Capítulo 2

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Os adolescentes, a maioria deles, sempre irritaram. Como eles podem ser tão felizes com suas calças hiper apertadas e 10 camadas de base no rosto? Todas as manhãs os casais de namorados vão juntos para escola esfregando a alegria na cara das pessoas. É como se eles fizessem questão de me lembrar todo o dia que: ''Nós somos felizes, você não.''

O ônibus nunca foi lugar preferido do mundo, na verdade, eu moro relativamente perto da escola então ou eu vou andando ou meu pai me dá uma carona, mas esse é um daqueles dias típicos do Rio de Janeiro em que o sol faz a cidade ficar tão quente quanto o inferno e ir andando pra qualquer lugar se tornar uma tarefa impossível.

-NÃO ACREDITO! Clarisse indo para a escola de ÔNIBUS? Devo estar tendo alucinações - Exclamou uma voz atrás de mim, fazendo-me deixar todos os livros caírem no chão antes que eu pudesse me sentar.Eu podia ter ficado brava, eu podia ter gritado de ódio, mas quando me virei para ver quem era o dono daquela voz me deparei com o dono do sorriso mais lindo do mundo. Pedro de Alcântara. A razão dos meus suspiros desde a oitava serie. Sempre foi assim, quando eu estava perto dele, me tornava o ser mais idiota da face da terra. As palavras pareciam não sair e minhas pernas podiam se tornar incapazes de sustentar o meu corpo de um segundo para o outro. Desta vez não foi diferente, mas ele pareceu não notar, estava ocupado pegando os meus livros do chão.

-Achei que você fosse mais do tipo que fosse andando para todo o lugar, sabe, curtindo a natureza. - Coitado, mal sabia ele que a única razão para eu andar até à escola era a tentativa de perder peso. Tentativa falha.

-Eu... hm... Talvez - Balbuciei sem nenhuma coerência - Não nesse sol. E ele riu, um belo sorriso. Ele sorria com os olhos, com os belos olhos castanhos. Ah, aquele par de olhos. ''Veja o sol dessa manhã tão cinza, a tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos''. Os olhos dele me desmoronavam como uma tempestade faz nos lugares mais frágeis. Mas eu gostava de ser desmoronada por ele, por ele e sua pequena tempestade castanha.

Pode até parecer ridículo, mas eu sempre pedi pra Deus, Afrodite, Vênus, e qualquer outra divindade, já que eu nunca soube ao certo em quem acreditar, que me cedessem o amor. Eu não me importava, podia até ser uma daquelas adolescentes com uma doença terminal que encontram o amor, mas morrem logo em seguida. Eu queria só cinco minutos de amor. Amar e ser amada. Mas eu acho que as divindades não vão muito com a minha cara, porque o bonitão de 1,85 de pura inteligencia e músculos me tratava como uma irmã.

-E você vai na festa a fantasia esse ano, Cla? - Ele me perguntou. Eu nunca fui o tipo de pessoa que vai pra muitas festas. Eu só tenho 16 anos, mas minha coluna dói horrores, eu não sei dançar e música alta me deixa com dor de cabeça.

-Provavelmente não, você sabe que eu não curto muito. - Respondi. Pedro e eu nos conhecemos desde os sete anos, na infância eramos grudados, aos treze anos o grupo aumentou e no Ensino Médio ele se distanciou. -E ainda tem aquele povo chato e fútil, não vai rolar.

- Pensa bem, daqui a pouco o ensino médio acaba e você não se divertiu. -Eu ia responder que a minha definição de diversão era diferente da dele, mas já estávamos chegando na escola, e lá ele raramente falava comigo.

Quando cheguei na escola encontrei Melissa sentada perto dos bebedouros com o rosto vermelho de raiva.

-Gata, você é pálida e quando fica com raiva parece um pimentão. -Disse rindo enquanto me sentava ao lado dela. - O que aconteceu dessa vez?

-Uma garota me chamou de puta ninfomaníaca, eu só quero curtir a vida enquanto meus peitos ainda não estão caídos, isso é pecado? - Melissa só pensava em curtir, curtir e curtir. E o amanhã? O amanhã que se foda. Esse era o lema da vida dela, devo confessar que tinha um pouquinho inveja. Mas pra ela é fácil pegar 10 garotos por noite, ela tinha peitões e uma bunda gigante.

-Quem te disse isso, garota? - Perguntei rindo.

-Não importa. - Respondeu ela mudando de assunto. - Só o que importa é a festa a fantasia na semana que vem, e você vai porque eu tô mandando. A festa desse ano vai ser épica, muita pegação, eu espero.

-Ah não, para de falar dessa festa. - Murmurei - Vamos pra aula e esquece isso.

-A gente arranja uma fantasia legal pra você, só não pode ser de enfermeira sexy porque essa já é minha. - Ela começou a tagarelar e eu percebi que seria um longo dia.



...

Espero de coração que tenham gostado desse capítulo e continuem acompanhando <3 <3 <3

ASS: Amanda Souza

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