Permanent Vacation

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Sábado, 9 de maio de 2015

Situation, no motivation
Destination, permanent vacation

A coisa que mais se escuta sobre a solidão, é sobre como ela vem em duas formas; na forma física e na forma emocional. Estar sozinho fisicamente é confortante em algumas ocasiões, é, de certa forma, bom. Porém, estar sozinho emocionalmente é uma coisa ruim, levando algumas pessoas ao enlouquecimento.

Michael sentia-se sozinho.

Ele estava em um palco, cantando alguma música melancólica, mais uma de suas composições. Vários pares de olhos brilhavam de encontro ao seu rosto, vários braços erguidos ao céu no ritmo da música. Todas as pessoas ali haviam vindo apenas para vê-lo cantar, centenas delas o amavam, todos podiam sentir a dor de Michael quando as palavras melodiosas saíam de sua boca em um tom rouco, mas ninguém realmente se importava. Eles tinham suas próprias dores para com que se preocupar.

E mesmo assim ele se sentia interiormente sozinho.

Então ele o viu.

O garoto de cabelos escuros continuou cantando as últimas estrofes, continuou movendo seus dedos pelas cordas da guitarra, continuou agindo como se não se importasse com a presença do rapaz que quebrara seu coração.

Luke sempre chegava à última música, algo que irritava profundamente o mais velho. Se fosse antes, os dois chegariam juntos, o loiro apoiaria Michael e lhe daria total segurança para cantar e só então se juntaria com os outros fãs dele.

Mas nada mais era como antes.

Quando Luke percebera que o namorado não precisava mais de seu apoio e de sua segurança, ele parou de chegar na hora. Cada dia seu atraso aumentava, causando a Michael o medo de que algum dia ele não se daria o trabalho de aparecer.

E agora eles nem se quer namoravam.

O atual moreno encerrou o show, com a habitual promessa de voltar no dia seguinte e também na próxima semana –isto se estivesse vivo até lá –, arrancando gritos de todos os presentes.

Exceto de Luke.

Ele queria que o ex voltasse para si e não para a casa de shows.

Um desejo que Michael também compartilhava.

Mas os dois eram orgulhosos demais para admitir tal coisa.

***

Luke não era burro. Ele sabia que sua beleza, combinada ao tom de voz certo e uma mordida na pequena argola em seu lábio inferior eram capazes de, literalmente, abrir portas.

Ao trocar apenas algumas palavras com Josh, chefe e amigo de Michael, este lhe dissera exatamente as coordenadas do bar para onde o garoto havia ido após o show – e depois da tal mordida no piercing, ele também havia conseguido uma carona até o local.

"Obrigado, Joshua" sorriu fraco. "Agora preciso ter meu namorado de volta".

Ou terminar de foder tudo, ele pensou e, cá entre nós, esta opção é a mais provável, não?

Luke correu seus olhos azuis por todo o lugar, a procura dos tão esperados olhos verdes do amado. O bar era iluminado com luzes coloridas, estas que quase ofuscavam orbes alheias; o som que invadia os ouvidos de todos era uma música pop do momento, que o loiro deduziu ser alguma da Ariana Grande. Ele pôde observar uma pequena quantidade de pessoas bêbadas espalhadas pelo estabelecimento, o que já era de se esperar devido à hora.

sounds good feels good • mukeOnde histórias criam vida. Descubra agora