Cap. 7 - Basta olhar para os lados

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Mais capítulo... Beijos

Gennah sua linda! Esse capítulo é todo seu. Beijo grande.

❤💚

Basta olhar para os lados

O problema de ficar sozinha é que os pensamentos são descontrolados. Não é fácil perder quem se ama. Comecei namorar o João com dezenove anos, nos conhecemos melhor na van que levava a gente pra faculdade. Até então seus pais ainda moravam aqui, dois anos depois eles foram embora para São Paulo, e nós mantivemos o namoro a distância. Acabava que nos víamos quase todos os dias por causa da faculdade. O que eu levei disso tudo? Além do meu estado depressivo, uma briga judicial, pois, o João e eu compramos o apartamento e mobiliamos juntos, mas como ele morava em São Paulo e compramos tudo por lá, as notas fiscais sempre saíram no nome dele. Agora, depois de tanto meus pais lutarem na justiça, o dinheiro da venda do apartamento está para sair e será dividido entre eu e os pais dele. Achei justo, eu mesma sugeri assim, o problema é que os pais do João não aceitaram. Que bom que a sensatez do Juiz permitiu que assim fosse. É uma pena que tivemos que entrar na justiça para que ela fosse feita. Dois anos de enrolação. A gente não conhece as pessoas até precisar delas, ou ter dinheiro envolvido. A família do João se mostrou bem espertos tomando conta de tudo rapidamente. Imagina, eu muito mal, depressiva, lidando com algo desse tipo? Meu pai não aceitou o que a família dele fez e foi para cima. Eu não tinha forças para lutar sozinha, ainda bem que meus pais sempre ficaram ao meu lado, o único problema é que quase todas as conversas entre eles e eu eram sobre isso, o que fazia meu estado piorar ainda mais. Eu sou filha única e eles sempre estão me paparicando, mas as conversas em casa por um tempo se tornaram chatas e repetitivas. Agora melhorou, desde que eles souberam que eu dormi na casa do Theo, o foco mudou. Com certeza eles não ligaram o nome a pessoa. Devem conhecer o filho mais velho do dono do mercadinho, mas não caíram em si que é ele.

Depois de tomar um bom banho, peguei meu celular e deitei na rede da varanda. Uma solicitação de amizade recebida: Theo Luckaste.

Pensei, pensei e por fim resolvi aceitar a solicitação da pessoa que tem facilitado meu transporte por aquela ponte que comentei. Comecei a mexer na rede social dele pelas fotos. Muitas delas com a Cecília. Com careta, sem careta, com um cachorro da raça labrador, com os pais e os avós, os irmãos, família humilde, mas tradicional aqui na cidade. E para eu ter a certeza que eu seria mais uma na vida dele, muitas fotos, não muito recente, com mulheres, festas e bebidas. Ele é um homem feliz e desapegado. Analisando bem eu seria apenas mais uma. Isso me assusta. O homem que motivou a minha saída do estado depressivo e pacato em que eu vivia pode ser o mesmo a me conduzir para um local e estado bem pior.

Uma foto me chamou atenção, ela foi publicada há uns dez meses por Jaqueline Silva, o Theo foi marcado e na foto ele está sentado, a Cecília em seu colo, e a moça abraçando ele por trás. Um frio tomou minha espinha. Parei para ler a legenda da foto e tive a certeza. Ela é a mãe da menina.

"Os melhores presentes que a vida poderia ter me dado: Papai, mamãe e filhinha 💜💜💜"

Ele pode não ter sido casado, pode ser um solteirão assim como disse, mas a mãe da criança existe, e eles tiveram um relacionamento. Apesar de que se declarou desimpedido no passeio que fizemos, olhando essa "família" tenho a impressão que se amam muito. Isso me assusta um pouco mais, pois, além de todos os monstros do meu passado, se eu chegasse a me envolver com ele ainda teria essa tal Jaqueline, sabe Deus onde está agora, eles tem uma filha juntos, e querendo ou não ela vai fazer parte da vida dele.

Tento entrar no Facebook dela, mas não consigo ver absolutamente nada. Deve ser o sistema de segurança que ela ativou, afinal, não a tenho entre os amigos.

Simplesmente Me Abrace - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora