Capítulo quatro - Revivendo o passado.

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- Calma moça, deixa o chão pra  gente - uma voz grossa falou enquanto me ajudava a levantar. O encarei assim que fiquei em pé, não me lembro de conhecer. - Prazer, me chamo Lucas.

- Prazer Sophie - disse arrumando meu vestido e encostando no carro.

- Eu sei - encarei ele com a sombrancelha levantada - te vi hoje cedo na fazenda, trabalho para o seu pai. Qual o problema com esse treco no seu pé? - ele falou com deboche encarando meu salto.

- Minhas botas? Nenhum que eu saiba - falo olhando pra elas - acho que o problema é esse chão. - dou de ombros.

- Quem fez esse chão não imaginou que uma princessinha viria andando com isso por ele - ele ri.

- Em qualquer lugar temos que manter o estilo - disse sorrindo jogando meu cabelo para trás.

- Acho que o estilo aqui é um pouco diferente moça - ele disse olhando para o lado aonde vários casais passavam todos no estilo dele e do meu pai.

- Talvez seja por isso que me olham como se eu fosse de outro planeta - faço uma careta e ele ri.

- Gostaria de saber aonde é esse planeta, pois adoraria ir nele - ele fala sorrindo e me fazendo ficar sem graça.

Meu pai logo se aproxima, vejo que Lucas ficou branco quando avistou meu pai. Ele foi se afastando um pouco, já que estava ao meu lado enquanto conversávamos.

- Boa noite Adriano - ele levantou o chapéu pro meu pai e virou pra mim - até mais Sophie.

- Até.. Lucas, né? - sorri e ele assentiu.

Meu pai ficou falando o caminho inteiro até a nossa casa que era pra eu não ficar falando com esses caras que a ultima coisa que eu queria era me apaixonar por um cowboy. Eu e Eva só rimos do ciumes exagerado dele. Até parece que eu ia querer mesmo algo com alguém assim, sou Sophie Mcglover, nada menos que um medico de uma boa família me interessa.  Quando chegamos em casa, ele ficou la embaixo bebendo com Eva. Eu tava fora de mais dor de cabeça com esses Whisky, fui direto pro meu quarto e tomei banho. Coloquei um pijama e fui dormir.

***

Na próxima semana, quase não vi meu pai. Eva disse que ele estava resolvendo algumas coisas do campeonato com seus competidores, algo assim. Fiquei bem próxima da Eva, ela me contou como conheceu meu pai. Eu tinha imaginado que fosse em alguma montaria ou algo assim, na verdade foi no casamento da sua irmã que meu pai foi padrinho. Ela sonhava em se casar, mas meu pai nunca falou disso com ela. Essa noite no jantar, meu pai disse que amanhã se eu quisesse ele ia me ensinar a andar de cavalo, já que quando eu era pequena eu andava tão bem. Fiquei morrendo de medo se deveria ou não aceitar, a ultima vez que cheguei perto de um bicho desse foi a muitos anos e eu nem lembrava se eles mordiam ou algo assim. Mas Eva insistiu que eu aceitasse. Andamos conversado muito durante essa semana e prometi que ia dar uma chance pro meu pai se aproximar de mim. Fui dormi e sonhei que eu estava caindo de vários touros mas Matheus me ajudava. Só em sonho mesmo pata eu chegava perto de ambos.

Acordei era cedo ainda, já que não tinha cortina no quarto e a luz do sol entrava direto no meu rosto. Fiquei enrolando na cama, tentando fazer meu celular pegar ou achar algum wi-fi perdido, qualquer coisa que desse certo e ele funcionasse. Já estava me sentindo fora da civilização. Logo ouvi umas batidas na porta e meu pai entrou.

- Bom dia So - ele disse sorrindo com uma caixa enorme nas mãos.

- O que é isso ? - Falei curiosa sobre a caixa.

- Ah - ele se aproximou da minha cama e se sentou, colocando a caixa na minha frente. - Mandei fazer isso quando descobri que você viria pra cá, mas não tinha ficado pronta a tempo. Depois que vi você se equilibrando naqueles treco, não via a hora de chegar.

- Como assim? - o encarei sem entender.

- Abre filha - ele falou sorrindo, eu abri a caixa e era uma texana branca, toda bordada em rosa na lateral - eu não sei se você ainda lembra, mas essa...

- É igual a que eu usava quando era criança. - completei, olhando para a bota.

- Você se lembra?! - ele parecia surpreso - Sei que não faz o seu estilo, mas queria que você tivesse algo que se lembrasse a mim quando fosse embora. Se você não usar eu entendo... - ele deu um beijo na minha cabeça e foi saindo do quarto.

- Pai - eu chamei, ele se virou. - Obrigada!

Nunca imaginei que eu iria achar algo assim bonito ou que eu ficaria contente em ganhar. Mas essa foi diferente, ela era igualzinha a que eu tinha quando pequena. A que eu não tirava do pé, ou estava com minhas botinhas ou com minhas galochas rosas. Ainda bem que ele não deu uma galocha rosa, ai eu não usaria. Não que eu vá usar essa texana. Eu gostei, não sei o que esta acontecendo comigo. Desde que eu vim pra cá, nunca tinha ficado feliz em ver alguém feliz, eu sempre pensei em mim e ajudar somente a mim. E todo o remorso que eu senti por meu pai nunca ter ido me ver, mudou ao saber que na verdade eu tinha afastado ele com meu jeito. Depois disso, deixei que ele se aproximasse aos poucos. E ele me entregando esse presente, mostrando que se lembrava de mim. Na esperança que talvez eu nunca tivesse deixado de ser aquela Sophie que ele lembrava, eu só tinha esquecido ela aqui quando fui embora. Levantei tomando um banho, fiz minha higiene. Sai do quarto e fiquei pensando o que iria usar. Resolvi então pegar uma calça jeans, uma regata branca e coloquei as botas para ver. Quando olhei no espelho, o que achei impossível, aconteceu. Eu me senti bonita com elas. Balanço minha cabeça, mandando esses pensamentos embora. Não sou eu. Coloco um salto quadrado um pouco baixo, amarro o cabelo e desço.

- Estou pronta - digo entrando na entrada da cozinha encarando meu pai. Percebo que ele olhou para meu pé e pude sentir um desapontamento em seu olhar por eu não estar com as botas, mas fazer o que se essa não sou eu.

8 segundos para o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora