Chapter 6/Father 2

113 12 4
                                    

— Entre.— Debbie ordenou a Alexander para que entrasse.

Eu estava sentada no sofá, meu celular estava ao lado. Caso eu quisesse sumir era só ligar para Jade.

— Perrie.— suspirei ao ouvir sua voz. Eu disse que tentaria.

— Oi.

— Como você está? — sentou-se na poltrona ao lado do sofá onde eu estava sentada.

— Muito bem, obrigada.— seu sorriso cresceu a cada palavra dita por mim. Hoje sua barba não estava feita. Por mais que no dia anterior não aparecesse muito, agora dava para perceber.

— Estou feliz que você esteja conversando comigo. Isso significa muito para mim — senti a mão de Debbie passear por minhas costas. Olhei por cima do ombro para vê-la antes de tentar responder a Alexander.

Mas não usei palavras, não fora preciso no momento. Meu sorriso em gesto de concordância já era o suficiente.

— Em quê você trabalha? — acomodou-se na poltrona, para se confortar, já que nossa conversa não está fazendo isso.

— Restaurante.— falei sem enrolações, não via a hora de tudo isso acabar.

— Ah! Você é a dona?

— Não, sou a garçonete.— seu olhar assustado procurava pelo meu, virei o rosto evitando qualquer aproximação.

— Como assim, garçonete?

— Tenho que ajudar minha mãe em casa, já que somos somente nós duas.— fui direta, seu olhar percorreu de mim para minha mãe, que apertou com força meu ombro.

— Perrie, espero que um dia me perdoe.

— Eu também.

— Estou atrapalhando? — Debbie perguntou soltando meu ombro do forte aperto.

— Não mamãe.

— Não Debbie.— ergui a sobrancelha ao ver seu sorriso.

— Me diga. Porque você nos abandonou?

— Perrie...

— O que custa falar? Quer ter meu perdão? Me dê um bom motivo para isso. Sabe porque ainda não lhe perdoei? Porque não vejo uma razão, não consigo entender porque você nos deixou. Pelo simples fato de não existir uma desculpa para seu erro.— olhei em seus olhos, por mais que ele quisesse me encarar, não conseguia. Pois sabia o quão errado estava.

— Perrie, acho que está mais do que na hora de contar tudo.— neguei sarcátiscamente, seu suspiro forte e pesado fez com que meu estômago revirasse.— Naquele tempo, eu era muito novo, tinha apenas 22 anos e sua mãe 20, éramos novos demais e a ideia de ser pai muito cedo invadiu minha mente, fazendo com que o medo se apoderasse de mim. Sua mãe diferente de mim, não demostrava medo, ela me apoiava e dizia que tudo ia ficar bem, por dias acreditei. Mas foi até meu pai descobrir e começar a trazer-me aflição. Ele dizia que eu tinha que assumi o bebê se não sujaria o nome da família. Mas não assumi, o medo foi maior, Perrie, eu me sentia vulnerável diante daquela situação. Meus pais me forçavam a fazer uma coisa que eu também queria fazer. Mas para eles o que mais importava era o nome do que uma vida. Então eu fugi. Quando sua mãe estava no sétimo mês de gestação.

Ouvir aquilo era incopreensível. Meus dedos entrelaçados um nos outros, mostravam o quão nervosa estava.

— Você sabe como eu senti sua falta? Sabe quantas vezes perguntei para minha mãe aonde você estava, porque as outras crianças tinham um pai e eu não? Não fui em muitas festas escolares porque não tinha quem podesse ir comigo, minha mãe estava sempre trabalhando para me dar conforto e eu não me socializava com ninguém da escola. As crianças diziam que você não me amava. E por mais que eu não quisesse, isso floresceu na minha cabeça. Criei raiva, mágoa, tristeza. Você nunca esteve nos momentos bons ou ruins da minha vida. Sabe porque? Porque você tinha medo? Quantas vezes chorei de noite, escondida e com medo de que minha mãe também me abandonasse. Mas não, ela sempre estava comigo, para sorri junto ou para secar minhas lágrimas.

— Me desculpe.

— Desculpa? — passei as mãos por meu cabelo com raiva.— Eu só quero saber, porque durante vinte anos, você não me procurou. Porque agora que estou criada você aparece? Ganhei apenas amor materno, mas você não sabe o quanto quis sentir o carinho paterno. — lágrimas vinham atrás de lágrimas. Minha voz estava falha, e minha cabeça doía.

— Você acha que não eu senti sua falta? Que não me arrependi de ter deixado vocês? — pegou em meus braços e me olhou nos olhos.— Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente.

— Mas não pode.

— Eu quero começar uma nova vida. Quero que você esteja nela, quero compensar o tempo perdido. Perrie, quero que você me dê uma chance.

Sequei as lágrimas do rosto e afastei suas mãos dos meus braços.

— Você acha que merece uma chance? Seja sincero.

— Não.

— Então porque pede?

— Porque acho que não sou perfeito e nunca vou ser. Não posso mudar nada do passado. Mas posso criar um futuro maravilhoso, com você nele. Quero que você conheça sua irmã. Me dê uma chance? — sentir sua mão em contato com meu rosto, me trouxe segurança. Fechei os olhos com seus dedos passeando por minha testa, a fim de afastar qualquer fio de cabelo que estivesse alí.

— Sim.— sussurrei com desânimo e logo pude sentir seus braços me envolverem. Suas mão estavam frias, minhas costas se arrepiavam com elas as acariciando.

— Obrigado.— assenti timidamente escondendo meu pescoço em seu casaco quente.

Eu espero não me arrepender disso.

LightningOnde histórias criam vida. Descubra agora