Antinomia

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Vinte e tão poucos anos

Conto o tempo a morrer atrás de mim

A frente um futuro sem promessas

Os taninos da velhice,

aromatizados com um certo saber viver

são imaturos em mim

Travam-me o sabor etéreo

da juventude púbere

Que ainda tenho a viver.

Estou velho.

Ainda que o corpo conserve a idade.

Estou velho.

O licor a correr nas veias dos jovens

pulsando o sentimento do eterno

transbordam copos

dessa geração rasa e sem graça.

Estão ébrios.

Ocupados demais vivendo atitudes líquidas

Tragam a realidade para o mundo das ideias

em doses cavalares.

Depois dormem afogados no próprio vomito,

regurgitam contradições de ideais e lutas

que fora tudo ontem

e esquecidas na linha tênue

entre o virtual e o sofá

A ressaca lateja uma verdade tácita:

A vida passa.

Mesmo suas "extraordinárias" vidas

de mais do mesmo.

Nesta festa da insignificância

Estou num canto bebericando

Algo sóbrio

e os meus iguais cogitam inquisitivos

o por quê não me embriago,

se estou me tratando ou tomando remédios

Me ofertam goles de filosofia barata

Com promessas de uma vida de riso fácil,

Espontânea e feliz.

Afastem de mim esse cálice!

A realidade me convém, digo.

Curo o tédio de viver com arte.

Eles têm razão:

A lucidez é uma doença.

Nem a velhice e nem a juventude

Cabem em mim.

Flutuo no tempo sem encontrar

Sentido para a vida

Quimera alada a voar para a morte!

No fundo, eles têm sempre razão -

Devo beber...

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