Consequências

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{Sophie}

Eu estava me segurando para não vomitar, até que Noah, finalmente, estaciona o carro em frente a faculdade. Respirei fundo com a cabeça na janela e agradeci mentalmente por chegar ali sem ter sujado o estofado do carro.

A faculdade de psicologia não era tão difícil como eu pensava antes de ganhar aquela bolsa, mas eu não consigo pensar direito com toda aquela bebida no meu sangue, eu tenho certeza que vou bombar nessa prova.

– Bom, eu vou entrar, Noah. Obrigada pela carona, te devo uma – digo com um sorriso no rosto.

– Então eu vou cobrar – ele diz. Rimos juntos e me sinto constrangida por um segundo, por ver que ele me encara fixamente.

Olho para baixo e ajeito uma mecha de cabelo atrás da orelha, volto a olhar para Noah e ele se aproxima de mim, sua aproximação faz com que eu me sinta quente.

Acaricio o rosto de Noah e dou um selinho na sua boca. Ele suspira quando eu me afasto, sorrio ainda constrangida e saio do carro.

– Tchau, Nono. Eu mando mensagem quando terminar a prova – jogo um beijo no ar, na sua direção e corro até a entrada com a mochila em minhas costas.

Chegar atrasada na faculdade nunca foi divertido, ainda mais quando estou no meio de uma ressaca. Você não deveria ter bebido tanto ontem, sua irresponsável. Me punia enquanto lembrava da noite passada, algo dentro de mim não se arrependia.

A sala de aula já estava organizada para a realização da prova, me sentei na primeira cadeira que vi e pressionei a cabeça enquanto tudo em minha volta rodava.

Eu não tinha muitos colegas de faculdade, sempre fico quieta na minha ouvindo as explicações e rezando para isso acabar logo. Mesmo assim, sempre tem aquela pessoa que, mesmo sem motivo, nos odeia. Não, nenhuma das pessoas da minha sala me odeia, estou falando da professora.

– Atrasada de novo, Sophie – disse Mariza. O tom que ela  sempre usa quando diz meu nome é de total desprezo, queria entender o motivo.

A prova começa e os burburinhos cessam conforme as pessoas começam a ler a prova. Eu tento me concentrar na primeira questão, minha cabeça ainda gira, fecho os olhos por um instante e respiro fundo.

Respira, se concentra, você sabe essa, você vai conseguir. Tento me estimular por pensamento, enquanto leio as questões daquela maldita prova.

Quase deixo escorrer uma lágrima de emoção quando consigo enfim terminar a primeira questão. Parto logo para a segunda pergunta, mas sinto meu estômago embrulhar. Era só o que me faltava, o deus da cachaça estava contra mim nesse momento, eu sentia.

Deixo tudo do mesmo jeito na mesa e corro para fora da sala de aula com a mão na boca. Eu preciso de um banheiro urgentemente.

Cada passo que eu dou só ajuda a piorar a situação. Abro a porta com brutalidade e corro me ajoelhando na frente do sanitário. Coloco tudo pra fora de uma só vez, meu corpo resolve dar uma pausa e eu consigo novamente respirar.

Eu estava ofegante, mas olhando pelo lado bom, minha cabeça e meu estômago estão renovados agora. Vou em direção a pia do banheiro e me olho no espelho; eu estou horrível.

Meu celular vibra no bolso da minha calça e eu suspiro profundamente antes de pegá-lo. Vejo uma mensagem não lida e abro na mesma hora, era Angel.

Angel: Será que é esse mesmo o número da vagabunda sumida? Me responde logo, se não você vai ter um problema, fofinha.

A AniversarianteOnde histórias criam vida. Descubra agora