6- Magia no ar.

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    O galpão fica na antiga rua industrial, um lugar onde a muito tempo funcionavam todas as fábricas da cidade. O lugar é incrível, pelo menos pra mim pois há uma energia de sonhos aqui, sabe? Tantas pessoas que passaram por aqui sonhando em ser algo mais, tentando achar seu lugar no mundo... As vezes eu sou muito brisada, principalmente quando ando de bike pensando na vida.
  Chego no galpão e já tremo de antecipação. Não me canso dessa sensação maravilhosa de fazer algo que me completa e que pertence só a mim, sem que ninguém saiba, é como se eu tivesse por um momento meu próprio universo. Paro a bicicleta em um local estratégico por costume, já que quase ninguém passa por esse local, e me encaminho para a parte de trás do galpão onde o som do rádio é abafado pela construção.
  Hoje me sinto feliz, meu amigo está de volta, ficou perto de mim e não deixou que a distância mudasse nossa confortável amizade, minhas irmãs não implicaram comigo ou melhor eu nem as vi... E todo o medo que estava sentindo, meio que passou.. Ainda estou insegura sobre muitas coisas na minha vida, mas pelo menos agora, elas se foram. Sentindo isso, essa expectativa boa de que as coisas vão dar certo faço minha escolha de música, coloco Happy do Phrael Williams. Não é o estilo que costumo dançar, nem o mais desafiador, mas hoje eu só quero me mexer, extravasar esse sentimento. Então tiro o moletom do meu irmão mais velho, solto o cabelo e começo a me mover. Primeiro mecho os ombros, depois vem as mãos e então meu corpo todo ja está no gingado da música, balançando pra la e pra cá. Começo a rir do meu reflexo nos espelhos, eu pareço uma lunática. Nesse galpão funcionava uma enorme confecção de roupas de festa, então esse lugar e repleto de espelhos por todos os lados, seria meio assustador para pessoas normais, só que eu não sou normal então pra mim tudo é fantástico. De baixo do moletom, estava usando uma regata folgada preta, mas com todo o movimento que eu estava fazendo, comecei a suar então tirei a regata também fiquei com um top esportivo cinza. Me olhando assim agora, até fiquei um pouco assustada. Minhas curvas estavam todas bem acentuadas, sem toda aquela roupa por cima, eu me sentia gorda antes, mas me vendo por inteiro percebi que só algumas partes minhas tinham se inchado. Meus seios estavam maiores, meu quadril um pouco largo e redondo, minha cintura fina... E desde que comecei a pegar pesado na dança, meu corpo está firme e forte... Não é uma visão desagradável... Na verdade não é nem um pouco desagradável. Percebi que estou me olhando no espelho por muito tempo, e fico constrangida comigo mesma, o que é ridículo. Bem eu ja dancei por quatro horas, músicas felizes que me fizeram relaxar. Então decido voltar pra casa. Espero um pouco pro meu corpo esfriar e logo coloco minhas roupas de volta.
  Chegando em minha casa, vou direto para o banho, coloco minhas roupas na máquina e torço para que fiquem limpas antes que minha mãe chegue. Sempre levo algumas mudas e um sistema de som comigo quando saio pra dançar, mas raramente uso, ja que depois só será mais roupa pra lavar.
  Depois de tanto esforço fisico decido tirar um cochilo, pois nesse momento minha preguiça é maior que a fome.

*********

    Eu ainda estava dormindo, quando senti meu colchão afundar um pouco do lado direito, achei aquilo meio estranho ja que ninguém entra no meu quarto. Um pouco confusa e sonolenta me viro para ver o que é que estava acontecendo.
  - AAAAH! SOCORRO!!
    Com o coração acelerado, o frio na espinha e as mãos trêmulas dou um pulo do cama indo parar no outro lado do quarto onde abro a porta desesperada por um pouco de luz. Quando abro a porta pronta pra correr ouço a risada alta e contagiante que reconheço em qulquer lugar. O susto de talvez ter um demônio no quarto é substituído pelo susto de ter meu irmão mais velho no meu quarto rolando de rir.
    - SURPRESA MINHA DESCABELADA FAVORITA!
   Solto um grito e pulo novamente, só que dessa vez em cima do meu irmão favorito Carlos que não vejo dês das férias quando ele ficou um breve período com a família.
   - Macaco! O que você ta fazendo aqui seu lindo?
  Ele me abraçou quando pulei nele e riu.
   - Já estava na hora de ver mimnha família, não aguentava mais de saudade.
   Dei um soco no braço nele me lembrando do susto maldito que levei, o que só fez ele rir mais.
   - Que isso menina? Ta malhando? Tomando bomba? De onde veio essa força?
   - De rancar a cabeça dos inimigos com minhas próprias mãos.
  Dei um sorriso maléfico, e Carlos deu uma leve assustada.

******

   Descemos para o jantar pouco tempo depois, e ja se pode imaginar a festa que foi. Carlos é tipo a luz daquela casa, quando ele ainda morava com a gente não havia tempo ruim com ele por perto, as coisas na casa da minha mãe são tranquilas normalmente... Mas as vezes rola um ressentimento do passado são muitas coisas que ficaram sem explicação entre nós, mas Carlos nunca deixava eles virem a tona. Na verdade perto dele parece que problema nenhum existe, e cara eu amo aquele garoto... Mas sua vinda até em casa ainda é um mistério. Alguma coisa aconteceu e seja la o que for estou pronta pr matar alguém

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