Marcas do Passado

Capítulo 11

Bobby encontrava-se na cidade, preparando os papéis necessários para o casório. Quando a carta chegou, Marly que a recebeu. Não sabia de quem se tratava e muito menos o que estava escrito nela. Teve de esperar até ele retornar para então descobrir, mas antes mesmo disso, já sentia-se tensa.

Depois de um tempo, ouviu um barulho de carro – era ele. Logo que ele chegou, contou o que chegara e lhe entregou a correspondência. Bobby ficou surpreso com isso e com rapidez foi a abrindo.

— É Ketry, minha ex esposa – comentou.

Assim que seus olhos correram pela carta, seu rosto ficou pálido, o que deixou sua amada assustada.

— O que houve, amor?

— Ketry esta... – ele respira fundo, tentando digerir o que descobrira. — Ela está no hospital em estado terminal e... e ela quer me ver! Ela está morrendo.

Ambos ficaram sem saber o que fazer, mas não era para menos.

— Eu não sei se devo ir...Eu... Você – ele respirou fundo.

— Quanto a mim, não precisa se preocupar. Se você acha que deve ir, vá – Marly falou, calma.

— Obrigado, mas não sei se consigo sozinho – ele comentou, passando as mãos com força nos cabelos. — Eu sei que isso é pedir demais, mas...

— Eu vou com você – ela respondeu, prevendo o que ele a pediria. — Não o deixarei sozinho.

Os dois estavam tenso, mas o que parecia abalado era Bobby. Ele nunca mais havia visto Ketry desde que se divorciaram e agora se reencontrariam em um hospital.

Foram o mais rápido que puderam, afinal a carta dizia que era urgente. Assim que chegaram, foram direto ao quarto da mulher que ele um dia amou. Quando a viu, quase que não a reconheceu. Seu rosto estava pálido, marcas de sofrimento.

Ele se aproximou e calmamente falou seu nome, a fazendo abrir os olhos. Ketry encontrava-se tão fraca, que teve certa dificuldade para esticar seu braço e pegar a mão do homem que um dia fora seu. Aquele ao qual ela o feriu, o traindo com seu melhor amigo.

— Bobby, eu... – sua voz saia entrecortada, fraca. Como se estivesse fazendo um grande esforço para falar. — Eu sei que fiz... que fiz muito mal a você.... – buscou ar com dificuldade. — Mas não poderia partir sem o seu perdão. Você é... é capaz de me perdoar?

Marly ao ver aquela mulher ali implorando perdão não se conteve e saiu do quarto, sem que Bobby percebesse. Pensando no destino cruel daquela mulher. Uma mulher que tanto feriu, agora ali, agonizando, clamando por perdão.

Angustiado, o homem pede para que ela não fale mais, mas ela insiste. Conta para ele que depois do divórcio, seu amante a abandonou. Sozinha, ela começou a beber e fumar, além de sair todas as noite. Confessou estar arrependida pelo que fez, mas que já era tarde demais para voltar atrás. Contou-lhe que passou a sentir dores de cabeça, mas achou que fosse das noitadas que teve, nem ligou. Foi quando um dia perdeu os movimentos das pernas e foi parar no hospital, onde descobriu que estava com câncer no cérebro. E já se encontrava em estado terminal.

— Seria capaz de me perdoar pelo sofrimento... que lhe causei? – ela perguntou, apertando com o pouco de força que lhe resta, a mão do seu único amor. — Pelas marcas...pelas marcas que deixei em seu coração, Bobby? – pequenas lágrimas escorriam em seu rosto gélido.

— Eu... Claro que te perdoou, Ketry – ele respondeu, emocionado e triste a vendo daquela maneira. — O tempo já curou todas as feridas.

Então após ouvir aquelas palavras, ela respirou fundo. Aos poucos foi soltando a mão de Bobby e por fim, se desligando daquele mundo.

Como Ketry também não tinha parentes, Bobby tratou de todo o funeral. Havia sido um momento muito triste, para todos, mas a vida é assim, uma grande surpresa. Fossem boas ou ruins.

Assim que acertaram tudo, Marly e Bobby retornaram para sua cabana, exaustos, afinal tinham passado por dias turbulentos. Enquanto se estabeleciam no chalé, tudo que ele pensava era no que tinha que contar, sobre um segredo ao qual Marly não esperava. Aquele mesmo segredo ao qual sua mãe lhe contaria, caso não tivesse morrido naquela viagem.