No Hospital

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   No dia seguinte acordei muito melhor e a enfermeira que veio me ver pela manhã me contou que Alex estava muito bem e que logo o médico viria falar comigo, perguntei a ela se não conseguiria um carregador de celular pra mim e ela respondeu que não e ressaltou que logo o médico viria me ver me deu as costas e saiu rapidamente, achei aquilo muito estranho.

   Outro atendente veio me servir o café e eu perguntei como estavam as coisas fora, ele só disse que estavam normais e também não quis papo, pensei comigo como este pessoal não gosta de conversar...

   Quando o médico veio me ver me relatou que minha imunidade estava muito baixa mas que os exames ainda não eram conclusivos e que iria solicitar uma nova bateria de exames disse que enquanto não soubesse ao certo o que estava acontecendo comigo e com Alex ficaríamos em quarentena e não poderíamos receber visitas, falei que estava sem o celular e ele mencionou que seria melhor assim pelo menos por enquanto.

   Pensei comigo que minha situação poderia ser pior do que imaginava a principio então pedi a ele que avisasse ao reitor tudo que se passava ele pediu pra que eu escrevesse o que eu queria que ele falasse e que ligaria para Marcos assim que possível, pois eu era o responsável pelo nosso grupo e agora pelo visto precisava de alguém que fosse responsável por mim por incrível que pareça.

   Logo que ele saiu um enfermeiro me acompanhou para mais uma série de exames passei o restante do dia entre um exame e outro e agora já sentia o quarto do hospital como se fosse meu, mas o que mais me preocupava não era poder estar doente de algo grave, não era o meu pessoal que estava sem comunicação comigo o que mais me preocupava era não poder falar com Beatriz, uma pessoa que eu ainda nem conhecia pessoalmente mas que já sentia tanta falta e neste momento compreendi que não precisava alguém conhecer pessoalmente uma pessoa pra sentir saudades, era como se fosse seu personagem favorito de um filme ou um livro que você conhece através de sentidos distintos e que quando o filme ou livro acaba você fica a sentir saudades... Claro que com o que estava acontecendo comigo era diferente e neste momento fiquei na dúvida se era porque estava fragilizado ou já poderia me considerar um homem apaixonado.

   Perguntei pra mim mesmo, como eu poderia me apaixonar assim por alguém que escutei a voz poucas vezes e ainda não conheço pessoalmente e claro não consegui respostas, a razão parecia não querer me ajudar foi aí que eu me convenci que realmente sentimentos são pra ser vividos e não compreendidos...

   Logo a enfermeira veio novamente me trouxe roupas do hospital e toalhas limpas, perguntou se eu precisava de ajuda o que eu dispensei rapidamente pois me sentia bem, então tomei meu banho e me deitei regulei a cama para ficar quase que sentado e liguei a TV não tinha nada interessante passando no momento, mas deixei ela ligada no canal de notícias, que por sinal não falava nada de Campo Grande ou uma possível epidemia o que me deixou mais tranquilo de certa forma, sabia que não poderia receber visitas ou me comunicar para evitar criar pânico e sabia que tinha de me submeter pois fugir não era uma opção, acho que sempre fui sensato, nem sempre na verdade quando pequeno lembro de ao acordar de uma cirurgia no berço de um hospital a enfermeira teve de me pegar no corredor já mas isso já é outra história, agora eu sou um homem feito não tenho porque temer ou fugir.

   Mas a angustia de não poder falar com ninguém era muito grande e acabei dormindo com a TV ligada ainda faltava muito para o jantar ser trazido e quando dei por mim já estava sonhando...

   Sonhava que eu e Beatriz estávamos quase se encontrando e quando chegamos perto um do outro a ponto de nos abraçarmos cada um passou pelo outro como se não se conhecesse, nisso acordei com a atendente entrando com o jantar, agradeci meio bobo do sono e do sonho e jantei como se gostasse da comida, pois não queria que minha imunidade baixasse ainda mais, depois fiquei por um tempo na poltrona de visitas mas logo desisti de ficar ali sentado e ainda com a TV ligada voltei a dormir em busca de um sonho que não conseguiria entender ou voltar a sonhar naquela noite...

   Pela manhã fiquei sabendo de que muitos pacientes com a suspeita do vírus haviam dado entrada no hospital e o médico que estava me acompanhando disse que Marcos viria para acompanhar os alunos no retorno pra casa uma vez que seus exames não tinham sinal de vírus algum e que somente eu e Alex que ainda estávamos sob suspeita teríamos que permanecer no hospital (sem comunicação)...

   A manhã se arrastou a passar depois desta notícia e eu não me preocupava com minha saúde somente com a falta de comunicação, na verdade a falta maior era de Beatriz acho que saber que estava privado do seu contato me deixava ainda mais ansioso...

Um Acaso, Uma Paixão...Um Amor!Onde histórias criam vida. Descubra agora