Fly Away

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Terça, 19 de maio de 2015

I wanna take my heart to the end of the world
and fly away, fly away tonight

Luke forçava-se a colocar um belo sorriso falso em seu rosto todos os dias, questionando aos clientes quais seriam seus pedidos, como se ele estivesse realmente interessado naquela merda, como se ele realmente quisesse estar ali, vendendo lanches feios que não se pareciam em nada com as imagens de divulgação.

Faltavam apenas alguns minutos para seu turno finalmente chegar ao fim, mas cada segundo parecia uma tortura. Até mesmo o cheiro das batatas-fritas vinha o incomodando naqueles dias. Ele não havia sequer completado duas semanas de trabalho e não parava de reclamar; finalmente estava lembrando-se o porquê de não trabalhar: ele não fazia nada direito, nem mesmo preparar alguns hambúrgueres. Não era sua culpa que ele fosse um desastrado... As coisas caiam sozinhas, ele podia jurar.

Hemmings realmente arrependia-se por não ter ido para Londres com sua mãe após a separação de seus pais. Caso tivesse o feito, poderia estar ao menos cursando uma boa faculdade. Mas ele havia dito que sabia se virar sozinho, não poderia voltar correndo para baixo das asas de sua mãe, como quase fizera várias vezes.

Bem, talvez ele não se arrependesse totalmente de ter ficado no país. Se tivesse partido, não teria conhecido Michael e esta era uma coisa da qual ele certamente nunca se arrependeria. Mesmo que Clifford tivesse ido para Deus sabe onde, Luke não deixava de procurá-lo, pois sua certeza de que algo estava errado e, principalmente, seu amor por ele, eram maiores que qualquer palavra que ele dissera para mantê-lo afastado.

Tentando afastar seus pensamentos de Michael para que não acabasse se distraindo e derrubando algo no chão, Luke continuou vendendo lanches até que seu turno chegasse ao fim e ele finalmente pudesse pegar seu celular para checar se havia alguma mensagem de... alguém importante. Não que ele estivesse esperando por uma mensagem de Clifford.

Ao ter seu celular em mãos, ele precisou franzir as sobrancelhas por alguns segundos enquanto lia uma mensagem de texto de algum número que ele não conhecia. Estava apenas escrito "ei, desde quando você está em NY e não me contou, Lu?".

Luke pensou durante algum tempo. Por que ele não havia salvado o número de alguém que claramente tinha intimidade com ele? A tal pessoa certamente não mandara a mensagem para ele por engano. Tomado pela curiosidade, ele decidiu ligar.

"Alô?" ele ouviu uma mulher do outro lado, mas continuou em silêncio. "Luke? É a Bryana."

"Bryana?" estranhou. Holly não respondia suas tentativas de contato há dias. "Que merda de número é esse? Por que você tem me ignorado?!"

"Desculpa. Não pude te responder quando estava em Los Angeles e meu celular foi roubado assim que pisei em New York. Ashton insistiu que isso foi um sinal de uma entidade maior que todos nós para que aproveitássemos ao máximo a cidade. Ele me fez fazer yoga, sério. Consegui comprar um celular depois de dez visitas ao museu, mas isso foi meio que ontem."

Luke riu, relaxando. Aquilo era certamente algo que Ashton faria.

"Isso é realmente algo que Ashton faria. Como vocês estão?"

"Bem. Tirei várias fotos e acho que minha carreira está dando certo aqui."

"Oh, isso é ótimo!" ele sorriu, mesmo que ela não pudesse ver.

Enquanto ouvia sua melhor amiga contar-lhe as novidades, Luke saía de seu local de trabalho e sentia o vento da noite atingir-lhe no rosto, fazendo também seus braços se arrepiarem. Ele se amaldiçoou por não levar um casaco.

sounds good feels good • mukeOnde histórias criam vida. Descubra agora