vinha sendo desagradável o suficiente para deixá-lo naquela sensação estranha de estar sendo sufocado.
Depois da discussão que teve com Amy, há dois meses, o garoto ainda se sentia envergonhado por ter gritado e falado aquele tipo de coisa à ela. Ele se sentia mal, somente por lembrar.
Apesar de entender os motivos da garota, ele não compreendia por que ela havia de fato, achado que ele iria partir como todos os outros. E logo, por algo tão...
Tudo bem, aquilo era realmente preocupante, sabendo-se que à qualquer momento, algo de ruim poderia acontecer a sua melhor amiga.
Quer dizer, já haviam se passado cinco meses. Tudo que Lucca queria, naquele momento, era reverter aquela situação. E por todas as vezes em que ele a ignorou, de fato, doía demais. Ele estava arrependido, mas ao mesmo estava muito confuso.
Amy não havia confiado nele.
Porém, algo em sua mente tilintava, como um barulho irritante. Ele sabia que estava errado.
Naquele dia, Lucca estava decidido. Iria até a casa de Amy, mesmo não sabendo se ela iria recebê-lo. Mas estava com medo. Não tinha como não ficar, ele estava com muito medo. E se ela não o recebesse? E se ela não quisesse mais falar com ele por sua imaturidade? Se bem que ele não fora imaturo. Amy também estava, por partes, errada.
Ele sofreu ao saber disso. Quer dizer, ela poderia morrer a qualquer momento. Isso era o que mais o afetava. Sobretudo ele não poderia tratá-la de forma diferente, ela continuaria sendo sua amiga. A mesma de sempre.
Andando pela rua que tanto conhecia, sentiu um pequeno arrepio passar pela espinha. Alguma coisa estava para acontecer, mas preferia pensar que seria algo bom, como a reconciliação dos dois, o que ele esperava que acontecesse. Ele já havia pensado em como seria.
Ele bateria na porta de sua casa, ela apareceria, e ele com um sorriso a abraçaria, pediria desculpas, ela também – ou pelo menos era o que Lucca esperava –, e no final eles estariam num quarto vendo filmes e jogando conversa fora, como sempre faziam.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque de seu celular que ecoou alto na rua vazia.
– Onde você esta?! - gritou Thomas, um colega de trabalho, do outro lado da linha.
O garoto suspirou, parecendo medir suas palavras.
– Eu vou falar com a Amy.
– E o trabalho? Vai deixá-lo aqui? Não se esqueça que você também tem suas obrigações!
– Mas a Amy é uma das minhas obrigações! Thomas, ela precisa de mim.
– Ah meu Deus, dei-me forças!- gritou o garoto do outro lado da linha – Ela está bem. Aliás, se ela escondeu isso de você por tanto tempo, talvez nem se importe mais.
– Cale a boca. - falou Lucca, baixo, porém forte e com um tom grave.
– Essa é a verdade! Você quer que eu diga o que? Que ela é como todos? Pois não! Ela não é! Ela...
– Cale a boca! - gritou exaltado. Ela não era diferente. Ela era como todos...
Lucca desligou o telefone, vermelho de raiva. Amy não era diferente. O que diabos ele tinha na cabeça?. Era igual à todos, e não era ele quem poderia dizer se ela era ou não de fato, diferente. Mas em um ataque de fúria, socou a parede de uma casa aleatória a sua frente, e viu o sangue começar a escorrer pela sua mão, indo até seu cotovelo, e começar a pingar no chão, até que a imagem de sua amiga veio ate a sua mente, fazendo-o se acalmar e um sorriso brotar em seus lábios. Ele tinha que ir vê-la.
Continuou caminhando, agora mais calmo, mas com sangue ainda escorrendo por sua mão. O garoto nunca imaginou que tivesse tanta força. Havia feito um estrago e tanto, e a dor dilacerava sua estabilidade, porém a vontade de vê-la era maior.
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Amy
Short StoryLucca não contava com aquilo. Não naquele momento. Amy, era sua melhor amiga, por que o destino insistiu em levá-la? Era fato, ele a amava. Mas aquele, era um amor puro. Ele sentia falta de sua risada escandalosa; sentia falta do seu cheiro doce d...