Já fazia mais de uma hora que estava acordada fitando o teto branco de meu quarto seguindo com o olhar a trilha de mofo que ali se fazia enquanto deixava tudo que havia acontecido nas ultimas trinta horas passar por minha mente... Eu estava sem animo para sair daquele quarto e ter que encarar a árdua realidade que me esperava, tentava entender o que tinha feito de errado para que meu conto de fadas tivesse acabado daquela forma.
O que tinha tudo para dar certo, eu consegui arruinar em apenas alguns minutos, era inquestionável o certo dom que eu tinha de estragar as oportunidades que me apareciam... Era de se esperar que Alfonso estivesse zangado comigo afinal, se eu não tivesse começado a beijá-lo nós não teríamos começado a fazer amor no sofá e Emily e Maite não iria ter nos flagrar. Se eu pudesse pelo menos voltar no tempo eu faria qualquer coisa para ter evitado aquele incidente mas como sabia que era impossível, tentei de alguma forma, sem sucesso, me conformar com aquilo....
Naqueles últimos dias Alfonso me lembrou do real motivo pelo qual me apaixonara por ele, seu cavalheirismo e romantismo fizeram aquele sentimento mostrar-se mais forte em meu peito e eu não estava disposta a simplesmente esquecer isso por um erro meu. Quando se tratava de Alfonso eu não queria cometer um deslize se quer, não queria que ele tivesse motivos para reclamar de mim e ter o "atacado" no sofá não tinha sido uma atitude positiva de minha parte...
Eu queria ser perfeita para ele da mesma forma que ele era para mim. As palavras doces de Alfonso, seus carinhos. Cada toque, cada beijo... Eu até duvidava que o que acontecera fosse real, mas em minhas roupas de cama estavam a evidencia de que tudo realmente acontecera; o cheiro de Alfonso impregnado em meus lençóis fazendo-me reagir devido à combinação perfeita de dopamina e estrogênio que eram liberados pelo meu corpo. Virei-me na cama abraçando aquele tecido enquanto inalava o cheiro delicioso de meu moreno e recordava-me do que havia acontecido ali e ao mesmo tempo remoía a culpa que infelizmente não me deixava.
- Aleluia está acordada! - A voz escandalosa e afeminada de Marcos puxou-me violentamente para a realidade me fazendo virar sobre a cama para dar atenção à plateia que havia entrado em meu quarto.
- Bom dia para você também! - Disse tentando soar o mais amigável possível para que não deixasse transparecer o quão desapontada eu estava.
- Ele vem aqui há horas para tentar te acordar, Anahí... - Rebekah disse revirando os olhos enquanto sentava-se em sua cama perto de mim.
- É claro que eu venho, eu estou curiosíssimo, estava prestes a começar a roer as unhas se você não acordasse logo! Me conte tudo nos mínimos detalhes, Dona Anahí, e não adianta falar que não tem nada para nos contar porque eu vejo nesses dois olhinhos que tem!
Marcos apertou de leve a ponta de meu nariz com o polegar e o indicador fazendo-me sorrir com seu gesto carinhoso. Uma parte de mim alegrou-se ao perceber que nossa amizade ainda continuava intacta e que ele não havia se aborrecido por eu ter mexido com a sua sexualidade daquela forma no dia anterior, provavelmente ele havia passado a noite inteira fazendo festa com seus amigos só para reerguer seu orgulho abalado.
- Eu pensei que você fosse passar o final de semana fora... - Rebekah disse encolhendo os ombros.
- Na verdade eu ia, mas a filha de Alfonso junto com a sua irmã chegaram nos pegando no flagra e então nosso final de semana foi por água a baixo. - Disse suspirando profundamente.
- Como assim "pegando no flagra?" - Rebekah perguntou.
- Quer dizer que as duas pegaram vocês dois mandado a ver? - Marcos perguntou não conseguindo conter seu típico tom de piada e eu apenas concordei revirando os olhos enquanto me sentava abraçando meus joelhos e escondendo meu rosto entre eles.
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Soho Dolls (Adaptada)
RomantizmAnahí Portilla era uma prostituta de vinte e três anos. Alfonso Herrera um médico bem sucedido de trinta e três. Ela perdera os pais aos dezesseis e ele a esposa aos vinte e nove. Ela não tinha ninguém e a única pessoa que ele possuía era sua filha...