Capítulo 10

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Após aquele momento único, Marly se abraçou no amado, de tal modo que não queriam se separar mais. Mas Bobby tinha algo a dizer a garota em seus braços. Algo sobre seu passado.

Assim que tomou coragem, começou a contar sua história e de como havia parado ali, naquela praia mágica onde os avós de Marly viveram até morrer. Ele não queria perder tempo, queria dizer tudo, precisava abrir o jogo.

A verdade, é que ele já fora casado com uma mulher, ao qual muito amara, mas por uma fatalidade, tinham se separado. Viveram oito anos juntos, mas não tiveram filhos, pois sua esposa era estéril. Os dois tinham um casal de amigos, os únicos que restaram do tempo do colegial.

Um dia, Bobby precisou viajar a negócios, deixando sua amada em casa. Ele se despediu pesaroso, afinal o casamento deles vinha demonstrando sinais de desgastes e mesmo com várias conversas entre eles sobre isso, nada puderam fazer. E até mesmo ele, não dera muito importância, pois pensou que era por causas dos anos de monotonia ou por ela não poder ter filhos.

Naquele mesmo dia, ao chegar no aeroporto para fazer a tal viagem, o destino lhe pregou uma peça e ele perdera o voo. Sem ter muito o que fazer, retornou para a casa. Mas assim que chegou, notou que tinha algo errado. Pois ao que tudo indicava, sua esposa não estava só. Pensou que fosse uma de suas amigas, mas não as encontrou na sala e nem na cozinha.

Ele foi até o quarto do casal, no andar de cima e antes mesmo de abrir a porta, sentiu uma forte angustia. Algo de fato estava errado. Então quando ele criou coragem e abriu a porta, os viu. Seu melhor amigo, um irmão. Aquele que estudou com ele na escola e que fora padrinho do seu casamento. Estava ali na sua cama ocupando seu lugar, com sua mulher.

Marly ouviu calada, pensativa, percebendo no quanto a história dele era bem pior que a dela. Pois diferentemente dele, não tinha pego seu noivo na cama com outra.

— Naquele momento, no exaro momento que vi as duas pessoas ao qual eu tanto amei, me traindo. Perdi meu chão – sua voz saia embargada. — Eu saí correndo pra rua e andei dias de um lado para o outro. Pois não tinha mais ninguém para desabafar. Meus pais e avós não estavam mais vivos e eu não tinha ninguém. Chorei muito, até não ter mais lágrimas para derramar. Foi quando me lembrei de uma carta que encontrei nas coisas de vovó assim que ela se foi. Nessa carta ela narrava a história do meu falecido tio Joaquim. Contando que a muitos anos, um menino chamado Joaquim foi colocado num colégio de freiras, um orfanato. Ele ficou ali até seus oito anos de idade, onde um dia, um casal que tinha uma filha o adotou – ele respirou fundo, então continuou: — Esse menino cresceu naquela família e depois de grande, se tornou piloto de avião. Vovó dizia que sempre fora um bom menino, mas quando homem não queria namorar, pois queria mostrar para seus pais adotivos que seria alguém, mas a outra criança, a menina rica, cheia de mimos, ao ver o irmão ficou enciumada porque ele tirava as melhores notas na escola. Ele era elogiado pelos pais e professores. Isso levou aquela jovem a fazer tudo de errado fazendo seus pais sofrerem por causa das coisas erradas que fazia.

— E o que aconteceu? – Marly perguntou, querendo saber onde aquela história os levariam.

— Aquela jovem teve um filho, fruto da suas aventuras. Mas ela não ligou quando o menino nasceu. Foi vovó e vovô, juntamente com o tio emprestado, que cuidaram do menino. Assim foi passando o tempo. Em uma noite fria de inverno, vovó e vovô receberam a triste notícia que sua filha havia morrido por overdose. Eles ficaram arrasados, pois mesmo que sua filha fosse do jeito que era, eles a amavam.

Lembro que me tio chorava muito, afinal mesmo não sendo irmão de sangue, amava a irmã adotiva. Não demorou muito, meu avô faleceu e depois de um ano, minha avó. Naquela época, restou apenas eu e meu tio aditivo, mas mais uma vez, o destino pareceu ficar contra nós. Eu era um jovem, tinha meus dezoito anos, quando recebi outra notícia ruim. Meu tio, o único parente que me restava... – fez uma pausa. — Veio a notícia que o voo 435 tinha caído em um penhasco e que não tinham sobreviventes.

— Eu sinto muito.

— Era o fim. Eu estava estudando, queria ser Biológico. Nesse tempo, já namorava minha ex e esperávamos eu me formar primeiro para depois podermos nos casar.

— Você deve ter sofrido muito – Marly comentou.

— Sim – Bobby respondeu, com os olhos cheios de lágrimas. Mas não queria mais pensar no passado e sim, no futuro. — Mas essa história ainda pode ter um final feliz – sorriu, jogando longe as lembranças do passado. — Senhorita, Marly.... Você quer... casar comigo?

Marly o encarou, surpresa. Emocionada demais para responder, mas ela bem sabia o que queria, ela o amava. O estranho e agora tão íntimo, Bobby Singer a tinha conquistado.

— Sim – respondeu, emocionada.

Então novamente eles se amaram perdidamente. Naquele momento era somente eles e o amor.

Depois disso, tomaram uma ducha e desceram para comer alguma coisas, felizes demais. Então as horas foram passando, enquanto os dois, entre risadas e beijos, faziam planos para o casamento. Imaginando que talvez não fossem ter convidados, afinal não tinham amigos ou família. Restando apenas eles e o padre.

E assim passaram-se os dias, sonhando acordados. Pensando que talvez como os avós de Marly, eles fossem ser felizes juntos, até ficarem bem velhinhos.

Entretanto, o destino depois de um tempo,pregou-lhes outra peça, afinal para sermos felizes a um alto preço a ser pago epara eles não fora diferente. Tudo aconteceu quando Bobby recebera uma carta emseu nome com o remetente de Ketry. O mesmo nome de sua ex esposa.


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