IV.

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― Quando você ia me contar?

Jane congelou no caule que subia e apertou o sipó na mão buscando firmeza para virar-se. quando o fez seu coração se quebrou ao fitar o olhar decepcionado de Kechark e Kala.

― Contar o quê?

― Não se faça de cínica! ― Gruniu o gorila, furioso.

― Kechark, tenha calma. ― advertiu Kala ― Vamos conversar apenas, sim?

Ela suspirou.

― Quando descobriram? ― Perguntou a mulher, se sentindo minúscula na frente de seus pais.

― Você estava diferente nos últimos meses, sumindo para sabe lá onde e Kechark a seguiu hoje... Por que você não nos contou, filha?

Jane abaixou a cabeça. Adiara tanto aquela conversa e agora lá estava ela fazendo do jeito totalmente errado.

― Conheci-os há meses atrás. ― Murmurou ― Tarzan está me ensinando a língua deles e...

― E não teve a audácia de nos contar! ― Gritou Kerchak ― Quando nos ia dizer? Quando fosse embora?

Engoliu o seco ao ver que todo o grupo de primatas os fitavam em silêncio.

― Eu ia contar, mas...

― "Mas" o quê?

― Kerchak... ― advertiu Kala.

Ela se aproximou de seus pais cautelosamente daquele jeito que lhe ensinaram a andar: como um gorila.

― Eles não vão me tirar daqui e não acho que eles vão embora. Queria os apresentar para vocês, mas não sabia como reagiriam.

Kala olhou para o horizonte, perdida em pensamentos.

― Faz tanto tempo... Pensei que nunca veria espécies iguais a você. Pensei que nunca teria que partir. ― lamentou a primata, os olhos cheios de lágrimas.

― Mas eu não vou embora! ― Ralhara ela. ― Sei que disse que eu só poderia ficar até encontrar outros como eu, mas eu também faço parte dessa família.

Um silêncio fúnebre pairou pelas árvores. Machos, fêmeas, adultos e filhotes encaravam a cena sem se meter.

― Ela matou Sabor para nos defender, deveriam a dar algum crédito. ― a voz de Terk ressoou pelos ares dando suporte a mulher.

Murmúrios de concordânciacia se espalharam pelas folhas como pólen e logo um barulho infernal de gorilas discutindo sobre o futuro de Jane. A maioria concordava em que ela ficasse enquanto outros estavam temerosos com a segurança do grupo. Se Jane matara Sabor, quem poderia os garantir que os outros como ela não eram fortes o suficiente para assassina-los?

― Basta! ― gritara Kerchak fazendo todos se calarem ao mesmo tempo. ― Você fica até eu conhecê-los.

O estômago de Jane se revirou em ansiedade.

― Obrigada, Kerchak! O senhor não vai se arrepender.

Ele deu uma bufada descrente.

― Espero que sim, Jane. Espero que sim.

...

― O que está escrevendo?

O susto que John tivera ao ouvir a voz de Jane o fez dá um salto e a olhar com os olhos esbugalhados. A mulher deu uma risada baixa, pois isso sempre acontecia. Tarzan se perdia em seus devaneios e era trazido de volta com uma carga de espanto a mais.

― Nada, só algumas anotações sobre seu progresso. ― Respondeu deixando o lápis de lado.

― Clayton e Professor Porter estar aqui? ― Perguntou olhando para os lados à procura dos dois.

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