Um minuto e um segundo

31 1 0
                                    



Capítulo 7— 1 minuto e 1 segundo


Minha nossa, como uma toalha virou um bicho de sete cabeças?

Eu estou amaldiçoado.

Tudo certo, é só pendurar na maçaneta...

Eu tinha o roteiro na minha mente, incluindo diálogos e possíveis alterações. Seria da seguinte maneira "toc toc" , ela diria "Leon é você?" e eu responderia "sim, a toalha está na maçaneta". Pronto, tão simples quanto a fórmula química da água.

Primeiro passo, bati na porta de madeira branca.

Olhei para os lados, por sorte não havia outras pessoas andando pelo corredor.

— Abra.

Eu limpei o ouvido com dois cotonetes está manhã, logo não escutei errado...

Ok, no meu roteiro o verbo abrir estava cogitado, não olhar o corpo de Mari era fundamental para o meu diálogo ir de acordo com o planejado na minha cabeça.

Mari é proibida.

Meu mantra, foco nisso.

Enquanto eu fazia um suspense em abrir uma porta, foquei os olhos na cerâmica, pronto consegui me manter olhando as pastilhas em tons azuis. Respirei fundo, e estiquei meu braço para entregar a toalha.

— Aqui.

— Coloca aí em cima do vaso, estou dentro do box.

Eita' caramba, é hoje que não vou dormir direito.

Porque essa mulher não está seguindo o que eu planejei?

Eu estou morando na pensão há 3 longos anos, e consequentemente frequento este banheiro ao mesmo tempo, logo sei de cor cada cantinho. Mantive o olhar baixo, talvez, se alguém me visse em uma situação desta duvidaria da minha orientação sexual já estou evitando uma mulher linda, e sem roupa, molhada e... Aí caramba!

— Hãn, Leon... O box é fumê, mas eu consigo ver daqui.... Você está bem?

O vidro até pode ser fumê, mas não tanto assim.

— Sim, tudo ok.

Não consegui entrar no banheiro por inteiro, sendo assim mantive uma perna do lado de fora e outra esticada para dentro do ambiente. Minha mão não largou a maçaneta e a outra que segurava a toalha deixou o objeto acima do vaso, como um gancho de guindaste.

Missão impossível é nada comparado ao que estou fazendo aqui, tanto que o suor na minha testa estava já escorrendo pelo meu rosto.

Minha mente suplicava para pelo menos dar uma espiadinha, uma bem rapidinha, mas, eu não ia ceder. Não tem como eu só olhar, no máximo que aconteceria era ela sair correndo chamando a polícia.

Ok, toalha ali, agora é hora de sair.

E quem disse que meu pé quis recuar?

— Tudo certo mesmo?

— Sim, claro.

Quando respondi foi uma reação automática, levantei a cabeça e me deparei com o vidro. As curvas estavam tão evidentes que eu quis me fundir aquele vidro, aliás, eu quis mesmo invadir o box.

Ela é realmente gostosa!

Uma voz no meu subconsciente sussurrou a palavra proibida e foi aí, que meu autocontrole voltou e me movi para fora. Talvez eu tenha parecido um medroso fugindo de uma assombração, ou coisa pior, mas era isso ou mandar tudo para longe e fazer uma merda tremenda.

A garota da CapaOnde histórias criam vida. Descubra agora