Já se passavam das sete horas e eu estava pronta há muito tempo...
Ele estava atrasado.
Tinha começado a me arrumar cedo com medo de que não ficasse pronta no horário estipulado e ter que deixar Alfonso esperando até que eu me aprontasse, afinal era melhor eu esperar do que fazê-lo me esperar...
Estava sentada no sofá da sala com Vcki, Dulce e Marcos, fingindo que assistia Friends com eles, quando na verdade, enquanto eles não conseguiam parar de rir com uma cena da Phoebe e do Ross eu não conseguia desgrudar o olhar do relógio que ficava em minha frente. Queria me mostrar indiferente enquanto a essa noite, mas não conseguia evitar sentir aquela maldita ansiedade que estava deixando meu estômago inquieto. Mas tinha que admitir que estava muito nervosa para reencontra-lo... Alfonso mexia comigo de uma maneira tão desconhecida que eu não sabia como lidar com as emoções novas que se apoderavam de mim, e esse jantar estava sendo mais especial do que deveria ser... Eu sabia que aquilo era só uma desculpa para que ele pudesse me levar a um motel depois, mas mesmo assim ainda estava esperançosa de que não fosse só isso...
Me levantei, inquieta, e fui para o lavabo me olhar a ultima vez no espelho e retocar a maquiagem. Na verdade, aquela era a quinta vez que eu ia até lá ver como eu estava então não tinha nada para ser retocado... Fitei minha imagem refletida pela ultima vez me perguntando se ele iria gostar de como eu estava, sim, muito patética.
Como não sabia para onde ele iria me levar, resolvi colocar um vestido que ficava um palmo acima do joelho e bem solto ao corpo, que não mostrava muito e que ficava vulgar, uma das coisas que não gostava de fazer era usar uma roupa que deixasse explicito que eu era uma prostituta, tudo bem que era isso que eu era, mas usar roupas curtas e justas para sair não era comigo, principalmente em uma ocasião como essa...
O vestido era bege bem clarinho e de um ombro só, tinha uns detalhes em preto e na única alça uns paetês brilhosos pretos também e seu acabamento era estilo balonê. Combinei com um sapato de salto alto, preto, e Dulce fez uma trança lateral espinha de peixe em meu cabelo. Não carreguei muito na maquiagem, apenas marquei meu olhar com um traço fino de delineador, investi no rímel e no batom vermelho.
Suspirei... Ele estava demorando...
Sai do banheiro e quando estava prestes a me sentar de volta ao sofá quando o interfone toca fazendo meu coração disparar.
- Aleluia ele chegou! - Marcos reclamou. - Eu estava sentindo a sua ansiedade daqui, Anahí!
- Verdade, parecia que você ia abrir um buraco no chão de tanto que ia para esse banheiro... - Dulce riu.
- Vocês são uns chatos! - Resmunguei. - Tchau! - Revirei os olhos e fui em direção à porta.
- Se divirta amiga, aproveita bastante, ok? - Dul deixou a brincadeira de lado e falou sorrindo meigamente para mim.
- Obrigada D. - Sorri. - Te amo, cuide bem do bebê ein! - Mandei um beijo para ela e sai de casa.
Alfonso me esperava no lado de fora do carro, com as mãos no bolso de sua calça jeans, olhando para o chão. Ao me ouvir chegando ele levanta a cabeça e sorri para mim. Meu coração que já estava acelerado antes ao ver o sorriso perfeito de Alfonso e aqueles lindos olhos oliva, pareceu que ele fosse saltar de meu peito. "Se mostre indiferente, Anahí, indiferente..." Me lembrei.
- Boa noite, Doutor! - Esbocei um sorriso me controlando para não sorrir abertamente.
- Boa noite! - Sorriu de canto vindo até mim e beijando minha bochecha como mais cedo.
Suspirei fundo inalando seu perfume masculino e tentando me controlar para não virar o rosto e beijar seus lábios... Mas quando estava prestes a fazer a me virar e fazer nossas bocas se encontrarem, ele se afastou e foi abrir a porta do carro para que eu entrasse. Suspirei frustrada por isso e passei por ele agradecendo seu cavalheirismo com um aceno de cabeça, me aconcheguei no enorme banco de couro bege de sua Land Rover e ele fechou a porta se dirigindo ao lado do motorista.
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Soho Dolls (Adaptada)
RomanceAnahí Portilla era uma prostituta de vinte e três anos. Alfonso Herrera um médico bem sucedido de trinta e três. Ela perdera os pais aos dezesseis e ele a esposa aos vinte e nove. Ela não tinha ninguém e a única pessoa que ele possuía era sua filha...