A Kat de Crispim e o Glorioso Nascimento de Orgulho

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Aviso: Esse capítulo contém cenas que podem ser um pouco fortes para alguns leitores (conteúdo sexual)

Essa nova Kat é um mau agouro. Não iriam querer andar com ela por aí. A Kat de Crispim atrai morte. Lembram-se da Kat sem Hannah? Dela nasceu Represália. Outro monstro surgiu quando conheci Crispim, quando a nova Kat nasceu. Foi ela quem retornou para a Sociedade do Sul. Quando eu havia dito para Clícia que voltaria uma outra Kat, não me referia à Kat de Crispim. Eu queria uma Kat forte, uma líder. A palavra para descrevê-la é corrompida. Jamais admitiria minha culpa nessa nova Kat. A culpa é de An'angelo. E de todas as suas coisas maravilhosas

Na tarde seguinte à visita de Crispim, Hannah e eu saímos para encontrá-lo num restaurante. Eu levei minha lista de pontos positivos e negativos para dividir com os dois. A esse ponto, ela estava quase extensa. Incluía, em sua maioria, pontos positivos sobre a liberdade nas decisões (desde decisões sociais como matrimoniais até trabalhistas) e o exageiro dessa liberdade como algo que deve ser controlado ou deixado de lado. Hannah pareceu aprovar minha lista. Adicionou alguns tópicos que beneficiariam nossa família, não exclusivamente, mas que fariam uma grande diferença. Perguntei o que Crispim achava e de repente sua opinião tornou-se a mais importante do mundo para mim. Ele deu de ombros.

-É você quem sabe Kat. O que o Clube da Primavera iria querer?

Aquela lista estava ótima para o Clube. Eu só não sabia se estava ótima para mim. De uma hora para outra, eu não sabia se era possível viver sem televisão e seus programas com ideais que deviam ser reais. Como eu sobreviveria sem todos aqueles cremes e condicionadores de Hannah? Sem os prédios e apartamentos? O que seria da Sociedade do Sul sem carros de luxo, música alta e os pedintes nas esquinas? Eu estava me desprendendo do objetivo. Não queria mais apenas cores e liberdade para o povo. Eu queria An'angelo inteira. Uma coisa não mudava da Kat sem Hannah para a Kat de Crispim: ambas achavam que sabiam o que era melhor para os outros, e ambas estavam muito enganadas.

Hannah teve que sair logo para ir trabalhar. Crispim só precisava ir em algumas horas, então me levou para um passeio por An'angelo. Embora já tivesse mais acostumada com o jeito das pessoas dali, ainda não sentia-me confortável com tudo. Constantemente olhava para trás e desconfiava muito das pessoas. Hannah havia me informado que a quantidade de crimes dali era mito maior do que na Sociedade. Não conseguia me acostumar com as pessoas falando muito alto ou gritando para que comprássemos seus produtos. Andar próxima demais dos carros também me metia medo. O que mais me deixava desconfortvel era andar ao lado de Crispim. Era como num filme que assisti com Octavio. A menina era nova no colégio, esquisita, quieta, e o menino era o mais legal de todos, namorador e bonitão. Eu não estava muito a vontade mas queria muito continuar com ele. Nós fomos à uma loja de comida onde tudo era extremamente colorido e cheio de açucar. Levou-me em um lugar onde passamos pelo menos uma hora jogando jogos e ganhando fichas para trocar por prêmios simples. Ele me deu um coelho de pelúcia com um laço no pescoço.

-Tenho que estar no trabalho... –ele checou seu relógio de pulso brilhante –faz dez minutos -riu. –Amanhã estou livre na parte da noite, depois de minhas aulas. Quer saír de novo?

Eu congelei. Algo aqueceu-se estranhamente dentro de mim. Era exatamente como no filme! Eu balancei a cabeça, confirmando que seria um prazer. Ele me explicou que não estava longe do apartamento de Hannah e disse que estaria lá para me pegar com seu carro no dia seguinte. Eu mal percebi que aquela fora aprimeira vez que saía pelas ruas de An'angelo sozinha. Não anotei nada, não prestei atenção nos detalhes. Estava imersa em um transe delicioso. O jeito dele era encantador. Como eu disse, ele não precisava de seu sorriso, era golpe baixo. Sentia como se fosse capaz de fazer qualquer coisa que ele pedisse. Se disesse que ia roubar, eu iria junto, se quisesse que eu pulasse de uma ponte, eu pularia. Tudo por seu sorriso e seu jeito Crispim de ser.

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