Capítulo 1

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- Oi, eu não sabia que era tão longe. O Senhor pode me deixar aqui.

- Sim, Marly. Boa sorte!

Marly olhou para o motorista - seu conhecido - e agradeceu. Ele partiu e a deixou ali, parada, olhando para a casa já bastante velha devido o tempo. Pensou que teria bastante trabalho até colocar tudo em ordem, mas algo a impedia de entrar. Olhou para os lados e disse pra si mesma: coragem moça! Vamos ver como está a casa por dentro.

Quando entrou, ficou pasma com o que viu. A casa estava de um jeito que dava a impressão de ter alguém morando ali, ou que alguém tivesse vindo antes dela, para arrumar para ela. Ignorando seus pensamentos, respirou fundo para se recuperar do susto e foi até a cozinha. Tudo em ordem. Percebeu que o Chalé encontrava-se em perfeita condições. Olhou para os lados e pensou em ir até o quarto principal. Então subiu as escadas, imaginando as coisas que as esperavam. Entretanto, ao chegar onde queria, levou um susto maior ainda. A cama estava tão arrumada, que não tinha como dizer que não havia ninguém vivendo ali.

Marly olhou ao redor e viu tudo em ordem, sendo que pouco antes tudo que imaginava era encontrar a velha casa repleta de teias de aranha e mofo. Mas se surpreendeu ao ver tudo bem arrumado. Tentando espantar seus pensamentos, sorriu e decidiu explorar a praia, onde muito esteve quando criança. Mas devido ao tempo, não se recordava tanto. Lembrou que sua mãe contava histórias sobre aquele lugar, de seus avós. Ela lhe contava que se davam bem, que ainda no colegial saiu de casa para estudar fora e que nas férias, costumava ficar com seus pais.

Marly também percebeu que o chalé permanecia com seus móveis antigos, da época em que seus avós maternos viviam ali, mas não se impressionou muito com isso. Largou suas malas na cama, tirou algumas roupas e encontrou um short e camiseta. Logo, se trocou, logo amarrou seus longos cabelos preto. Marly tinha os olhos da mesma cor dos cabelos. Uma jovem de 25 anos muito linda. Sua mãe dizia que ela era muito parecida com o avô materno. Por fim, a jovem admirou-se no espelho, então satisfeita com o resultado, desceu as escadas e foi em direção à praia, uma quadra de distância do chalé.

Enquanto caminhava pensava como sua vida havia mudado em tão pouco tempo, parecia que estava sonhando. Agora ali sozinha, também pensou em seus pais. Não podia acreditar que era real o que havia acontecido. Seus pais foram viajar a passeio eles estavam precisando dessa viagem, eles eram tão felizes, mais tinham um segredo que sua mãe prometeu contar na volta da viagem. Marly estava noiva e encontrava-se radiante com o casamento marcado. Seu noivo se chamava Nick, 27 anos e seus pais já eram separados. Tudo corria bem, até a jovem receber uma ligação dizendo que Nick - seu noivo - tinha um filho de 2 anos com outra mulher e que vez e outra, ele a ajudava com as despesas. Depois disso, ela ficou sem fala, deixando que o telefone caísse de sua mãe. Tudo fora tão repentino que ela não viu mais nada e quando acordou, Nick estava ao seu lado, o que a deixou confusa.

Será que tinha sido um sonho? - pensou.

Mas infelizmente, não era. Ela abriu os olhos, deu um salto da cama e foi em direção ao Nick. Com força, ela o sacudia, gritando:

- Porque fez isso? Como pode me enganar? Porque não me contou? Porque me enganou?

Ela estava descontrolada, tremia de raiva dor. Pena dela mesma. E agora seus pais estavam para chegar e não haveria mais casamento. Adeus seu sonho, seu vestido de noiva. Tudo encontrava-se preparado e de uma hora para outra, havia desabado. Ela chorou até não haver mais lágrimas, enquanto Nick permanecia calado, o que a deixava ainda mais irritada. Furiosa, a expulsou do quarto e com tristeza, pediu que nunca mais a procurasse.

Ainda na cama, permaneceu chorando, afinal tinham sido quatro anos de namoro e noivado.Era tempo demais para ser jogado fora. Seu sonho era casar, ter filhos e ser feliz como seus pais eram. Mas numa noite, o seu sonho foi por água abaixo. Não teria mais casamento, mais filhos e tudo que uma mulher anseia. Naquela noite, Marly mal dormiu, passou a noite toda em claro. E quando ia se levantar, o telefone tocou novamente. Tão compenetrada, acabou por levar um susto. Seria o Nick?

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora