Capítulo 12

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Tomaram um banho e comeram alguma coisa. Depois subiram para o quarto, onde na cama  deitaram abraçados e conversaram sobre os últimos acontecimentos.

— Foi um final triste para Ketry – Bobby comentou. — Apesar do que nos aconteceu, não gostaria que ela acabasse assim.

— Foi uma fatalidade, não havia nada que pudesse ser feito. Teve que acontecer – Bobby depositou um beijo na testa de sua amada, contente em ter alguém como ela por perto. Alguém que o apoiava. — Ela deveria ter sido muito linda antes de tudo aquilo, não?

— Sim, ela era – ele se ajeitou na cama, afim de olhar Marly nos olhos. — Mas não tão linda quanto você. O amor que sinto por você é muito maior do que um dia cheguei a sentir por ela.

A garota, sem saber o que responder, simplesmente o beijou delicadamente. Então novamente eles se amaram em sua cama. Tendo uma linda noite de amor.

Na manhã seguinte, Marly foi a primeira a despertar. Ela se arrumou, então foi preparar o café da manhã para os dois. Ao ver que sua amada não se encontrava na cama, Bobby pôs seu roupão e foi até a cozinha, onde encontrou sua amada. De longe, sentiu o cheiro de café recém passado, e com alegria, a abraçou por trás, demonstrando carinho. Logo, eles desfrutaram de um momento juntos, mas novamente, a mente de Bobby o chamou a razão. Ele precisava contar a ela a carta que encontrara na casa de sua avó e que dizia algo referente ao avô de Marly.

— Marly, eu... eu preciso te contar uma coisa. É sobre seu avô – falou, interrompendo a refeição.

— Meu avô? – ela perguntou, surpresa. — O quem tem meu avô? O que você sabe sobre ele?

Então Bobby contou a ela o que dizia a tal carta e para quem se redirecionava, além de onde que a descobriu:

Ao meu filho Joaquim,

Eu Juan, seu pai. Não tive a intenção de deixa-lo, mas quando jovem não sabia o que fazer e me aconselharam a deixar você num lugar onde não lhe faltaria nada.

Me perdoe, meu filho!

Não foi falta de amor, foi preciso que assim fosse, mas assim que der, vou lhe buscar.

Com amor, Juan Francisco.

— Eu fui até o orfanato onde meu tio ficara, pois sabia que ele tinha ficado lá até os oito anos – Bobby falou. — Para minha sorte, a freira que o conheceu, ainda se encontrava lá, bem velhinha. Ela me contou toda a história. Que chegou a conhecer a família, que sabia que o Sr. Juan era casado com a Sra. Abigail Keller. E que o casal tinha uma filha chamada Elizabeth...

— Mas, mas Elizabeth é minha mãe! – ela interferiu, surpresa.

— Sim. E sua mãe, teve um irmão que não chegou a conhecer. Quando seu avô foi buscá-lo para que ele viesse morar com vocês, descobriu que uma família já o tinha adotado. E infelizmente, ninguém sabia quem. E como a freira havia prometido sigilo, não contou a ninguém.

— Mas como essa carta foi parar nas mãos de sua avó? – perguntou,  espantada.

— Como tudo que a freira contou a ele sobre o  menino, foi que a família era de longe e que não os conhecia, seu avô passou a beber. Jogando toda sua fortuna fora, restando apenas o chalé ao qual viveram até seus últimos dias. Até mesmo a freira ficaria triste com aquilo, por ter que mentir para seu avô que não sabia de nada. Foi quando resolveu levar a carta aos pais adotivos do menino. A nova mãe de Joaquim, não lhe mostrou nada, mas resolveu guardar a carta – respirou fundo. — Foi quando a vovó morreu, que descobri sua a carta. Estava vendo as coisas dela, antigas fotografias e momentos esquecidos, que a encontrei. Relatando a identidade do meu tio emprestado. Ele era uma boa pessoa, calmo, não falava muito e brincava comigo nas férias. Ele foi um pai para mim, e tê-lo perdido, me doeu muito. Então eu resolvi procurar saber mais, e acabei descobrindo sobre ele, seu avô, e sobre sua irmã, Elizabeth.

Aquilo era difícil demais de acreditar e Marly mal conseguia digerir tantas informações.

— Você sabia do acidente de meus pais? – perguntou.

— Não – Bobby respondeu. — Eu vim para cá logo que me divorciei e nem imaginava que você também viria para cá. Mas acredito que tudo tenha sido um propósito maior. Talvez Deus quisesse que nos encontrássemos aqui, para que fossemos felizes, como seus avós foram até o fim de seus dias. Pode ser um plano de Deus ou ironia do destino, não sei – Marly ouvia atentamente, sem saber o que pensar. — Mas nós dois trazemos marcas do passado, pelas traições e perdas. Assim como nossos avós tiveram e nossos pais também. Eu só espero que nossos filhos jamais passem por isso.

Filhos, teriam eles filhos? Poderiam ser felizes? Sim. Ela poderia sim ser feliz com ele – Marly pensou, ainda um pouco perdida.

— Deus está nos dando a oportunidade de recomeçar nossa história juntos! – ela comentou. — Teremos filhos e seremos felizes juntos. Vamos esquecer o passado e seguir em frente. O amor que nos uniu, será o mesmo que nos ajudará a superar as nossas perdas. Nossos filhos quando crescerem com certeza vão ter o que contar sobre nós – riu, achando graça naquilo. — Eles conhecerão nossa história, sobre um certo dia,  que em uma praia deserta, uma jovem dormia na arei, e quando abre os olhos, e se depara com um olhar que nunca havia visto, lindo. Com seus cabelos escuros encaracolados, despenteado pelo vento, e um sorriso ainda mais belo, que conquistou a jovem sereia que dormia, sua mão ao toca-la lhe causou arrepio.

— Você, é o amor para vida toda – ele disse,  até que a morte nos separe!


Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora