Poncho Herrera Narrando
Tudo o que eu havia imaginado que aconteceria, acabara ficando realidade; Anahí estava extremamente magoada comigo e nem se quer queria me ouvir, ela não tinha nem me dado uma chance de me explicar, de dizer o quão arrependido estava ou ao menos implorar por seu perdão, que era o que estava disposto a fazer. Tê-la de volta seria mais difícil do que esperava. Eu sabia que não iria ser fácil, mas também não imaginava que fosse ser tão difícil.
Minhas esperanças de um dia darmos certo havia descido pelo ralo, tudo o que eu havia ansiado para nós dois não passara de uma breve ilusão, um anseio momentâneo... A forma fria que ela me olhara, o sarcasmo em sua voz, ela me mandando embora, tudo isso tinha acabado comigo. E ainda assim eu ainda a queria, talvez até mais intensamente do que antes...
O que mais eu poderia fazer? Ela me mandara embora e eu não podia relutar insistindo que ela aceitasse minha presença ali, estava disposto a dar meu máximo e só sair de lá quando a tivesse em meus braços novamente só que sua resistência acabou me atingindo de uma forma que nunca imaginei que fosse possível, minha determinação de reconquistá-la já nem existia mais e estava a um passo de desistir dela.
Eu fui ao seu encontro, pedi perdão e disse que estava arrependido por ter dito aquilo, só que pareceu ter sido em vão, Anahí estava cega, não via que eu falava a verdade. Se fosse preciso eu voltaria até o bordel e falaria o quanto ela era incrível e que mais do que nunca estava disposto em investir naquele sentimento forte e desconhecido que sentia por ela, mas para isso eu precisava retomar a coragem e estar pronto para ser rejeitado novamente, o que definitivamente não era uma dose que quisesse repetir.
Só que isso não era a única coisa que estava me chateando. Na verdade, a outra "coisa" não era necessariamente algo mas sim alguém. Matt para ser mais exato...
Desde que ele aparecera Anahí estava desse jeito, e eu poderia afirmar com convicção de que ela sentia algo a mais por ele, arriscaria em palpitar que Anahí gostava de verdade dele e não apenas fraternalmente. Era a única explicação lógica para o que estava acontecendo. Matt estava cegando Anahí não deixando que ela me visse, era por ele que ela não queria me perdoar... Porque esse infeliz tinha que aparecer logo agora? Aliás, o que fazia Anahí acreditar que ele não fosse abandoná-la na primeira oportunidade que tivesse?
Já fazia algumas horas desde que chegara do bordel, Emily dormia tranquilamente e eu estava sentado em meu bar improvisado acompanhado de uma garrafa de Bourbon enquanto tentava me convencer de que Anahí não era para mim e dando-me por vencido de que a perdera para Matt, para não ter que admitir que estava desistindo dela.
- Eu a perdi, Carlos... - Disse com um tom de pêsames ao ouvir os passos fortes de meu irmão, tomando o restante de uísque que havia em meu copo.
- Como assim a perdeu? - Meu irmão chegou mais perto e se sentou ao meu lado no balcão.
- A perdendo, oras. Ela nem se quer quis me ouvir e ainda por cima me mandou embora.
- Era obvio que ela iria fazer isso, Poncho. Anahí está magoada contigo e desculpe dizer isso, mas ela seria uma trouxa se te recebesse com abraços e beijos.
- E você vai me dizer isso só agora? Depois de eu ter ido lá e dado minha cara a tapa? - Que tipo de irmão Carlos era? Transou com a mulher que eu gostava e ainda me mandou ir atrás dela, mesmo sabendo que isso iria me magoar...
- E porque você me mandou procura-la, infeliz? - Perguntei rispidamente.
- Porque era o certo a se fazer, Poncho, você tem que lutar por ela, mostra-la que está realmente arrependido. Caía na real, irmãozinho, nenhuma mulher que se preze iria te perdoar só olhando esses seus lindos olhos verdes enquanto você diz que está arrependido, não depois do que você falou para ela. - Sem minha permissão, ele pegou o copo de minhas mãos e completou com a bebida escura da garrafa que já estava na metade. - Poncho, você tem que reconquistá-la, leva-la para jantar, pedir perdão...
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Soho Dolls (Adaptada)
RomanceAnahí Portilla era uma prostituta de vinte e três anos. Alfonso Herrera um médico bem sucedido de trinta e três. Ela perdera os pais aos dezesseis e ele a esposa aos vinte e nove. Ela não tinha ninguém e a única pessoa que ele possuía era sua filha...