A Aniversariante

Confronto

{Sophie}

Acordo no chão ao lado da cama, depois de uma noite mal dormida. Levanto e sinto uma dor nas costas, dois dias bebendo, eu já não estou mais com essa bola toda.

Vou até o banheiro e jogo uma água no rosto, me olho no espelho em seguida e resmungo sozinha. Acabada.

Reencontrar as meninas foi muito bom, as lembranças de ontem rodam pela minha cabeça e junto com elas, mais uma coisa, eu havia esquecido de Noah.

Corro de volta para o quarto e reviro os lençóis a procura do meu celular. Olho no chão, debaixo do colchão, na cabeceira da cama e nada. Não estava em lugar nenhum.

Vou até a cozinha do apartamento e vasculho em todos os lugares, até encontrar o celular na fruteira. Ligo a tela e vejo vibrar; 12 ligações perdidas e 32 mensagens de ontem para hoje.

Ele deve estar uma fera, pensei comigo mesma. Mas com que direito? Não temos nada sério, ele vai entender, eu estava apenas me divertindo por aí.

Abro a nossa conversa e digito uma curta mensagem: Bom dia, Nono. Eu sai com as ontem, não tive como responder, estou em casa agora, beijos. Envio a mensagem e desligo a tela do celular. A mensagem deve ser o suficiente.

Decido tomar um banho e vou até o banheiro. Não aguento mais o cheiro de bebida que está entranhado em mim. Tiro a roupa e ligo o chuveiro, entrando de uma vez debaixo dele. Deixo a água cair sobre meu corpo e encosto minha cabeça na parede, aproveitando esse momento para relaxar.

Ouço meu celular tocar e desligo o chuveiro, seco as mãos na toalha e pego o telefone, era Noah.

–  Oi, Nono. Estou tomando banho – digo com um sorriso no rosto.

– Oi, Sophie – seu tom era desanimado, ouço e logo paro de sorrir – Estou por perto, então... Tudo bem se eu passar aí?

– Você pode aparecer quando quiser, eu vou terminar o banho e te espero aqui – eu disse.

– Até daqui a pouco, Sophie – ele disse e desligou. Achei estranho o modo como ele estava falando, mas resolvi não esquentar.

Termino o banho e volto para o quarto. Visto minhas roupas íntimas e escolho um vestido florido para colocar por cima. Meu cabelo estava molhado, caído sobre os ombros, prendo uma parte para trás e me sinto satisfeita com o resultado.

Pouco tempo depois, ouço a campainha do apartamento tocar, vou até a porta e abro-a sorrindo por ver Noah ali.
Dou um abraço apertado nele e Noah demora alguns segundos para retribuir.

– Vamos entrar, só não liga para a bagunça – continuo a sorrir e entro junto com ele.

– Você já almoçou? Posso pedir alguma coisa se estiver com fome – diz ele, enquanto me encarava sério.

– Eu pensei em cozinhar hoje. Eu vou fazer um ensopado rapidinho, você pode sentar quieto e esperar – digo e pisco para ele.

Corro para a cozinha e começo a pegar os ingredientes para fazer o nosso almoço. Olho para o lado e Noah estava sentado no balcão da cozinha, ainda sério.

O silêncio toma conta da cozinha enquanto eu faço nossa refeição, aquilo estava me deixando desconfortável e eu estava sem paciência.

Pego um pouco do caldo e levo até ele, Noah prova e abre um meio sorriso.

– Então... posso saber o motivo dessa cara feia, Noah Aubry? – tento falar num tom brincalhão, coloco as mãos na cintura e espero por sua resposta.

– Bom, você pode – ele disse enquanto descia do balcão – Ontem você disse que ia me ligar após a prova, você não ligou, então eu mandei uma mensagem pra saber se estava tudo bem. Horas se passaram e eu mandei mais mensagens, liguei, e nada – continuou.

Continuo mexendo o ensopado e pensando no que eu acabara de ouvir. Olho para ele e depois volto a olhar para o fogão.

