Tudo por causa de um pão de queijo

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Primeiramente, gostaria de falar sobre probabilidades.

Você sabia que a probabilidade de se pegar um Ás num baralho é de 7,6923%? (de acordo com os meus próprios cálculos). Ou então que a probabilidade de ser assaltado no Rio de Janeiro é bem, bem grande? (Isso eu digo por experiência própria)

Pois bem, sobre probabilidades eu entendo.

Mas qual é a probabilidade de se encontrar um ídolo seu no aeroporto enquanto você saboreia um pão de queijo? Eu não sei. Provavelmente chutaria 50% porque é sim ou não, ou você encontra ou não encontra.

Claro que para matemáticos ou para pessoas que tenham o mínimo conhecimento sobre matemática probabilística, isso é uma grande ofensa. Há coisas muito mais complexas envolvidas no "sim" ou "não", como hora, lugar, pessoa, engarrafamentos ou sorte mesmo.

Mas para dizer a verdade, eu nunca fui muito sortuda na vida. E quando aquele dia aconteceu, eu quase não acreditei. Era simplesmente muito probabilisticamente improvável para acontecer...

Eu acabara de comprar um pão de queijo, daqueles grandes que somente um "supostamente" sacia. Eu estava com bastante fome, então pedira uma coxinha também. Já estava há três horas plantada no aeroporto. E aquele pão de queijo e aquela coxinha eram a minha janta.
Meu vôo estava marcado para 19:30, então eu tinha chegado uma hora e meia adiantada, mas já eram 21 horas, e nada. Resultado: três horas com o bumbum sentado na cadeira dura do aeroporto Santos Dumont. Havia ido ao balcão de informações umas sete vezes e todos diziam que havia tido um problema e que isso tinha atrasado todos os vôos da noite. Eles não sabiam que horas meu avião chegaria.

Ótimo, pensara, passar meu último dia de férias no aeroporto esperando por um avião que sabe-se-lá onde está e quando irá chegar.

Neste momento, eu simplesmente havia chegado à conclusão de que eu não era sortuda. NEM UM POUQUINHO SORTUDA. AAAHH!!

Minhas férias foram não surpreendentes e nada badaladas. Havia acabado de terminar meu louco primeiro semestre de Engenharia na Poli (engenharia da USP) e queria muito descansar e me desviciar da cafeína, que fora minha melhor amiga nesses meses. Eu só havia estudado e estava exausta. Não curti nada: festas, amigos e protestos (que foram bastantes) durante minha "fantástica vida de caloura". Então eu tinha resolvido que queria passar minhas férias de meio de ano com os meus avós e o meu irmão na cidade maravilhosa. Bom... esperava passar um tempinho com os meus antigos amigos do Rio de Janeiro também, mas com a chegada das Olimpíadas e "tudo o mais", eles ainda não tinham ficado de férias e não podiam matar aula no cursinho, na faculdade ou onde quer que eles estivessem. Portanto, havia passado minhas férias inteiras vendo Stranger Things no Netflix com um balde de pipoca e kuat do lado e estudando os assuntos das matérias atrasadas, como sempre. Pra não dizer que minhas férias inteiras foram só isso, teve um dia que peguei um cineminha com meu irmão e com os amigos dele da EN (Escola Naval). Bom, meu irmão é da EN também, então não consegui entender nada do linguajar de marinha deles. Quando eu digo "nada", é nada mesmo. Fala sério, que serumaninho normal fala "pegar faina", "de agarra" e "arvorar"?

Mas voltando à parte do pão de queijo... Eu estava feliz o saboreando na cadeira dura do aeroporto quando um garoto com cabelos escuros e lisos, pele morena clara, um óculos escuros e todo no estilo sentou à cadeira ao meu lado e perguntou:

- O que estás a comer?

Sobre essa simples pergunta eu tirei três considerações:

Primeira: aquele lá não era brasileiro por causa do sotaque e do fato de não saber o que é um pão de queijo.

Probabilisticamente ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora