Canta, Romeo!

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Nesse momento, eu já não me importava com mais nada.

Quer dizer, eu tentava não me importar. Mas, pra falar a verdade, eu me importava com tudo. Até com o fato de Romeo estar gastando muito dinheiro com táxis. É um absurdo o preço da corrida de táxi no Rio! Quase chamei o Uber mesmo...

Depois que ele pagou pela segunda vez do dia um taxista, paramos em frente a uma casa de festas que parecia ocupar a rua inteira. Quando eu vi os seguranças deixando passar somente as pessoas com o convite, eu duvidei muito no tal "truque" de Romeo.

- Esqueci de avisar, mas essa menina é filha de um importante deputado, que eu tenho fortes conclusões que participa da Lava-jato. Que dinheiro ele usou pra fazer essa festança? Enfim, então é provável que a segurança seja muito mais rigorosa.

Ele pareceu hesitar por um momento.

- Então, Romeo Mateo, espero muito que você tenha um truque de mestre.

Então ele foi falar com um segurança. Mostrou algo em seu celular, falou, falou, apontou pra mim, o segurança me olhou com cara feia, mas enfim, com muita sorte, conseguimos autorização para entrar na festa. Eu quase não acreditei. Quase.

A festa tinha como tema contos de fadas e era um baile de máscaras. Bom, provavelmente eu teria reconhecido algumas pessoas, mas todo mundo usava máscaras, como se já não usassem máscaras o tempo todo... Claro que eu não gostaria de ser reconhecida, muito menos Romeo, então pegamos duas máscaras de cima de uma mesa e começamos a rondar pela festa.

- Com certeza não vamos encontrar o Jason assim. - comentei. - Todo mundo tá de máscara.

- No custa tentar. Procura por aí que eu vou fazer uma coisinha.

Espantei-me.

- Calma aí. Não me deixe sozinha no meio desses...

Mas Romeo já tinha se enfurnado no meio das pessoas.

Ótimo, pensei.

Percorri o salão como uma barata tonta, sentindo-me estranha com aquelas simples roupas no meio de tanta gente elegante. A cada "licença" que eu dizia, mais pessoas me encavam e riam. Procurei Jason por todos os lados, mas as únicas pessoas que eu achei foram alguns conhecidos, devido à voz que escutava ou a marcas como tatuagens e sinais de nascença. Foi então que eu me lembrei que Jason tinha um sinal de nascença no pescoço. E se eu procurasse por esse sinal, seria mais fácil encontrá-lo. Logo, comecei a procurar por algum garoto com um sinal no pescoço.

Caso você passe por uma situação como a que eu passei, no futuro, aviso que não é tão simples. Nada é tão simples nessa vida, meu querido ou minha querida.

- Licença. - disse para um grupinho de meninas que acredito que já estudaram comigo no ensino médio e segui em direção a um garoto com um sinal muito parecido com o do Jason.

O garoto estava de costas, e à medida que eu chegava mais perto, mais eu sentia que era ele, o meu ex-namorado. Isso não foi nada bom porque aquelas borboletas ridículas começaram a dançar no meu estômago. Então percebi que definitivamente não tinha superado o rompimento. E precisava resolver isso de alguma forma e logo.

Quando meus dedos estavam prestes a tocar no ombro dele, escutei uma voz super estridente, gritando:

- Romeo Mateo!

Droga, pensei. Mil vezes droga.

Virei-me em direção à voz e vi um Romeo Mateo com uma cara super assustada, sem a máscara, e a modelo de Botafogo com a máscara dele nas mãos dando um ataque de histeria.

Probabilisticamente ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora