Capítulo 7

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— Esse lugar realmente é muito calmo e lindo a noite, nos transmite uma paz – comentou a garota, caindo em si.

— Paz! – falou, ele. — Você parece bastante abatida, sei que sofreu pela perda de seus pais, mais tem algo a mais. Algo está te tirando a sua paz. Por um acaso você deixou alguém na cidade? Tipo um namorado? Você é tão bonita certamente deve ter um!

Marly ficou em silêncio por uns instantes, e pensou em contar para ele tudo que aconteceu, mais ao mesmo tempo achou não. Mal o conhecia, ele era um estranho pra ela. Ainda não contaria, mas quem sabe um dia – se tivesse oportunidade, afinal não sabia se ficaria ali por muito tempo com alguém que acabara de conhecer.

— O que houve? Perdeu a língua – brincou, ele. — Quer saber? Vamos deixar para lá, até porque nem nos conhecermos. Você é uma estranha pra mim e eu também sou para você. Sei que está sofrendo pelos seus pais. Sei como é isso e sinto muito por você.

— Não se preocupe, eu sei que tudo vai passar. Vou sentir falta dos meus pais agora, mas o tempo cura toda ferida. Ficará apenas as marcas e com o tempo, as feridas não vão doer mais.

A verdade, é que ela não se referia apenas aos pais, mas também a Nick. Sua voz até mesmo saiu um pouco falhada pela dor que sofrera da traição, pela perda de alguém ao qual ela havia confiado por anos e que agora não podia estar do seu lado, consolando seu coração machucado. Naquele momento, Marly sentiu um ódio tão grande, que teve que se controlar para não gritar, até porque, Bobby a observava.

— Você está bem, senhorita? Parece pálida – comentou, ele.

— Está tudo bem sim. Talvez seja o cansaço. Acho melhor ir para meu quarto e descansar. Afinal esse lugar é ideal para isso. Eu vou indo. Boa noite, Singer.

O homem apenas acenou com a cabeça, enquanto Marly foi em direção ao seu quarto, deixando seu mais novo companheiro ali, pensativo.

Bobby, permaneceu sentado por algum tempo, pensando em várias coisas ao mesmo tempo, mas principalmente naquela garota e no quanto ela parecia esconder algo mais, além da perda de seus pais. Ele contemplou as estrelas e a lua, coisas as quais ele estava habituado a fazer desde que foi morar no chalé

Alguma coisa naquela jovem o lembrava alguém, mas o que seria? Ela era meiga, linda, seus cabelos eram compridos preto e sedosos. E por mais estranho que fosse, tinha algo nela que o deixava inquieto.

Ficara tanto tempo observando o céu, que nem vira o tempo passar e quando viu o quão tarde era, resolvera entrar. Foi até a cozinha, bebeu um copo de água e foi para seu quarto. Onde trocou de roupa e se deitou, mas o sono estava longe, não vinha.

Se virou de um lado para o outro, e nada.

Então resolveu tomar um pouco de leite, para quem sabe assim, pegar no sono. E foi o que fez. Quando retornou ao seu quarto, sentia-se estranho. Por alguém motivo, Marly não saia de sua cabeça. E isso ele não conseguia entender. Afinal o que aquela moça tinha?

Já era de madrugada quando o sono finalmente o alcançou e ele pode dormir. Entretanto, mesmo dormindo, pensara nela. Sim, ela estava em seus sonhos. E até ele acordar, permaneceu em sua mente.

Como não tinha dormido direito, assim que despertou, revolveu tomar uma ducha. Depois disso, se vestiu e desceu as escadas lentamente para tomar um café – afinal não queria fazer barulho para não acordar Marly.

Assim que chegou a cozinha, sentiu um cheiro gostoso de café, mas ao olhar ao redor, não vira a moça. Ele chegou a pensar que ela tivesse ido embora, o que não o deixou feliz. Foi quando ele olhou para mesa e nela havia café, leite, ovos mexidos e um bilhete. Rapidamente ele o pegou e o leu:

Bom dia, seu dorminhoco!

Deixei seu café da manhã pronto.

Se sentir minha falta, estarei na praia!

Bobby deu um sorriso, se sentindo aliviado, pois a poucos segundos pensara que o bilhete forra uma despedida.

O que estava acontecendo comigo? Eu nem a conheço e já estava ansioso para vê-la? Estaria eu, ficando louco? – pensou.

Afim de jogar para longe seus pensamentos, tomou seu café da manhã – que a proposito estava delicioso. E em seguida, foi até a praia encontrar Marly. Aquela misteriosa moça que o deixou perturbado.

Ao chegar na praia se deparou com ela, vestindo um mini biquíni azul, que a deixou mais linda ainda. Bobby contemplou tamanha beleza. Ela antes de olhos fechados, o encarou.

— Bom dia! Achei que não ia acordar até o almoço – perguntou, ela.

Meio sem jeito, ele responde:

— Bom dia, senhorita Marly. Fui dormir muito tarde ontem.

E assim se passou um mês, entre gentilezas e conversas. Tudo corria bem, até que em um fatídico dia alguém resolveu aparecer por lá, tirando a tranquilidade dos dois.

Naquele dia, Bobby e Marly estavam muito felizes, afinal já tinham se passado um mês e ambos se sentiam bem com a presença do outro. Chovia muito e eles encontravam-se na cozinha, jogando cartas – até porque em dias assim não se tinha muito o que fazer.

Sem que eles percebessem, um carro estacionou bem a frente e eles só se dão conta, quando ouvem uma batida na porta. No mesmo instante os dois se levantaram em um salto. Afinal quem seria?

Marly foi até a porta e assim que a abriu, ficou parada que nem uma estátua, sem saber o que dizer e por mais que tentasse, as palavras não saiam de sua boca.

Notando o estado que a garota se encontrava e o quanto estava pálida como papel, Bobby resolveu intervir, tomando a iniciativa:

— Posso ajudar em alguma coisa moço?

O homem alterna o olhar entre Bobby e Marly, sem interesse algum em responder. Os três ficam assim por alguns segundos – que pareceram uma eternidade para a jovem – até que ela consegue falar.

— O que você veio fazer aqui, Nick?


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