[something great]

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Eu encarava a tela branca do notebook no meu colo há algumas 2 horas sem ter ideia de como descrever a cena a minha frente. Nunca tive um bloqueio criativo, agora estava descobrindo o quanto era frustrante. Maldita hora que o professor de inglês passou essa redação. Como eu escreveria sobre o amor se eu nem acreditava nele?

Bufo irritada, deletando minhas únicas 150 palavras que havia escrito em 2 horas. Começo de novo: Era um dia tristonho de outono, as folhas caiam suavemente no chão, crianças brincavam alegremente espalhando-as ainda mais. Ele a encarou. Estavam frente a frente. Ela sentiu sua respiração ficar ofegante, e o coração bater mais rápido. Uma brisa soprou de algum lugar, fazendo cócegas em seu rosto. Ele deu um passo à frente. Agora estavam tão próximos que poderia sentir suas respirações se misturando. Sua pele se arrepiou. Ele sorriu de lado. O coração dela palpitava em seus ouvidos, jurava que ele poderia ouvir. Ela inclinou sua cabeça para trás, fechou os olhos entreabriu os lábios, esperando... "Eu não vou te beijar" disse o garoto. Ela abriu os olhos, envergonhada...

-Isso foi mal- uma voz rouca atrás de mim disse. Dei um pulo, assustada. Um garoto aparece em meu campo de visão, com as mãos enterradas nos bolsos da calça.

-Estava lendo atrás de mim?- pergunto. Minha voz esganiçada de indignação. Eu sentia como se minha privacidade tivesse sido violada.

-Sim- ele dá de ombros, indiferente- Estava passando, quando te vi digitado furiosamente no teclado.

-E resolveu espiar o que eu escrevia?- ergo uma sobrancelha.

-Falando assim parece algo ruim- ele franze o nariz, acharia isso fofo se não estivesse tão chateada- Desculpe de qualquer forma.

O garoto se prepara para ir embora, mas por algum motivo eu o chamo de volta. O que estava dando em mim hoje?

-Hey!- o chamo, levando do banco de madeira do parque. Ele gira em seus calcanhares, dando meia-volta- Como se chama?

-Harry Styles!- ele sorri, caminhando novamente até onde eu estava-A seu dispor.

-Quer tomar um café?- eu o convido. As palavras saíram sem pensar.

-Claro- seu sorriso em seu rosto se alarga- Conheço uma cafeteria aqui perto, podemos ir lá se quiser.

Eu assinto.

Mas o que diabos eu tinha? Nunca em sã consciência eu convidaria um completo estranho que criticou minha história para tomar café. Mas algo em Harry me intrigava. Seus olhos verdes esmeralda, caracóis castanhos, sorriso branco perfeito... Nele havia algo que me fazia questionar minha sanidade...

Em alguns poucos minutos chegamos à cafeteria. O estabelecimento era pequeno, porém aconchegante. Nos sentamos em uma mesa mais no fundo. Os sofás eram vermelhos e confortáveis, me lembravam das lanchonetes de fim de estrada.

-Então- ele conheça- O que vai querer?

-Chocolate quente- digo prontamente, fazendo-o dar uma pequena risada- O que?- pergunto indignada

-Seus olhos brilharam quando disse chocolate quente- explica- Foi fofo.

Ele aperta minhas bochechas. Eu lhe lanço um olhar de morte. Harry rapidamente tira as mãos, levantando-as no ar, em rendição. Sorrio, satisfeita.

-Vou fazer os pedidos- anuncia, se levantando. Eu assinto.

Deslizo meu notebook sobre a mesa, voltando a escrever o maldito texto: "Eu vou te levar a um -faz uma pausa- lugar especial".

"Ah"- murmura a garota, ainda com as bochechas coradas.

A viagem de carro se passou com um silêncio constrangedor e The 1975. Já estava escurecendo quando finalmente pararam...

-Os pedidos chegam em alguns minutos- Harry avisa, sentando novamente a meu lado. Volto a atenção ao garoto de olhos verdes - Não mate a garota ou que tudo isso foi um sonho, ou eu te mato.

-Que pena- faço bico- Eu iria dizer que tudo era mais um de seus sonhos com o garoto de olhos cor de mel, que assombrava seus pensamentos.

-Não faça isso- ele geme em frustração- Não tem coração?

-Não- nego - Tenho uma pedra de gelo no lugar.

-Profundo - ele revira os olhos- Se quer minha opinião...

-Eu não quero sua opinião- eu o interrompo. Ele revira os olhos novamente.

-Termine com um beijo deles em algum lugar lindo a luz do luar.

-Legal. Então vem uma assombração e mata os dois - brinco com um sorriso sombrio no rosto. Ele me encara sério, e então mostra a língua, infantilmente. Dou uma gargalhada, enquanto Harry se dirige ao balcão para pegar nossos pedidos.

Aquele chocolate quente era o melhor que já tomara, principalmente com a companhia incrível de Harry. Ele me fazia bem. Nossa conversa fluía naturalmente, como se nunca ficássemos sem assunto. Como ele até os silêncios eram confortáveis.

Já estava escurecendo quando nos demos conta que precisávamos voltar para nossas vidas. Era como se tivesse entrado em uma bolha, na qual só estávamos apenas eu e Harry. Como se o tempo tivesse parado e o mundo já não girasse em volta do Sol.

-Bem- começo- Acho que é hora de dizer adeus.

Na verdade, eu não queria me despedir. Estava amando ficar ao lado do cativante garoto de olhos verdes. Poderia ficar ali por horas sem me cansar...

-Não gosto de dar adeus- ele enruga o nariz, como não gostasse nem de pronunciar a palavra - Então até qualquer dia, Oli.

Sorrio abertamente com o apelido.

-Até qualquer dia Harry - aceno, tomando o rumo do meu pequeno apartamento a algumas quadras de onde estávamos.

Durante todo o caminho para casa não conseguia conter que um sorriso bobo tomasse conta dos meus lábios. Achava que o amor era uma ilusão, mas talvez eu esteja enganada...

Naquela mesma noite, sentada em minha pequena escrivaninha, deixei que meu coração domasse minha mente, e que seus batimentos se transformassem em palavras. As teclas do computador foram substituídas por papel e caneta. A mente pelo coração. E o que poderia ser uma tarde frustrante tentando escrever sobre algo que não conhecia, pela companhia de um encantador rapaz.

Com aquele texto meu 10 estava garantido. E algo me dizia aquela tarde tristonha de outono seria o início o uma bela história.

[IMAGINES] LOVELYOnde histórias criam vida. Descubra agora