Querido NÃO Diário:Seu All-star azul combina com o meu preto de cano alto.

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Assim que soltei Théo, ele me encarou e tapou a boca, escondendo uma maldita risadinha.

Idiotas são sempre idiotas.

Por um momento achei aquilo tão cômico que também tapei a boca para esconder uma risadinha também.

Talvez você seja mesmo bastante intrigante, Luana.-disse ele com um sorriso, pela primeira vez, malicioso.

Eu comecei a sentir um pequeno calor nas bochechas e uma vontade enorme de morrer.

Eu estou corando por um garoto de dezessete anos?!É sério?!-pensei indignada.

Bom, isso pode ser considerado um sentimento, uma foto realista e...-o professor tentava dizer algo, completamente embaraçado.

Então...eu consegui?-perguntei, direta.

Sim, a senhorita ganhou quarenta pontos na média.-disse ele, ainda desconcertado.

Além de querer fazer a dancinha da vitória que Molly faz, eu tinha certeza de que estava refazendo bem meu passado.

Ou seria meu presente?Ai que droga de confusão de tempo.

Depois de Théo voltar ao seu lugar (fiz o mesmo), deu para ver todos os tipos de olhares dirigidos à mim.

Molly me olhava com uma aprovação tão grande, que eu pensava que ela iria ligar para igreja e chamar um padre para me casar com Théo.

Cauã estava impassível, mas Tatiana não:ela me olhava com desgosto.

Passei por ela revirando os olhos. Já lidei com gente bem pior que uma garotinha de colégio.

Assim que a aula de fotografia terminou, Molly veio correndo falar comigo.

O que foi aquilo?!-perguntou ela ainda pasma.

Foi um beijo, ué.-disse e ela revirou os olhos para logo voltar ao seu estado eufórico.

Eu achava que você era tipo...BV.-disse ela e eu arqueei uma sobrancelha, tentando lembrar o que significava aquela sigla adolescente.

Busquei na minha cabeça todos os tipos de gíria, até as atuais como "crush".

Atuais de 2016, não de 2004.

Desisti de vez.

BV?-perguntei e ela riu.

Provavelmente era previsível que a Luana de 2004 também não soubesse das gírias.

Eu tinha certeza que você não sabia.-disse ela revirando os olhos e sorriu.-Boca virgem, Leana.

Nossa.

Havia esquecido completamente que essas gírias/siglas adolescentes esbanjavam originalidade.

Mas fazer o quê?São linguagens criadas para nós mesmos, para os adultos (eu) não entenderem de modo algum.

Aquilo foi um ato de rebeldia, uma...dose de adrenalina na veia.-disse e dei de ombros.-Não significou nada, se quer saber.

Ok...-disse Molly com a famosa aura de "Eu já sei o que vai acontecer mesmo".-Só espero que seja só com um hormônio mesmo que você esteja na veia.

Revirei os olhos e dei uma risadinha, até olhar para o meu relógio:faltavam dois minutos para aula de costura e customização, que ficava do outro lado da escola.

Eu corri como se não houvesse amanhã.

Ou uma aula que podia definir meu "novo futuro".

(...)

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