Nos encontramos com a capivara perdida

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escrito por TiagoAdulis

{Trisha}

Tá. Eu sei que esse é um nome estranho. DE NOVO um nome estranho que envolve animais exóticos. Parece que é meu destino me deparar com esses bichos: primeiro, um LÊMURE de Madagascar rouba meu maravilhoso hamburguer vegetariano de soja. E depois, encontramos uma CAPIVARA brasileira. Pois é, definitivamente não se vê isso todo dia. Enfim, estávamos na parte que eu e Alyssa morríamos, né? Eu olhei para o lado, e minha irmã — ferida e exausta como eu — fechava os olhos. E, um instante depois, minhas pálpebras se fechavam, pesadas. Sim, estávamos morrendo. Sem forças, eu não enxergava mais nada, enquanto o ar se esvasiava dos meus pulmões e meu corpo repousava no chão gelado. Mergulhei para a escuridão profunda que alguns chamam de morte.
E então acordei.
— Tris!!! Acorda!! — a voz de Bel gritava no meu ouvido. Abri meus olhos, e ao me acostumar com a claridade, olhei ao redor. Estava deita sobre uma mesa de sinuca, em um bar que eu reconhecia. Abel estava sobre mim, tentando me acordar, e, agora que tinha conseguido, sorria que nem um bobo. Ao meu lado, Estelle tentava acordar Lys. Por fim, ela deu um tapa na cara da minha irmã, que acordou assustada, quase caindo da mesa.
— Esse é o bar... O bar de Harmonia? — perguntei para Bel ao reconhecer o local. E a deusa ainda estava lá... No mesmo lugar, bebendo incessantemente, com o vestido mais sujo ainda. Virava copos e mais copos, de modo que nem tinha que pedir mais: automaticamente, o barman já enchia uma fileira de doses e as colocava na frente da deusa.
O filho de Pothos assentiu:
— Sim. — sorriu — Pelo visto você e Aly estavam tendo alucinações, visões, devido à influência de Ênio e Pothos. Então tiramos vocês do conflito, e as trouxemos para cá, já que era perto.
— Entendi — sorri fraco para ele, e com um gemido me levantei da mesa. O bar continuava lotado de homens russos, que jogavam e bebiam como a deusa.
Por alguns instantes, parecia que as últimas horas tinham sido apenas um pesadelo. Mas então percebi... Karam. Karam estava morto. Esfreguei os olhos, tanto pelo sono como para evitar as lágrimas que estavam prestes a vir, e me aproximei de minha irmã. Ela se virou para mim no mesmo instante em que me virei para ela:
— Desculpa, eu... — falamos em uníssono, exatamente ao mesmo tempo. Não precisávamos continuar a falar. Já tínhamos entendido o que a outra tinha a dizer: nossa conexão, nossas personalidades complementares, nos permitiam compreender coisas como essa sem a necessidade da fala. Nos apertamos em um forte abraço, e, novamente - assim como quando lutamos unidas, no topo da torre - éramos como uma só. Éos e Latona, amanhecer e anoitecer, grega e romana, irmãs. Nosso abraço pareceu durar horas, até que o barulho de um copo quebrando me fez olhar para o outro lado. Harmonia estava em pé, com a mão estática no ar. Os estilhaços de vidro no chão eram do copo que segurava a pouco. O olhar voraz, que desejava mais bebida, havia desaparecido, e um olhar sereno e calmo o substituía. Em passos leves e etéreos, a deusa se aproximou de nós quatro. Harmonia estava de volta ao normal.
— Preciso que tragam o mascote do bar — disse Harmonia em uma espécie de transe. — Eu ainda não estou totalmente consciente, preciso que vocês recuperem a capivara que foi roubada do bar.
E para a surpresa de todos Harmonia se virou e gritou:
— Mais bebida. — E depois se virou para Alyssa e depois para mim e disse: — Vocês devem se apesar! Está no bar inimigo! — Disse Harmonia antes de gritar: — Tragam logo a droga da bebida!
Depois de perguntar a algumas pessoas que frequentavam o bar, nós descobrimos que o bar rival era da deusa Discórdia, o bar ficava perto, então fomos à pé. Quando chegamos lá Discórdia estava sentada em uma cadeira enquanto ria e brincava com algumas crianças, o que era estremamente estranho, o nome da deusa já diz tudo. O bar não era muito grande, mas aparentava ser bastante confortável. Quando passamos pela porta, ninguém nos notou, o que era bom. A deusa dissera que deveríamos buscar a tal _capivara_ no bar rival... por quê "rival"?

– Ahn, Tris?! – ouvi uma voz atrás de mim me chamar, era a de Estelle.

– O quê foi? Vocês já acharam o porc...– me viro, ela parecia preocupada, mas, assim que olho para onde ela olhava, me dou conta do porquê eles eram bar rivais... na verdade, começo a reparar no bar por inteiro, coisa que eu ainda não havia feito, já não sei os outros. O lugar era decorado por bandeiras dos EUA, pra lá e pra cá! Frases que somente pessoas capitalistas usavam, ou usam, antigos presidentes, como JFK... Mas, alguma coisa me dizia que não era somente por um bar pertencer aos russos, e o outro aos americanos que essa rincha existia, me parecia algo mais... Mas no momento precisávamos focar na maldita capivara. Fala sério, uma capivara?! Tudo bem, eu já estava quase me acostumando. Nos encontramos com a deusa e explicamos toda a situacao pra ela, porem ela não liga muito, tenta mudar nossa opiniao e nosso lado da historia e uma hora ate quase comecamos a brigar, mas ja tinhamos passado por muita coisa pra cair nessa ladainha dos deuses. Não somos tao influenciados e a deusa, impressionada, acaba nos dando a capivara, e voltamos para o bar original.

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