QUANDO ASTRID COMEÇA A AGIR

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GIOVANNI TINHA LÁBIOS MACIOS , e apertou minha mão quando nos beijamos. Em seguida, nossas bocas se abriram, nossas línguas se tocaram, e o sangue disparou pelo meu corpo com mais velocidade do que a provocada pelo efeito de qualquer unicórnio.
Quando se afastou e olhou para mim, os olhos sorriam tanto que tive vontade de rir alto.
- Uau - disse ele.
- Está vendo? - Tirei o cabelo do rosto. - Não sou tão inocente quanto você pensa.
Eu mal me lembro do resto do museu. Vimos um monte de obras de arte lindas, e Giovanni parecia saber um pouco sobre todas elas, mas como eu podia perder tempo pensando nas
esculturas de mármore quando estava muito mais interessada nas linhas do corpo dele? Ele ficou segurando minha mão pelo resto do passeio, e reparei na maneira como seus músculos se movimentavam debaixo da camiseta, como suas clavículas apareciam pela abertura da gola e
seus ombros se comprimiam contra o tecido. Ele tinha mãos grandes, como o Davi de Bernini que vimos no térreo. Só que era mais magro; mais corredor do que lutador. Sua pele estava um tom ou dois mais escura do que na última vez em que o vi, e seu cabelo se encaracolava sobre
a testa e no topo da cabeça. Ignorei a maior parte das estátuas de italianos que ele me mostrou, preferindo me concentrar nos contornos do rosto de Giovanni: seu nariz largo, maçãs do rosto proeminentes e olhos escuros e profundos com cílios negros e grossos.
Decorei cada detalhe. Esse era o homem com quem eu dormiria. Giovanni seria meu Acteon.
Em certa ocasião, ele me puxou para um canto e me beijou até um segurança pigarrear e gesticular para que seguíssemos em frente. Em outro momento, tirou a mão da minha e a
colocou nas minhas costas, deixando-a repousar ali, quente e pesada, até que minha coluna quase ficou dormente com a sensação.
A decisão foi tão fácil. Por que fiquei tão perturbada? Quando se tratava de Brandt,

quando se tratava de todos os garotos com quem fiquei, me senti tão pressionada a seguir em

frente que não parei para apreciar cada etapa do caminho. Mas, agora que eu sabia para onde

estava indo, sabia que queria ir, a sensação era deliciosa. Essa onda agradável e emocionante


de poder que percorria meu corpo era intoxicante, inebriante. Flertei como nunca tinha feito

antes. Giovanni não ia ficar surpreso? Sem persuasão, sem jogos de sedução à espera de me


fazer ceder. Eu estava pronta para ir em frente.


A única pergunta era onde cometer o ato.

Obviamente, o Claustro estava fora de questão. Onde os meninos moravam? Será que o

quarto de alojamento dele nos daria privacidade o suficiente? Seria possível conseguir um

quarto de hotel? Eu não morria de vontade de perder a virgindade em cima de um cobertor em


um canto afastado do parque, mas não se pode ter tudo.


Nosso tempo no museu acabou, e os seguranças encaminharam os visitantes para a porta.


Encontramos Phil e Seth se beijando ao lado de um chafariz no jardim.


- Aí estão vocês! - Phil se afastou dele e veio em minha direção. - Vocês demoraram

uma eternidade! Estou morrendo de fome. Vamos comer.


O sol estava se pondo, mas a maior parte dos italianos só comeria dali a horas.


- Na verdade - falei -, não estou com muita fome. Talvez você e Seth possam ir

sozinhos. - Fiz olhos de cachorrinho sem dono para Giovanni.


- É sério? - disse ele. - Pra falar a verdade, eu queria comer. Não almocei hoje.


Mordi o lábio. Isso seria complicado. Eu me inclinei e sussurrei no ouvido dele:

Caçadora De UnicórniosOnde histórias criam vida. Descubra agora