Capítulo 41

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Josh estava deitado enquanto April dormia em seu peito. Ele estava tão feliz, que por um momento pensou que sua vida fosse perfeita. Mas infelizmente, seu cérebro não deixava esquecer do acidente que começou tudo, do acidente que fez Josh se abster de ter filhos, e começar a tatuar seu corpo.

Flashback ON

- Filho, vamos! - o pai de Josh gritou terminando de colocar as malas no carro. - O avião não vai esperar você!

- Acalme-se Ed... - sua esposa lhe deu um selinho e sorrio ajeitando seu cabelo. - Ele só está nervoso por deixar a namorada.

Logo uma figura de cabelos encaracolados, com blusa azul e jaqueta, uma calça jeans escura e um par de all star preto. A figura de 19 anos de Josh com seus pais e uma namorada linda - que ele nao sabia que o traía.

- Ja cheguei, senhor McGregor, Acalme-se. - ele riu enquanto entrava no carro e se posicionava no meio dos dois bancos da frente. O lugar perfeito que dava para ver o caminho até o aeroporto, e conversar com seus pais.

Logo os senhores McGregor estavam dentro do carro dirigindo até o aeroporto.

- Josh você lembrou de sua escola de dentes? - sua mãe perguntava enquanto mexia em sua bolsa.

- Sim, mãe.

- Meias?

- Sim.

- Cuecas?

- Ihhh. - ele fez uma careta de culpado e sua mae rapidamente se virou pra trás olhando o garoto. - Eu trouxe.

Ele riu olhando a cara de sua mãe, e beijou a bochecha dela. Ed estava no volante sorrindo ao olhar sua família rapidamente.

- Calma, senhora McGregor, eu jamais vou esquecer minhas cuecas. - Josh disse enquanto se recostava no assento e olhava pra frente, observando o caminho até o aeroporto. - Sabe que te amo.

Sua mãe sorriu com essas palavras e acariciou os cabelos de Josh.

- Também te amo... e seu pai também.

- Com certeza amo vocês, já viu o preço dessa viagem? Tem que ter muito amor pra pagar tudo isso. - eles riram por um momento e voltaram a olhar o caminho.

O caminho estava escorregadio. A chuva de verão parecia que não ia embora tão cedo, caia, caia, e não ia parar.

Mas estava tudo tranquilo, o pai de Josh era um ótimo motorista, e sua mãe não deixava escapar nada na estrada. Eram copilotos um do outro.

Mas infelizmente, nenhum deles viram um carro descontrolado que ziguezagueava na pista. E quando perceberam, Ed ja tinha puxado o volante com demasiada força, o carro escorregou na pista e capotou algumas vezes, até que para Josh tudo ficou escuro, mas de longe, dava para se ouvir as buzinas dos carros, e os gritos de quem vinha para tentar ajudar.

Josh acordou num quarto de hospital, sua cabeça estava enfaixada, sua perna engessada, e alguns curativos estavam espalhados por seu corpo.

Ele fechou os olhos se lembrando de um som de vidro quebrando. Sua mae gritando o nome de seu pai, e sangue. Uma quantidade grande de sangue espalhada pelo retrovisor, mas ele apagou.

Josh olhou pro quarto procurando por uma muleta, mas achou o suporte que segurava o soro em sua veia.

Ele jogou os lençóis que o cobriam para o lado, e se sentou na cama, sua perna engessada pesou, mas a vontade de sair dali e procurar seus pais era maior que tudo.

Assim que segurou no suporte do soro, ele se levantou e começou a se arrastar para fora do quarto. A roupa hospitalar que usava deixava sua bunda aparecer, mas a bunda dele era bonita de se ver mesmo, então nem se importou.

Uma vez fora do quarto, ele começou a se arrastar pelos corredores, procurando onde estava a recepção, ou alguma enfermeira ou médico que poderia ajudá-lo a achar seus pais.

- Voce nao pode andar aqui... - uma enfermeira chegou perto dele colocando a mão em seu ombro, para que ele parasse de andar.

- McGregor... preciso saber dos McGregor...

- Senhor, por favor.

- ME FALA DOA MCGREGOR! - ele se exaltou, mas era de se esperar. Ele estava em um estado não muito bom, mas seus pais? Quem sabe o que aconteceu com seus pais? A enfermeira poderia saber, e Josh arrancaria essa informação a força.

- Se acalme, eu prometo contar, mas se acalme... - Josh assentiu se segurando no suporte de soro que ele estava carregando, e se apoiou nele enquanto esperava a melhor notícia do mundo.

- Seu pai não resistiu. O volante bateu com força em seu peito e esmagou seus pulmões, os ossos quebraram e ele teve uma hemorragia interna, perdeu muito sangue, e morreu na hora. Sua mãe veio pra cá, tentamos fazer de tudo mas ela sofreu uma morte cerebral. Nós sentimos muito, não havia nada que pudéssemos fazer.

- Não... - os labios trêmulos de Josh combinavam com seus olhos cheios de água. - NAO! - com o suporte de soro, ele começou a quebrar tudo que estava em seu alcance, ate que alguns enfermeiros fortes vieram ate ele e o conteram - com tranquilizantes, mas ainda era válido.

E foi ali que tudo começou. Na fase depressiva de querer estar sozinho, fez a vasectomia, e depois começou as tatuagens, a âncora em sua costela, era algo que mantinha seus pais com ele, a âncora que o mantinha nesse mundo. Uma rosa espinhenta em seu bíceps, mostrava que nem tudo na vida seria fácil, pra ter a mais bela flor, poderia sangrar quando fosse segurá-la, havia uma frase em latim em seu antebraço, que significava: "todo fim, revela um novo começo", mas então ele so começou a fazer tatuagens por prazer, ele começou a gostar do desenho em seu corpo, mas a última que ele fez nos dois anos, foi com a data do acidente de seus pais 12/07/2014, e depois dessa, não teve coragem de fazer nenhuma mais.

Começou a beber, fumar, se afastou de sua família, ficou mais grosseiro, começou a usar roupas escuras. Mas nunca deixou de cuidar do jardim, nem do jipe. As duas lembranças que seus pais deixaram, e que jamais iriam deixar ele.

Flashback OFF

Quando Josh se virou e viu April dormindo como um anjo, ele apenas beijou sua testa e abraçou, segurando seu novo mundo em seus braços.

O Amor em Portland [Wattys 2017]Onde histórias criam vida. Descubra agora