[diana]

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Por mais que pensasse em alguma solução, não havia outra. A solidão me consumiam a cada dia. Meus demônios estavam vencendo essa guerra. Eu estava desistindo, levantava a bandeira branca. Se a morte fosse uma soneca eterna, eu a aceitaria de bom grado.

Não haviam motivos que me prendessem ao chão. Já não tinha razões para viver. Eu apenas coexistia. Agora não tinha motivos nem para coexistir.

A rodovia 134 era a mais movimentada de toda Hills. Conhecida também como Rodovia dos Suicídios.

Seria lá

Respiro fundo, sentindo meu coração bater furiosamente contra o peito. A adrenalina tomando conta do meu corpo. As pernas hesitando a ir ao encontro da rodovia. Mas não era hora de desistir. Pois não tinha outra saída.

Estava tão sozinha, tão sozinha.

A cada passo que dava, minha mente pensava em somente em uma prece: desculpa.

A luz ofuscante dos faróis fazem com que meus olhos fechem. A buzina dos carros reverberam pelos meus ossos.

Me preparo para o impacto, pela dor e finalmente pela paz. Mas a única coisa que sinto é um empurrão e um corpo sobre o meu.

Uma dor latejante passa pelo meu braço pela queda. Arfo.

Mantinha meus olhos fechados, praguejando baixo.

Aquilo não era morte. Alguém havia me salvado de mim mesma. Harry havia me salvado.

Eu poderia distinguir aquele perfume, senti-lo antes mesmo de vê-lo, o cheiro mentolado de Harry era único.

-Droga- ele murmura- Droga, Meg.

-Desculpa- falo em um fio tênue de voz.

Ele sai de cima de mim, se deitando ao meu lado. A respiração descompassada. Ofegante.

-Por quê?- pergunta

Gostaria de saber a resposta. Porém por mais que me questionasse, nunca saberia lhe dar um esclarecimento suficiente. Eu apenas estava cansada. Exausta.

-Eu não sei - murmuro, encarando o verde dos seus olhos - Estou quebrada, cansada de remendar os cacos. Não quero mais viver. Não tenho motivos.

-Não- protesta, balançando a cabeça fervorosamente - eu vou te salvar Meg. Quantas vezes for preciso. Não deve fazer isso consigo mesma. Não se castigue por algo que não teve culpa.

Contudo, eu me sentia culpada. A morte dos pais era um fardo que eu carregaria até meu último suspiro. Se eu não tivesse me metido em encrenca naquela noite, se eles não tivessem ido me buscar... Nunca teriam sofrido aquele acidente. Eles poderiam estar vivos.

As lágrimas já escorriam pelo meu rosto, incontroláveis. Harry as seca com os polegares. Me acomodando em seus braços.

-Eu preciso de você, Marguerite- sussurra, beijando o topo da minha cabeça- Fique viva. Eu preciso de você.

Ele repete aquela frase repetidas vezes, como um mantra. Promessas proferidas em vão a esmo.

-Vamos enfrentar tudo isso juntos Maggie. Eu vou estar aqui. Vou estar sempre ao seu lado, por que der e vier. Nós vamos enfrentar o escuro.

Um soluço contido sai da minha garganta. Harry continua:

-Eu vou te consertar, Meg, vou colar cada caquinho do seu coração. Eu prometo.

Eu acreditava em Harry.

tq-L

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