– Não vai dizer nada, Sophie? – ele disse.

– Noah, Angel me intimou a encontrar ela e a Megan depois da faculdade, nós bebemos juntas e ela pegou meu celular. Não achei que você fosse se importar, você sabe, eu sei me cuidar direitinho – disse enquanto me virava pra ele, lançando um meio sorriso.

– Eu fiquei preocupado, você saiu da minha casa ainda bêbada e depois, nada. Passou dois dias comigo e depois me ignorou – ele disse – acho que eu mereço um pouco de consideração, Soph - continuou.

– Ah, para com isso, Noah. Eu não morri, nem sumi, eu estou aqui – digo andando até ele. Noah solta um suspiro e volta a me olhar. Beijo sua testa e aperto suas bochechas – Vaamos! Diz que tá tudo bem, Bobão – ele revira os olhos ao me ouvir falar e rimos juntos.

– Só você pra me tirar o juízo, Soph – ele diz balançando a cabeça.

Sento no colo de Noah e Abraço seu pescoço. Mantenho o sorriso no rosto enquanto eu me aproximo. Estou tão perto agora que ouço sua respiração, nossos lábios roçam uns nos outros e eu o beijo com vontade. Acaricio sua nuca e brinco com a lingua dentro da sua boca.

Estar tão perto dele me deixa quente, é uma das sensações que eu adoro quando ele me proporciona.

Noah abraça minha cintura e eu sinto um sorriso no meio do nosso Beijo. Desço uma das mãos pelo seu abdômen e o acaricio por cima da calça.

– Soph, espera... – ele segura minha mão e eu Beijo seu pescoço. Ele tira minha mão da sua calça e eu o encaro – Você não quer, Nono? – pergunto mordendo o lábio e volto a encara-lo.

– Eu... pensei em ter um dia legal com você, sem sexo. Essa é a única coisa que a gente faz – ele coça a cabeça e eu levanto do seu colo – Eu não estou reclamando, o sexo é ótimo – ele sorri e suspira – mas eu quero aproveitar o dia com você.

Eu me senti constrangida por ver a reação de Noah, estávamos acostumados com o sexo e eu gostava assim.

– Você que sabe, por mim tudo bem – disse virando de costas pra ele - sabe, eu pensei que era isso que você queria desde o começo, o sexo – continuo.

– Sophie, desde sempre, o que sempre quis foi querer estar perto de você, o sexo é ótimo, mas não era a minha meta aqui – ele disse.

– Bom, nós não somos nada, então o sexo é o que temos – eu solto um riso sarcástico e dou de ombros.

– E você quer jogar isso na minha cara? – ele se levanta e continua me olhando – Nós somos amigos, Sophie. E não sei você, mas todo mundo a sua volta sabe que eu sempre quis ser mais que isso.

Engulo seco ao ouvir aquilo e me viro para ele.

– O quê? – rio e continuo – Você não sabe o que está dizendo, Nono. Você não quer mais nada que isso, não confunda prazer com paixão – termino de falar e ele volta a ficar sério.

– Acho que já entendi que você não sente o mesmo por mim, mas você não precisa ser uma cretina – ele termina a frase e suspira novamente.

Sinto um cheiro de queimado e me viro indo até o fogão. Falamos tanto que eu esqueci o a comida no fogo.

– O ensopado já era – rio mudando o assunto e me viro pra ele.

– Ótimo, eu perdi a fome – Noah termina a frase e se vira. Ele caminha até a entrada e sai sem olhar para trás, batendo a porta.

Fico olhando para a porta e o silêncio me faz refletir sobre o que tinha acabado de acontecer.
Tiro a panela do fogão e a coloco na pia com água.

Sento no chão da cozinha e suspiro com os olhos fechados. Noah, Noah, Noah. Era a única coisa que passava pela minha cabeça. Por que eu tinha falado com ele daquele jeito, afinal? O que eu queria provar fazendo aquilo? Noah tinha sido o ponto alto desses meus últimos dias, acabo de estragar tudo, eu sou uma verdadeira idiota.