5- Sem palavras

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   No momento em que vi meu melhor amigo, não consegui acreditar que era ele... Quer dizer como o menino gorducho, meio careca, que vivia com o mesmo moletom manchado e que eu conhecia desde criança, vira um deus grego do nada?
  Sou o tipo de pessoa que quando fica nervosa não para de rir... Mas naquele momento só consegui ficar de boca aberta sem saber o que fazer.
  Meu amigo que veio até mim com aquele sorrisão, pareceu meio desconfortável com o meu silêncio, e não era para menos eu também ficaria. Foi ai que eu me toquei, independente da aparência que o Andrew tivesse.. Ele ainda era o Andrew, meu melhor amigo, a pessoa que eu mais senti falta quase o ano todo!
   Derrepente ja não estava mais surpresa, mas sim completamente feliz e aliviada de finalmente ter ele de volta.
   - Meu Deus, que saudade eu tive de você!
  Eu disse me jogando nos braços do meu amigo com toda força. Ja tinha feito isso diversas vezes, costumava ser muito engraçado Andrew que sempre foi maior que eu, mas quando recebia meu abraço forte (no caso sempre, por que eu adoro abraços) caía ou cambaleava, o que fazia me sentir forte e poderosa, mas quando me joguei com toda força nele, ele simplesmente me levantou e rodou comigo no ar. Me-levantou-no-ar! Não pensei que ia viver pra ver isso.
   Surpresa com o movimento inesperado, dei um grito que virou risada, que foi meio constrangedor já que não gosto que as pessoas vejam meu lado de menina, que pra falar a verdade nem eu sabia que tinha. Andrew riu também e disse:
  - Não mais do que eu, pode apostar.
  Ele me colocou de volta no chão e olhou pra mim, com aquele olhar que eu tanto senti falta, um olhar de carinho que sempre foi mútuo.
   - Meu Deus menino, será que é possível que você esteja mais alto?
   Falei por que de perto foi o que pareceu.
  - Acho que talvez um centímetro, na verdade eu emagreci bastante, então visualmente pareço maior mas continua quase a mesma coisa.
   Ele falou dando de ombros, com o sorriso leve que sempre teve. Quando fez isso, imediatamente me senti confortável de novo, percebi que ele tinha mudado na aparência, mas não no jeito.
  - Definitivamente, não continua a mesma coisa. Olhe só para você! Quase não te reconheci! Como mudou tanto?
    Ele me laçou um sorriso misterioso e disse:
   - Bem foram tantas coisas... Mas você também, virou gótica ou está fugindo da polícia?
    Eu ri do absurdo que ele disse, pelo visto devia continuar a estranha sem graça que sempre fui... Isso me deixou meio triste mas não demonstrei.
   - Com certeza fugindo da polícia. Aliás você acaba de se tornar cúmplice.
  - Mal cheguei e você ja está me envolvendo em crimes. É por isso que te adoro! - Ele deu um sorriso malicioso que me fez rir em seguida disse: - Vem vamos entrar.
     Colocou meu braço ao redor do dele e me guio através das pessoas até dentro da escola. Não pude deixar de notar no olhar que as pessoas estavam direcionando a nós, um olhar de "o que ele está fazendo com ela?" e então mais uma vez me imprecionei em como ele estava diferente, em como estava bonito. Eu nunca tinha reparado no rosto marcante que desconfio de que Andrew sempre teve, ele sempre me pareceu fofo e ingênuo, o sorriso dele sempre me acalmou e ele sempre me fez rir não importa o quão mal eu podia estar. Me apego a esta visão do meu amigo e ignoro todo o resto de pensamentos que me fazem ter medo. Andrew é e sempre foi minha calma, não posso perder isso.

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  Andrew me contou algumas das experiências que teve na europa morando com o pai, no intervalo das aulas e eu ria sem parar em ouvir todos os micos que ele passou, e com isso o tempo passou que eu nem vi. Já perto da hora de ir embora foi que percebi que não tinha visto minhas irmãs, não que eu achasse ruim, mas foi estranho elas nunca perdem uma oportunidade de me irritar. Meus irmãos ficaram na escola para treinarem para o próximo jogo, então Andrew me acompanhou até em casa, o que ele faria de qualquer jeito ja que mora na esquina depois da minha casa. Ele teve que sair para ajudar a mãe dele com a cafeteria da família, então eu fiquei sozinha. E como não ia ver ninguém por pelo menos umas 6 horas, peguei minha bicicleta e fui em direção ao meu lugar favorito, O galpão abandonado onde eu danço por quanto tempo eu quiser sem que ninguém me veja. É bem confuso ter uma mãe professora de dança, e um pai que costumava ser o dono da tal academia ( agora não é mais para não gerar mais desavenças) e não ir se aperfeiçoar lá... Mas a questão é: Eu finalmente descobri algo que é só meu. Pela primeira vez na vida tenho algo que não é manchado pela presença de outras pessoas, eu não sei me exolicar muito bem mas... Ser uma garota que não faz parte de algo sólido não é a coisa mais fácil de lidar...

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