- Já se convenceu que eu não tenho nenhum palno louco de sequestrar você? - Daniel me perguntou tentando soar sério, falhando terrivelmente. Mesmo sem olhar para ele eu pude perceber sua diversão.
Nós viemos a um café 24 horas não muito longe da fabric, o lugar é calmo e acochegante, com um grande balcão de mogno em linha reta. As mesas distribuídas nos cantos das paredes, com poltronas vinho acochoadas contornando cada lado, as paredes decoradas com quadros e discos antigos de lendas da música britânica, algo mais típico em bares do que em cafeterias. A iluminação ambiente é perfeita, nem muito escura nem muito clara. Apenas iluminada o suficiente para eu poder admirar o rosto de Daniel enquanto ele faz nossos pedidos.
Daniel sentou na poltrona em frente a minha, fazendo piadinhas sobre eu ter o acusado de querer me sequestrar mais cedo, quando estávamos em frente a fabric esperando o táxi, que ele pediu por um aplicativo no celular.
Levantei o olhar dos meus dedos entrelaçados em meu colo para encara-lo.
- Na verdade eu ter chegado aqui em segurança não te impede de tentar alguma coisa quando sairmos daqui.
Daniel gargalhou.
- De onde você tira tanta criatividade Allanah?
Dei de ombros.
- Csi Las vegas. Assisti todas as temporadas.
- Vocês está me comparando com um dos maníacos que aparecem no Csi? Agora sim eu não vou conseguir parar de rir.
- Você poderia ser um. - respondi. Virei a cabeça para o lado, o impedindo de ver a expressão divertida em meu rosto.
- Sério minha linda? Você acha que se eu quisesse te fazer algum mal eu iria te trazer a um lugar público onde todos podem me ver com você? - Ele questionou, o riso cessando aos poucos.
O olhei divertida.
- Nunca se sabe. - Daniel balançou a cabeça. - aliás, você é um turista, como sabia da existência desse lugar?
- Um amigo me indicou.
- Ele é britânico?
Daniel balançou a cabeça positivamente colocando os cotovelos na mesa e olhando-me.
- É, nos conhecemos no meu primeiro semestre na universidade. - ele riu por um instante. - Nós dividimos o dormitório.
-Você se formou aqui?
- Intercâmbio, estudei Oxford por três anos, mas concluí a formação no Brasil.
- Oxford? Nossa, parabéns. Meu irmão se formou lá.
- Não foi fácil. - ele apoiou os cotovelos na mesa, encarando meus olhos. - mas as melhores coisas da vida não costumam vir fácil.
Desviei o olhar. Sentindo um leve formigamento no peito.
- Deve ser um bom amigo, se ele responde suas mensagens a essa hora da madrugada. - divaguei.
Ele levantou as sobrancelhas, estudando meu rosto.
- Sim ele é ótimo... Mas eu estou mais interessado em falar sobre você.
Corei, falar de mim é uma das coisas que eu menos gosto, depois de decepcionar minha mãe, mesmo que ela não goste de mim.
Encolhi com esse pensamento.
- Não acho uma boa ideia. - murmurei.
- E porque não?
- Porque não existe nada de interessante sobre mim.
Daniel mostrou os dentes perfeitos em um sorriso encantador e debochado, se encostando na poltrona acochoada e semicerrando os olhos verdes para mim.
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Como não te amar
RomanceAos 21 anos e depois de passar pelo que ela classificava como o "período mais infernal da sua vida", a jovem britânica Allanah Price estava feliz por ter sua "liberdade" de volta. Tendo terminado um namoro de 4 anos e recém saída de uma clínica de r...