No ônibus para casa, fiquei folheando todas as páginas do caderno, relembrando tudo que podia do meu presen...digo, futuro.
Olhei a grana que tinha no meu bolso e vi que tinha o dinheiro exato para comprar os tecidos.
Sorri, mas depois meu sorriso se desmanchou.
Eu não teria dinheiro para mais nada.
Suspirei e fui na direção da loja de costura perto da minha casa.
Fui passando a mão pelos tecidos até que escolhi o de veludo azul.
Sorri e logo fui abordada pela vendedora.
Precisa de ajuda?-perguntou ela e eu concordei.
Quero essa quantidade de tecido.-disse mostrando meu caderno e ela sorriu.
Ela me entregou três rolos e disse que era um presente para quem seria uma grande estilista.
Sorri, agradeci e saí da loja.
(...)
Assim que cheguei em meu apartamento, ouvi meus pais brigando.
Suspirei e abri meu diário, vendo que um dos piores dias descritos ali estava para ser presenciado por mim novamente.
Comi qualquer coisa na cozinha e voei para o quarto.
Joguei os rolos de tecido em cima de cama e me preparei para costurar o vestido.
Oh céus, parece que tenho trinta anos.-pensei e quis rir.
Até o momento em que eu percebi que eu na verdade, tinha dezessete anos, não tinha um trabalho de sucesso, nem muito dinheiro e precisava de uma máquina de costura.
Droga de adolescência.
Esperei um tempo–lê-se meia hora–até que minha mãe se acalmasse e eu pudesse pedir algo.
Oi!-disse com a minha cara mais fofa do mundo, direcionada, é claro, para minha progenitora.
O que você quer?-perguntou ela irritada, sem nem desviar os olhos de sua novela.
Eu às vezes seriamente me pego pensando se mães são algum tipo de mutante nível ômega.
Você tem uma máquina de costura?-perguntei e ela afirmou.
Pra que você quer?-perguntou ela, ainda irritada.
Para se entender o nível de irritação da minha mãe, eu diria que se meu pai a irritasse apenas mais um pouco, ela iria quebrar o pescoço dele.
Trabalho de escola.-falei e ela bufou.
Está no fundo do meu armário.-disse ela.-Procura.
Decidi nem discutir, já que ela estava com um humor do cão.
Na verdade, ela não tinha humor.
Fui até o armário dela, peguei a máquina e fiz o meu trabalho em silêncio, totalmente concentrada.
E totalmente com medo da minha mãe também, é claro.
(...)
Terminei o vestido quatro horas depois de ter começado.
Estava extremamente cansada e lerda, mas feliz com meu trabalho.
Tomei o banho mais rápido que podia e me joguei na cama, sendo cutucada pela minha mãe.
Luana.-chamou ela.-Posso doar essas roupas aqui?
Estava tão lenta que nem vi as roupas, apenas dando um sinal de joinha e apagando.
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Querido NÃO Diário
Teen FictionLuana é o exemplo de mulher bem sucedida na vida:tem o emprego dos sonhos, é desejada por homens que são os príncipes encantados de seus sonhos e tem um corpo que as mulheres vivem fazendo mudanças para ter;a palavra infelicidade não existe em seu v...