Alfonso Herrera Narrando
Depois daquele fatídico sábado, resolvi passar o resto de meu final de semana no hospital, lá pelo menos, não iria ter que ficar aturando uma irmã com lições de moral sobre minha vida amorosa ou uma filha lembrando-me o quanto sou um péssimo pai... Emily não falaria comigo por pelo menos o resto do mês e com toda a certeza, iria passar o seu domingo na casa de alguma amiga para não ter que dirigir uma palavra se quer a mim, então não faria muita diferença eu estar em casa ou não. E ter mais um final de semana sozinha, serviria como castigo por ela ter sido tão mal educada com Anahí.
Era difícil mas tinha que admitir que Emily não era um doce de menina para as outras pessoas como ela era para mim, seus bons modos e boa educação tinham certos limites, principalmente com as mulheres que me relacionava. Esse era seu jeito, não era por falta de educação ou por ela ser mal intencionada, esse era seu temperamento, sua personalidade, a única coisa que eu podia fazer e que estava ao meu alcance era mostrar que aquilo era errado, instruí-la ao certo ou apenas fazê-la se adaptar com o que ela não gosta, afinal, não podemos ter tudo o que gostamos...
E eu e ela éramos uma prova viva disso; ambos amávamos Katherine e infelizmente, não podíamos tê-la.
O que me preocupava e eu não sabia o porquê, era o fato de Anahí e Emily não terem se dado bem. Não faria muita diferença minha filha não ter gostado da mulher que eu estava levando para cama, afinal, eu e Anahí não estávamos namorando ou prestes a nos casar, então Emily não iria ter que obrigar-se a gostar dela já que não iriam convier diariamente. Mas esse meu incomodo não tinha explicações, não conseguia entender porque era tão importante para mim que Emily gostasse de Anahí.
Eu tinha plena consciência de que meus problemas iriam começar a aparecer, Maite iria me fazer chamar Anahí para almoços, jantares e passeios em família, apresenta-la para minha mãe e sem falar nas constantes e intermináveis perguntas que ela iria me fazer... Não estava preparado psicologicamente para isso.
Já na segunda de manha, levantei-me e fui para a cozinha fazer meu desjejum antes de começar a me arrumar e ir trabalhar. Surpreendentemente, a mesa já estava posta e Jenna já estava na cozinha fazendo exalar cheiro de café por toda a casa enquanto Mai e Emily comiam sem me esperar.
- Bom dia! - Falei sorridente. - Bom dia, Alfonso. - Jenna chegou ate nós com a garrafa térmica do café em mãos.
- Chegou cedo, Jenna! - O dever me chama... - Deu de ombros. Jenna era nossa governanta e "baba" de Emily, eu e Katherine havíamos a contratado assim que Emms nascera para que tivéssemos alguém para deixa-la quando quiséssemos fazer alguma coisa a dois ou para ficar com ela quando tivéssemos que trabalhar, tínhamos fechado um contrato que ela ficaria conosco até Emily completar dez anos mas com a morte de Katherine, dispensar Jenna estava fora de cogitação.
Quando contei a Emily que Jenna estava indo embora de nossa casa, ela ficou em estado de choque, adoeceu, ficou sem comer, foi horrível. Emily chorava todos os dias implorando para que Jenna não fosse embora, alegando que não saberia o que fazer sem a baba por perto. Tive que leva-la até a um psicólogo porque aquilo estava saindo do controle, e foi ai que ele alertou-me a não dispensar Jenna, porque para Emily, a baba havia se tornado uma figura materna e perde-la traria problemas psicológicos a minha filha. Por sorte, Jenna também era muito apegada a Emily e como seus filhos moravam longe e seu marido falecera há alguns anos, não pensou duas vezes em voltar para nossa casa.
- Bom dia! - Mai respondeu igualmente sorridente. Encontrar minha irmã tomando café conosco não fora nenhuma surpresa para mim, ultimamente ela não saia mais de minha casa, o que era ótimo, mas as circunstancias pela qual ela se encontrava ali eram péssimas, já imaginava que assim que Emily saísse da mesa, ela iria começar a falar sobre Anahí até ficar sem fôlego.
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Soho Dolls (Adaptada)
RomanceAnahí Portilla era uma prostituta de vinte e três anos. Alfonso Herrera um médico bem sucedido de trinta e três. Ela perdera os pais aos dezesseis e ele a esposa aos vinte e nove. Ela não tinha ninguém e a única pessoa que ele possuía era sua filha...