Novamente, aquela sensação estranha voltará a incomodar Amy.
A mesma sensação de estar sendo sufocada. A sensação de que havia algo impedindo seus movimentos. A sensação de que seu coração saltaria pela boca, e suas mãos trêmulas agarravam o lençol da cama, com força.Aquilo havia virado rotina. Uma constante rotina, da qual Amy nunca conseguira se acostumar.
A garota pensou em chamar ajuda. Em todas as vezes. Mas sua voz era praticamente inaudível.Um grande nó se formou em sua garganta, e a garota sentiu uma enorme vontade de chorar.
Mas segurou as lágrimas.
Aquela era a terceira vez, somente naquela noite.Talvez os conselhos de Kim estivessem certos. Ou não.
Amy não teve tempo de pensar; estava na hora de agir.
A garota se levantou lentamente, e chamou por Lucca, que estava deitado em seu sofá.
– L... Lucca, me aju...- a garota parecia sem forças para falar - Lucca!
Sem resposta.
Somente na décima tentativa de socorro, o garoto pareceu ouvir.Assustado, olhou para a amiga. A menina estava suada e seus cabelos curtos grudados na cara. Ela tremia e era claro o desespero em seu rosto.
Lucca viu, quando ela tossiu mais algumas vezes e foi fechando seus olhos lentamente, até cair novamente em sua cama.
O garoto apressou-se e foi rapidamente, até a cama de Amy. Olhou em suas mãos. Sangue.
– Merda... - sussurrou - Amy, acorde!
Lucca chacoalhava a garota com cautela, na tentativa de fazê-la acordar.
– Amy! Você está me ouvindo?
Ele estava desesperado.
– AMY! - gritou, por uma última vez. Fazendo, assim, Amy abrir os olhos lentamente e apontar para a gaveta de seu criado-mudo.
Lucca foi na direção indicada e começou a vasculhar a gaveta, na esperança de achar o que quer que Amy quisesse lhe mostrar.
E achou. Uma carta.
"Para um alguém especial".
Lucca pegou a amiga no colo, e chamou desesperadamente por Kim, no quarto ao lado, e pelos pais de Amy.
Lucca não se lembra de mais nada, a não ser de ver Amy sendo levada, desacordada e da grande angústia que tomara seu coração.
†
As paredes brancas eram novas. Será que haviam pintado seu quarto? Mas que som seria aquele?
Quando Amy conseguiu se acostumar com a claridade daquele quarto, percebeu que estava em um hospital. Havia uma agulha enfiada em seu braço, na qual lha causava certa agonia. Odiava agulhas, e Lucca então, sentia um desespero só de vê-las.
Sorriu ao lembrar-se de como Lucca era atencioso com ela. A última que vez que ela fora parar em um hospital, foi quando Lucca descobriu a verdade. Ela lembrava-se perfeitamente do semblante perturbado de Lucca ao ver a agulhada, mas, principalmente, a preocupação. Ele não olhava para agulha, mas sabia que estava lá. Amy se lembrava de como ele suava frio, mas não a deixava um segundo...
Pelo menos até descobrir a verdade.
Ela viu a porta se abrir lentamente e uma Kim preocupada e brava entrar no quarto.
– Como você ousa me dar um susto desses, senhorita Amy? Você devia ouvir meus conselhos! Agora você ta aqui, nesse lugar...
– Horrível, eu sei! — disse Amy revirando os olhos. – Desculpa. Mas olha o lado bom, daqui a pouco eu vou poder voltar para casa!
Amy estava radiante! Agora que Lucca voltara a falar com ela, o que a garota mais queria, era passar o restante de seu tempo ao lado do garoto. Finalmente, tudo estava voltando ao normal.
Pelo menos era o que Amy achava.

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Amy
Short StoryLucca não contava com aquilo. Não naquele momento. Amy, era sua melhor amiga, por que o destino insistiu em levá-la? Era fato, ele a amava. Mas aquele, era um amor puro. Ele sentia falta de sua risada escandalosa; sentia falta do seu cheiro doce d...