Capítulo 3

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- Já se convenceu que eu não tenho nenhum palno louco de sequestrar você? - Daniel me perguntou tentando soar sério, falhando terrivelmente. Mesmo sem olhar para ele eu pude perceber sua diversão.

Nós viemos a um café 24 horas não muito longe da fabric, o lugar é calmo e acochegante, com um grande balcão de mogno em linha reta. As mesas distribuídas nos cantos das paredes, com poltronas vinho acochoadas contornando cada lado, as paredes decoradas com quadros e discos antigos de lendas da música britânica, algo mais típico em bares do que em cafeterias. A iluminação ambiente é perfeita, nem muito escura nem muito clara. Apenas iluminada o suficiente para eu poder admirar o rosto de Daniel enquanto ele faz nossos pedidos.

Daniel sentou na poltrona em frente a minha, fazendo piadinhas sobre eu ter o acusado de querer me sequestrar mais cedo, quando estávamos em frente a fabric esperando o táxi, que ele pediu por um aplicativo no celular.

Levantei o olhar dos meus dedos entrelaçados em meu colo para encara-lo.

- Na verdade eu ter chegado aqui em segurança não te impede de tentar alguma coisa quando sairmos daqui.

Daniel gargalhou.

- De onde você tira tanta criatividade Allanah?

Dei de ombros.

- Csi Las vegas. Assisti todas as temporadas.

- Vocês está me comparando com um dos maníacos que aparecem no Csi? Agora sim eu não vou conseguir parar de rir.

- Você poderia ser um. - respondi. Virei a cabeça para o lado, o impedindo de ver a expressão divertida em meu rosto.

- Sério minha linda? Você acha que se eu quisesse te fazer algum mal eu iria te trazer a um lugar público onde todos podem me ver com você? - Ele questionou, o riso cessando aos poucos.

O olhei divertida.

- Nunca se sabe. - Daniel balançou a cabeça. - aliás, você é um turista, como sabia da existência desse lugar?

- Um amigo me indicou.

- Ele é britânico?

Daniel balançou a cabeça positivamente colocando os cotovelos na mesa e olhando-me.

- É, nos conhecemos no meu primeiro semestre na universidade. - ele riu por um instante. - Nós dividimos o dormitório.

-Você se formou aqui?

- Intercâmbio, estudei Oxford por três anos, mas concluí a formação no Brasil.

- Oxford? Nossa, parabéns. Meu irmão se formou lá.

- Não foi fácil. - ele apoiou os cotovelos na mesa, encarando meus olhos. - mas as melhores coisas da vida não costumam vir fácil.

Desviei o olhar. Sentindo um leve formigamento no peito.

- Deve ser um bom amigo, se ele responde suas mensagens a essa hora da madrugada. - divaguei.

Ele levantou as sobrancelhas, estudando meu rosto.

- Sim ele é ótimo... Mas eu estou mais interessado em falar sobre você.

Corei, falar de mim é uma das coisas que eu menos gosto, depois de decepcionar minha mãe, mesmo que ela não goste de mim.

Encolhi com esse pensamento.

- Não acho uma boa ideia. - murmurei.

- E porque não?

- Porque não existe nada de interessante sobre mim.

Daniel mostrou os dentes perfeitos em um sorriso encantador e debochado, se encostando na poltrona acochoada e semicerrando os olhos verdes para mim.

Como não te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora