A Susana sensata diria: "Não. O Rio de Janeiro é muito perigoso, principalmente de noite."
A Susana sensata diria: "Não. Não irei sair com um garoto espanhol que acabei de conhecer, mesmo que ele seja meu ídolo."
A Susana sensata diria: "Não. O que minha avó iria pensar de mim?"
Mas uma coisa é certa: a Susana sensata não iria ter esta história para contar.
E o que a Susana nada sensata disse naquele dia?
- Tá.
- Sério? - Romeo perguntou surpreso. - Pensei que seria mais difícil te convencer.
Dei de ombros.
- Seria. Mas as minhas férias foram extremamente pacatas. Então vamos logo antes que eu me arrependa. Mas onde vamos deixar nossas bagagens?
Ele olhou ao redor e disse:
- Já volto.
Romeo Mateo correu em direção a um cara de terno marrom, disse algo a ele, o que não deixou o cara nada feliz, e voltou sorrindo.
- Cierto. Agora podemos ir.
Não precisei de muito tempo para entender que aquele cara deveria ser o agente ou alguém que toma conta dos compromissos de Romeo, então não me preocupei ao deixar minhas malas lá e sair do aeroporto com Romeo Mateo ao meu lado. Quando paramos perto da fila de taxistas, olhei para ele e arqueei as sobrancelhas como se perguntasse "e agora?". Ele entendeu.
Romeo acenou para um taxista, que abriu as portas da zafira prata dele para nós e perguntou:
- Qual é o destino?
Romeo olhou para mim alegremente, sorriu e disse:
- Para a praia mais próxima, por favor.
O taxista estranhou, mas não disse nada. Provavelmente ele já havia levado em seu carro piores do que nós, loucos adolescentes.
- O que você tá pensando em fazer indo à praia uma hora dessas? - perguntei quase descontrolada, enquanto entrávamos no carro.
- Quiero conhecer o Rio, essa cidade maravilhosa. - ele disse tranquilamente olhando a cidade pela janela. - Você não tem ideia da sorte que tem em morar aqui. - ele disse sonhadoramente.
- Na verdade eu não moro mais aqui. - disse franzindo o rosto.
- Você entendeu o que quis dizer. Você pode vir aqui a hora que quiser.
- Na verdade... - comecei a dizer planejando falar "eu não posso vir aqui a hora que eu quiser porque estudo em outro estado", mas ele interrompeu.
- Chica nerd... - ele disse sorrindo. - Você é do tipo que sempre arruma desculpas para aproveitar a vida, pelo que percebo.
Minha primeira reação foi tomar um susto pelo fato de o meu ídolo estar falando dessa forma comigo, uma vez que ele tinha acabado de me conhecer, minha segunda reação foi refletir se suas palavras faziam sentido e a minha terceira reação foi entender que sim, faziam todo o sentido.
- Tá. - disse cruzando os braços ao meu redor. - Tanto faz. Vamos para a praia mais próxima.
No final, o taxista parou na praia de Copacabana. Eu não sabia de fato se essa era a praia mais próxima, mas acho que o taxista pensou que éramos estrangeiros por causa do sotaque de Romeo (o que era parcialmente verdade) e nos deixou em uma praia que estrangeiros gostam de visitar. A famosa praia de Copacabana. Romeo pagou o cara e seguiu pela areia, tirando o tênis e dobrando as calças. Minha mente ficou em um turbilhão pensando o quão boba eu sou, mas enfim o segui.
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Probabilisticamente Improvável
Historia CortaQual é a probabilidade de encontrar uma pessoa famosa? Se você for como Susana, uma garota nerd que cursa Engenharia na USP, a probabilidade seria muito, muito pequena. Mas qual é a probabilidade de encontrar uma pessoa famosa e ela falar com você e...