- Emily? Foste tu que chegaste? – Perguntou o meu pai assim que ouviu a porta a fechar-se. Ele estava na cozinha.
- Fui pai. Desculpa o atraso. O Harry teve que tratar de uns assuntos antes. – Disse esquivando-me para pegar num copo e enche-lo com água. – Então, está tudo bem?
- Hum? Desculpa, não prestei atenção.
- Eu perguntei se está tudo bem? É que estás um bocado estranho. – Bebi a água e continuei. – Se foi por aquilo que disse antes, eu já pedi desculpa. Foi mesmo sem intenção. Eu estava nervosa e as palavras saíram-me disparadas.
- Não meu amor. Não é por isso. São umas coisas com a Universidade.
- E está tudo bem? – Perguntei, depois de colocar o copo no lavatório. – Alguma coisa grave?
- Emily, já está tarde, amanhã tens que acordar cedo. Não é nada que eu não consiga resolver.
Eu fiquei espantada com a resposta. Pisquei várias vezes e subi para o meu quarto ainda atónita com as palavras ásperas do meu pai.
Acordei e já era sexta-feira. Uma sexta-feira cinzenta e chuvosa, como era de habitual em Londres. Pela primeira vez desde há muito tempo, senti-me segura em estar no meu próprio quarto e não amedrontada com quem possa entrar nele. O intruso tinha desaparecido por completo da minha vida. Eu vi-o morrer. Eu ouvi as suas últimas palavras, o seu último suspiro. Mas por outro lado, ainda estava um pouco apreensiva acerca da minha verdadeira vida. Afinal, os meus pais, que sempre me deram carinho, atenção, amor, não eram os meus pais. Afinal tive uma vida sem ser em Londres. Afinal tinha outra família, outros tios, outros avós, outros primos, outros amigos, outros vizinhos...
Uma mensagem de texto do Harry fez com que os meus pensamentos se desvanecessem num ápice. #Bom dia linda. Espero que já estejas acordada, se não, levanta-te, rápido. Daqui a 20 minutos estou em tua casa para te buscar. Beijos!#
Tal como Harry escrevera, 20 minutos depois, o seu SUV suou na estrada em frente à porta, tocando assim, na buzina.
- Mãe, pai, eu vou com o Harry para a escola. Acho que não vou almoçar na escola. Até logo. – Expliquei sorrindo para ambos, que ainda estavam a tomar o pequeno-almoço.
- Vai com cuidado, querida. Vemo-nos mais logo. Avisa quando chegares a casa. – Gritou a minha mãe assim que sai da cozinha.
- Bom dia. – Harry disse beijando-me demoradamente.
- Bom dia, Harry. – Respondi depois de um grande suspiro.
- Emily? Está tudo bem? – Harry pegou na minha mão, obrigando-me assim a olhá-lo nos olhos.
- Hum, não sei. – Expirei novamente e encolhi-me no meu lugar. – Está tudo tão diferente.
- Diferente como?
- Apenas diferente, acho eu. O meu pai está extremamente estranho. Bem a minha mãe, continua na mesma, mas a maneira como o meu pai me respondeu ontem quando cheguei a casa deixou-me pensativa.
- O que é que aconteceu?
- Eu nem sei bem, nem eu percebi muito bem. Eu acho que alguma coisa está mal no meio desta história. – O toque do meu telemóvel interrompeu a fala do Harry. – Numero desconhecido? Estou?
- "Emily, querida, já chegaste à escola?"
- Mãe? – Definitivamente, estranheza, devia estar escrita na porra da minha cara.
- "Sim. Está tudo bem? A tua voz está estranha."
- Como é que não apareceu o teu nome no ecrã?
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Because Of You |H:S|
Teen FictionEsta não é uma história romântica. Esta é a realidade. Está é a história, o passado de uma rapariga que mais tarde veio a tornar-se uma mulher. Esta é a história de uma rapariga que ultrapassou o impossível. Esta é a história do lado mau das pessoas...