Ele observou com tristeza os cavalos se afastarem de Allerdale Hall, um misto de emoções o dominou, fazendo lágrimas silenciosas escorreram pelas bochechas pálidas, enquanto soluços baixos eram presos em sua garganta. Ele estava apavorado, e isso não tinha relação nenhuma com o que havia acontecido horas atrás na mansão, não tinha analogia nenhuma com a morte que foi descoberta ali.
Ele estava chorando porque ela estava indo para longe, para o desconhecido, levada por aqueles estranhos, e a ele restaria a solidão e a saudade de sua companheira, sua irmã e seu coração.
Thomas estava ficando para trás, completamente sozinho, como os pássaros negros que surgiam entre as árvores. E ele não sabia o que seria da sua vida sem ela, haviam prometido nunca se separarem, mas o destino havia feito isso, e agora restava apenas as lembranças dela, sua voz marcante, seus sorrisos e seus toques. Ah, como ele sentiria falta de suas conversas, de seus toques, de seus beijos e da forma como ela o amara horas atrás, depois que tudo aquilo aconteceu.
Era doloroso lembrar do que havia acontecido desde o momento em que a mãe deles os surpreendeu na biblioteca, dos últimos momentos juntos, da histeria e de todos os gritos. Naquele momento Thomas podia jurar que havia visto a mãe correr em sua direção, deixando a deficiência que a impedia de caminhar normalmente de lado. A surpresa foi tanta que quando ele se deu conta estava caído no chão, sentido o inconfundível gosto de ferro na boca, enquanto o sangue de seus lábios feridos se espalhava pelo chão. Ele ouviu um grito, não teve certeza se foi de Lucille, mas ao vê-la tombar no chão, teve certeza que o som veio dela, preocupado ele tentou se arrastar até a irmã, mas uma pancada em sua cabeça o impediu de progredir, ele sentiu o seu corpo ficar completamente mole enquanto sua cabeça despencava mais uma vez no chão duro, a mãe voltou a gritar incessantemente a palavra "monstro" e antes que ele pudesse pensar em qualquer outra coisa, sentiu o peso da bengala de Beatrice acertar a sua cabeça com força e de repente tudo ficou silencioso e escuro.
Thomas não sabia ao certo por quanto tempo ficou inconsciente, mas quando recobrou a consciência se sentiu estranhamente tonto e teve bastante dificuldade para se levantar do chão, se agarrando a alguns moveis do lugar escuro onde estava confinado. A casa estava em silêncio e ele não conseguia reconhecer o cômodo onde estava, aos tropeços ele foi se escorando na parede até alcançar a maçaneta da porta, tentou abri-la sem sucesso, e o medo voltou a invadi-lo quando reparou que estava sozinho e os gritos assustadores da mãe voltaram a atormentá-lo.
Seus últimos pensamentos o fizeram deslizar na parede até alcançar o chão, onde se encolheu contra os seus próprios pés, ansiando que Lucille estivesse bem, e os gritos de sua mente cessassem, mas os gritos e sons estranhos que se perpetuavam pela casa continuaram. Assustado ele soltou um grito agudo, mas nada impedia aqueles sons horríveis e com certo horror ele percebeu que aqueles sons não eram frutos de sua imaginação.
- Lucille... – ele murmurou em prantos quando o desespero o levou a se levantar e esmurrar a porta enquanto gritava pela irmã.
A possibilidade daqueles gritos serem da irmã o deixou nauseado e completamente desesperado o fazendo tentar abrir aquela maldita porta a qualquer custo, mas nada acontecia e o silêncio voltou a reinar na casa.
- Lucille... – ele sussurrou assustado, voltando a se encolher no chão.
O silêncio pairou durante longos minutos até que passos apressados surgiram no corredor e a porta que o aprisionava foi aberta. Thomas sentiu seu coração pulsar com mais intensidade quando reconheceu a irmã surgir em meio a escuridão com seus cabelos negros soltos e bagunçados.
A jovem segurava em uma das mãos um pequeno candelabro e na outra segurava com imponência a maçaneta da porta, Thomas não conseguiu evitar de sorrir com a visão de seu anjo das trevas, mas seu sorriso desapareceu no instante que reparou nas manchas vermelhas estampadas na camisola branca que ela vestia.
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Incondicional (Fanfiction - A Colina Escarlate)
Fanfic- Você tem certeza disso, irmã? - ele ainda parecia meio receoso. Thomas sentia que havia algo de errado no que estavam fazendo, mas ainda não sabia dizer ao certo o que era. Ele nunca sabia. - Sim. - ela respondeu o beijando, se debruçando ainda ma...