quatro

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Após uma hora e alguns minutos de estar a admirar inúmeros seres humanos atarefados com as suas vidas decidi que era tempo de ir comer qualquer coisa. O meu estômago fazia barulhos, talvez, um pouco constrangedores para as pessoas à minha volta, alertando-me para o facto de que tinha de encontrar um café o mais rápido possível.

Desde pequena que o meu avô me ensinara a trazer alguma comida comigo para onde quer que vá conseguindo, assim, poupar algum dinheiro e tempo também. Porém, hoje não era esse o caso.

Depois de uma caminhada de 5 minutos encontrei um café que me agradasse. Apressei-me a fazer o pedido, visto que, nesta altura, o meu estômago preparava-se para entrar em guerra comigo.

Tentei observar o café, tinha um ar novo, aconchegante e cheirava a algo doce. A única coisa que mais me chateava era não conseguir observar as cores à minha volta, tudo era em tons de cinza. Por vezes, pensava nas cores e na falta que elas me faziam.

Um mundo a preto e branco é aborrecido, solitário, monótono. Este tinha sido o meu mundo desde os meus 14 anos, quando uma doença rara apoderou-se das cores da minha vida e sugou-as como um buraco negro. Desde esse dia que vivo num lugar onde a inexistência de cor tornou-se, em português popular, o pão nosso de cada dia.

Sonhava em num dia mais tarde conseguir voltar a ver mais que tons de cinza, observar o pôr do sol ou simplesmente ter a satisfação de olhar nos olhos de alguém e admirar a sua cor. Tudo isto era impossível, mas sonhar não faz mal a ninguém!

Depois de ter acabado de comer, voltei para casa. O resto da minha tarde seria ocupado a planear a minha última semana antes de começar a trabalhar.
Estava super ansiosa, não seria o meu primeiro trabalho, porém, nenhum deles me obrigava a enfrentar seres humanos diretamente. Era apenas mais um obstáculo à enfrentar.

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